Page 49 - Telebrasil - Março/Abril 1980
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A Revista TELK.BR ASIL vem acompanhando atenta e republicando para os seus leitores arti espaço para outras áreas (pois a produção é des
gos tratando de assunto das comunicações por cabo. A matéria é, sem dúvida, de grande centralizada).
importância para o setor, como se deduz de um artigo de António Carlos e Vera Caldas no
Jornal do C o n tm ercio , de 13.01.80. As implicações mercadológicas e sociais da introdução Paralelamente, adequada aos novos tempos da
das comunicações por cabo, principalmente se associadas aos terminais de satélite de peque Comunicação, isto é, aos novos relacionamen
nas dimensões, são de tal magnitude que os planejadores, gerentes e estudiosos do setor só tos do público com os veículos de comunicação
derao beneficiar-se com a divulgação deste e de outros depoimentos similares. (videocassete, vídeo-disco, telejogos...), a
TV a Cabo desenvolve um caminho próprio de
A origem da Cabodifusão se deve aos EUA pela emissões hertzianas de televisão, sendo o seu opções. Ela pode se posicionar diretamente
necessidade de distribuição do sinal em áreas custo igualmentc mais caro. Estes cabos podem para segmentos específicos da população (colô
de pobre recepção, com a finalidade de elimi correr juntos ao sistema telefônico da cidade. nias, grupos profissionais...). Pode também, já
nar fantasmas, sombras na imagem e sinal fraco que tecnicamente está habilitada, fornecer, se
provocados pela reflexão dos sinais nos gran Em maténa publicada na imprensa, o Ministro acoplada a um sistema de computação, uma
des edifícios, morros e outros obstáculos c ain das Comunicações Haroldo Corrêa de Mattos série enorme de serviços públicos como: situa
da levar imagens de TV a áreas rurais remotas. diz que os cabos para o sistema serão adquiri ção do trânsito; previsão do tempo; reserva de
Postcnormentc, ficou aparente outra vantagem dos de empresas estrangeiras uma vez que "não passagens ou de ingressos; informações gerais;
daTVCa: permitir a distribuição, a baixo custo, há no mundo mais que meia dúzia de fabrican etc; ou então adaptar este sistema também para
de programas em pequenas cidades, dispensan tes desse equipamento” e lembrando que “ até públicos específicos, dando, por exemplo,
do a utilização de equipamentos de transmis hoje nenhum empresário brasileiro se interes cotação da Bolsa. Outra função imediatamente
são, colocando também uma maior quantidade sou cm fabricá-los” . Informações publicadas possível de se utilizar é junto à área de educa
de canais c programas à disposição do usuário, na revista Exam e dão conta que “ desde julho de ção, seja como forma de ensino audiovisual
sem a necessidade de antenas especiais. Surgiu 76 está operando em São Paulo a fábnea KMP- (medicina, arquitetura, etc.) ou imediatamente
inicialmcnte nos Estados Unidos, cm 1948, na Pirclli” (associação da Kabclmctal da Alema como "laboratório” de universidades ligadas â
região montanhosa do Estado da Pcnsilvánia, nha Ocidental com a empresa italiana que fabri comunicação, psicologia, sociologia, etc.
expandindo-se mais tarde por todo o país. ca cabos especiais, inclusive para a TV a Ca
bo). Ainda assim, segundo declaração do Além do mais. a TV a Cabo. pelo menos nos
Esquematicamente, o sistema funciona assim: Ministro, “ a indústria nacional está equipada EUA. tem uma grande inovação que são os
o sistema local recebe os sinais das emissoras para fabricar 80% dos equipamentos necessá “ canais de acesso público” , canais onde qual
convencionais pelo ar, retransmitindo por cabo rios” c só haveria necessidade de instalação quer pessoa, através do pagamento de uma cota
para as residências. O sistema local tem capaci dos cabos. acessível, pode apresentar sua própria pro
dade suficiente de canais para inserir programa dução.
