Page 56 - Telebrasil - Março/Abril 1979
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bal, o setor das comunicações é sempre renciar, isto é, o desejo confiante de agir O comportamento do homem, visto sob
avaliado segundo sua total potencialida vigorosamente e sem medo frente ás in este enfoque, amplia o campo da econo
de como gerador de empregos, impul- certezas, sem recorrer necessariamente â mia que não se restringe apenas ao campo
sinador de tecnologia, disseminador da análise elaborada de cada detalhe ou con- de aplicação dos problemas da produção
educação e cultura, economizador de seqüência de todas as possíveis alternati e da distribuição de bens mercantis, mas
energia e fator "invisível" da produtivi vas. Isto não significa um apelo às deci sim ao mecanismo do comportamento
dade dos negócios. sões impensadas, mas sim ao bom senso, do ser humano, quer se trate de bens mer
finaliza o autor americano. Sem dúvida, cantis e monetários ou não.
para alguns, uma visão herética da ciência
Gerenciar uma "Ciância" Hoje em dia, questiona-se não só a escas
de administração e para outros um fundo
sez dos bens universais, considerados até
de verdade.
Num artigo recente, T. Levitt, conhecido agora clássicos, como o capital e as
professor de administração da Universi matérias-primas, mas também de outros,
Eficácia Gerencial e o Trabalho de
dade de Harward, apresenta um desabafo como o tempo e a informação. Não exis
Grupo
em artigo da revista Fortune no que de tiria nenhum ato de caráter gratuito, visto
nomina de "Um a Visão Herética da Ciên que qualquer bem é escasso e, consequen
A revista Direction et Gestion traz um
cia de Administração". A seguir, transcre temente, objeto de uma escolha, e ao
artigo necessariamente polêmico, mas de
vemos algumas de suas observações que exercer uma escolha aparece um custo
interesse nos dias que correm, assinado
podem ser resumidas na frase: Gerenciar é alternativo equivalente às vantagens que
por J. Vassal, e cujo títu lo sugestivo é o
sobretudo bom senso. foram deixadas de lado.
seguinte: "O trabalho em grupo será real
mente eficaz para a formação de adultos Estes conceitos com origens nos Estados
Inicia dizendo que as modernas corpora
e a resolução de problemas nas em Unidos estão revolucionando, inclusive, o
ções foram construídas, em grande parte,
presas"? ensino do pensamento econômico, como
por elementos cujo treinamento acadêmi
revela um estudo efetuado pela revista
co em administração foi m ínim o, ascen Segundo o autor, e fruto de suas pesqui
dendo ao topo da pirâmide aqueles dota sas observando numerosos grupos tanto Fortune, no qual 98% dos professores
entrevistados em universidades america
dos das qualidades para o cargo, através em seções de treinamento quanto na em
de um processo de seleção natural. presa, o trabalho de grupo efetuado em nas revelam que não estão lecionando
mais a economia de maneira como há
sessões de treinamento facilita certos
Lembra, ainda, que a Universidade de 5 anos passados.
aspectos do trabalho em grupo nas empre
Harward se constitui dentre as poucas que
sas, porém, não necessariamente todos os Um dos pontos que estão sendo revistos,
limitou-se a ensinar a seus alunos o bom
aspectos. Em outros termos, as condições refere-se è intervenção do Estado, que nas
senso no campo prático e a arte de assu
de treinamento e da empresa são bastante teorias econômicas clássicas, de fundo li
mir o comando, observando que, no en
diferentes e em muitos casos a solução in beral, aparece como o "regulador" de
tanto, no mundo dos negócios, cada vez
dividual é mais eficaz do que a solução economia de mercado, encarregado de
mais o formalismo, as rotinas organiza
em grupo que poderia ser considerada, corrigir as distorções existentes.
cionais, o academicismo e até os métodos
por alguns, como um remédio para todas
passam a se revestir de mais importância
as ocasiões. Hoje em dia, duas proposições estão ten
do que os resultados a que se propõem.
tando explicar a relativa ineficácia prática
Conclui o autor pela utilização judiciosa dos mecanismos reguladores Keynesianos:
Já em outra ordem de idéias, prossegue
de alternâncias entre o trabalho indivi os indivíduos tendem a reagir racional
dizendo que a metáfora do dinossauro,
dual e o trabalho em grupo, permitindo mente em seu próprio interesse quando
que desapareceu por causa de seu imenso
conciliar as vantagens e desvantagens de percebem que mudanças vão ocorrer, e es
tamanho deve ser reequacionada, no sen
cada método. Vê, ainda, que com esfor te comportamento racional, coletivamen
tido de que foi extinto porque seu cére
ço importante de formação permanente te, resulta no amortecimento dos objeti
bro, e não seu corpo, era diminuto. Ainda
deve ser feito muito mais ao nível de mé vos procurados e o resultado final da in
segundo o autor, o gerenciamento de
todos a serem utilizados e de modelos tervenção é mais negativo do que antes.
grandes empresas não é inerentemente
de autoridade e de sua ação como agen
mais complexo do que gerenciar sozinho Uma outra área sendo objeto de pesquisa
tes de mudança, ao invés da simples aqui
um pequeno negócio, visto que nas gran é a solução para o problema do estabele
sição de conhecimentos. Dar aquisição
des corporações o que está sendo harmo cimento de modelos teóricos, para utili
de conhecimentos e auditórios que mal
nizado são unidades que se ajudam zação prática, de modo a incluir as ante
dominam os métodos de anotações ati
mutuamente, visando aos mesmos obje cipações racionais dos agentes econômi
vas, de leitura eficaz, de expressão oral
tivos. cos, visto que "o mercado seria mais inte
ou escrita é, segundo o autor, um desper
ligente do que qualquer modelo".
Sobre o complexo ferramental teórico à dício de recursos.
disposição do moderno administrador, ía ra os que desejarem se aprofundar no
(Editoria e Pesquisa — Revista Tele-
opina o professor, dizendo que os mode assunto, nomes como os de R. Coase, J.
los matemáticos elaborados, os estudos brasil Buchanam, G. Stigler, H. Demsetz, G.
sociais complexos, as grandes elocubra- Tullocla, A. Meltzer, M. Rothbard, G.
ções não são substitutivos para a aplica A Neo-Economia Becker, D., North, W. Niskanen, M. Oslm,
ção da simplicidade do raciocínio e do M. Feldltstein, S. Peltzman, R. Lucas, M.
bom senso, necessárias à condução dos Postula-se que o homem age racionalmen Boskin, J. Gould e M. Darby são citados
negócios. te em suas decisões econômicas e não eco nos artigos de H. Lepage na revista
nômicas visando a escolher, na maioria Direction et Gestion e por W. Guzzardi
O últim o conselho de Levitt: nada é tão dos casos, a alternativa que lhe traz as Jr. em Fortune como alguns dos novos
importante quanto a determinação de ge maiores vantagens. economistas americanos. _