Page 13 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1981
P. 13
Para facilitar as comunicações, foi cria mas ainda hoje, dos 16 milhões de ín
da uma rede eficiente de estradas — ca dios dç> Peru, dois milhões não falam
minhos da Serra e da Costa — e mon espanhol e estão com a tradição e a cul
tado um sistema de postas, percorridas tura enfraquecidas.
por mensageiros a pé que, revezando- que o nível das palestras mostrou o
se, faziam a distância Cuzco—Quito, de Terminadas as conferências, o arqui acerto da decisão de realizar, paralela
4.000km, em 10 dias.. Esta rede foi ab teto Hernán Crespo cumprimentou a mente ao Painel Internacional, um Se
sorvida e melhorada pelos incas, que Telebrasil pela oportunidade oferecida minário Antropológico, pois "a análise
estabeleceram seu império um milênio aos participantes de demonstrar como das soluções encontradas no passado
mais tarde, pouco antes da chegada dos é possível o convívio proveitoso entre por outras sociedades, seja a estrada, o
espanhóis. Os conquistadores, que técnica e cultura, resultando numa me cavalo ou o estafeta, mostra que são
brando a comunicação, tornaram, já lhor comunicação entre os povos. O vi apenas meio e o que importa é a mensa
em 1700, a castelhanização na costa um ce-presidente da Telebrasil, Euclides gem transmitida. As comunicações têm
fato. Apenas há duas ou três décadas Quandt, agradeceu o comparecimento que estar a serviço do homem e do
foi possível o mesmo na região andina, de expositores e público, ressaltando bem-estar das sociedades. w
E x p o s i ç ã o d e M e i o s P r i m i t i v o s
d e C o m u n i c a ç ã o
A história do homem pode ser con como noturna e lanternas utilizadas pelos
painéis de sinalização visual, tanto diurna
tada pelos seus instrumentos, o ob
jeto que permanece depois que ele,
homem, já desapareceu há muito tempo — a navios também compuseram a I xposiçáo,
realizada numa área especial do espaço des
prova concreta do que aquela civilização rea tinado a l eira de Equipamentos.
lizou, que espaços geográficos ocupou e de
que recursos dispôs. A Exposição de Meios Os objetos que integraram a Exposição foram
Primitivos de Comunicação foi uma tenta cedidos pelos museus: Nacional do Rio de
tiva de contar um pouco da história da co Janeiro; Arqueológico do Banco Central do
municação humana através dos instrumen Equador; Nacional de Antropologia e Arqueo
tos utilizados por diversos países e culturas logia do Peru, do índio do Rio de Janeiro; An
das Américas. tropológico do Rio Grande do Sul; do Homem
Sambaqui de Santa Catarina; e pelo Serviço de
No primeiro milênio a C., na Colômbia, Documentação da Marinha. A organização
ocarinas ou conchas em forma de caracol coube à equipe dirigida pela Professora Maria
eram utilizadas para ampliar a voz humana Heloisa Fénelon Costa, do setor de Antropolo
e relatar fatos importantes aos diversos gru gia do Museu Nadonal do Rio de Janeiro.
pamentos da área. No Peru, as cerâmicas
moche, do primeiro milênio d.C., reprodu
ziam cenas de barcos e lhamas, os meios de
transporte utilizados por este grupo e, prin
cipalmente, a figura do chasqui, o correio
dos incas, correndo pelos caminhos que in
terligavam o império. A Quipa do Equador,
i
até hoje presente nos Andes, era uma espé
cie de trombeta, feita com um corte na extre
midade superior de um caracol.
O Brasil mostrou diversos objetos indíge
nas, como apitos variados feitos de fêmur de
ave, de osso de mutum, de chifres; trombetas
de guerra, feitas de cabaça e de chifre de
vaca; uma máscara usada para transmitir
mensagens através de gestos; e o trocano,
um sinalizador e transmissor de mensagens
que podia ser ouvido a 22km e que existiu
desde a hiléia amazônica até o planalto me
xicano. Já numa época mais recente, exibiu
a capa Kenner, usada pelos caixeiros viajan
tes que no período colonial percorriam o Rio Acima, trombeta de guerra dos índios Junina (rio Tapajós); cerâmicas das culturas pré-hispânicas da re
Grande do Sul dando, e recebendo notícias; gião andina (Peru).
T elebrasil, N ovem bro/D ezem bro 81 13