ções e serviços próprios, podendo significar Na opinião de Leôncio de Morais Jr., da Ico-
uma miniestaçáo alternativa ou complementar tron, subsidiária do Grupo Siemens, “ o maior Este acesso produziu nos EUA a expansão de
de uma dada cidade. problema para a implantação desse sistema no um fenômeno conhecido antes apenas para o
Brasil estaria exatamente nos recursos para ins cinema supcr-8 e documentário: a formação de
Hoje, a transmissão da TV Ca se processa de talação. Apesar de toda a tecnologia estar centenas de núcleos e cooperativas de produção
três diferentes modos: cativa, de assinatura c desenvolvida, o aspecto físico podena segurar de vídeo-tapes para a televisão nas principais
interativa. Na cativa o usuário, que paga uma o programa por até cinco anos". cidades americanas Os T V -fricks com suas
taxa, pode receber normalmcnte 12 canais du aplicações e salas de exibições próprias estão
rante o período de transmissão, número este O custo de implantação de um sistema de TVCa produzindo conteúdos televisivos que as gera
que pode ser ampliado com a ajuda de amplifi é bastante elevado. A instalação para 2 mil assi ções futuras talvez vejam nos horários conven
cadores c conversores especiais para até 60 nantes é calculada na base de cerca de 120 cionais das emissoras convencionais.
canais. No segundo caso, ele solicita os progra milhões de cruzeiros ou 60 mil por assinante. O
mas que quer assistir cm determinado horáno usuário pagará, além da assinatura inicial, uma A Televisão a Cabo entra na década de 80 insi
pagando uma taxa específica por programa. taxa fixa mensal que ficará ao redor de seiscen nuando caminhos de comunicação quase ini
Um avanço recente que já está implantado nos tos cruzeiros, tomando por base os sistemas magináveis até há pouco. Vale reproduzir um
EUA e Japão é a transmissão interativa onde a americanos, onde a estrutura já está implantada trecho de um artigo do jornalista Daniel Herz,
comunicação é feita nos dois sentidos podendo há muitos anos. de 14 de outubro de 79, no J o rn a l de B rasília:
o assinante comumcar-se com a emissora pelo
mesmo cabo. Por suas características intrínsecas, a TV a “ A 3.* geração da Televisão por Cabos come
Cabo permite uma amplitude de opções não çou a surgir na década de 70, devendo alterar
Esta comunicação de mão dupla feita por cabo, concebida pelo sistema convencional. completamentc os conceitos de telecomunica
através da TV, abriu uma gama imensa de usos ções para a década de 80. com serviços ainda
que vão desde a pesquisa de opiniões até servi Ela se apropna deste sistema, rctransmitindo-o mais sofisticados Televisão por Cabos em
ços de reservas de restaurantes, compras de c explorando ainda mais algumas de suas po duas vias (bidirecional ou tw o -w a y) que permi
supermercados, alarmes de polícia c bombeiro. tencialidades. Plantada sobre um esquema des te uma comunicação nos sentidos estúdio-
centralizado de produção c que tende à especia usuário e usuário-estúdio, de modo a transfor
Tecnicamente a TVCa consiste numa transmis lização, ele tem melhores condições de tratar de mar o receptor num interlocutor do centro gera
são ponta a ponta, podendo o assinante usar seu determinados eventos especiais. É o caso dos dor do programa, é uma das possibilidades de
aparelho convencional de televisão para rece entretenimentos onde a TV a Cabo pode hoje serviço a ser oferecido.
ber a imagem. Esta transmissão é feita por um levar ao ar show s especiais, difíceis pelo siste
cabo especial chamado coaxial, que comporta ma normal. O mesmo se dá com alguns filmes, Mas há muito mais: transmissão dc dados (atra
um condutor interno, mantido no centro de um onde a TV hoje praticamcntc faz uma pré- vés da instalação dc um teclado, acoplado ao
condutor externo de forma tubular e isolados estréia para os assinantes interessados. receptor de TV, o usuário passa a dispor de um
um do outro. Esse tipo de cabo apresenta me terminal de computador, podendo realizar con
lhores características que o cabo comum (dois Também no jornalismo, a TV a Cabo permite sultas a banco de dados, videotecas a aceder a
fios isolados e torcidos) para transmissão de uma opção a mais com debates, comentários, diversas fontes dc informação); videofonia
sinais de freqüéncia, sem problemas dentro das ampliando as opiniões através da abertura de (transmissão e recepção e recepção simultânea