Page 5 - Telebrasil - Julho/Agosto 1979
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_tação da Rede Básica do Sistema Na plantação da indústria brasileira de I É sabido que foram assinados contra
cional de Telecomunicações, no início equipamentos de comutação telefônica tos relativos a fornecimentos muitas
da atual década. pautou-se, em linhas gerais, por: vezes superiores à capacidade instalada
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da indústria, como até mesmo superio
Fazem parte dessa leva as linhas de a) despreocupação com padronização res à capacidade das equipes de insta
produção da NEC em Guarulhos (ins dos produtos, exceto quanto ao siste lação existentes. Em conseqüência, du
talada em 1971), da Philips em Recife ma que deveria ser barras cruzadas; rante a execução dos contratos, foram
(1971) e da Siemens em Curitiba necessários diversos acordos com os
b) elevado número de concorrentes;
(1973). Também neste caso ocorrem as fornecedores, visando reajustes de cro-
dessemelhanças notadas anteriormen c) nacionalização de insumos a critério nogramas, para otimizar as implanta
te: das respectivas casas matrizes, não ções, a nivel de Rede Nacional, sem o
obstante a existência de planos de que não haveria condições para ativa-
a) o equipamento NEC (barras cruza nacionalização e respectivos incentivos rem-se anualmente razoáveis quantida
das) é o padronizado pela NTT (admi fiscais. des de terminais com acesso pleno ao
nistração telefônica japonesa) para o serviço DDD.
serviço nacional e produzido por qua 3. Os Investimentos do Sistema TE-
tro grandes fabricantes (NEC, Hitachi, LEBRÁS e o II PND Outro fato, mais tarde percebido, foi
Fujitsu e OKI); que grande parte das encomendas, pa
A grandiosidade do programa de gas com o sobrepreço inerente à pro
b) o equipamento Philips (UD — rota dução nacional (com todos os ônus de
tivo de comando indireto) é adotado na telecomunicações conhecido em 1973,
entre cujos objetivos figurava a tripli- vido à escala da indústria e da inade
Holanda em centros de pequeno porte;
caçào dos terminais telefônicos cm cin quação de sua infra-estrutura),foi real-
c) o equipamento Siemens (“ ESK- co anos, não indicava, aos administra mente deslocada para as casas
Cross-Point” ) é produzido na Alema dores, a necessidade de maiores refle matrizes, que passaram a fornecer pro
nha Ocidental, para exportação, não xões quanto à escala mais adequada dutos acabados (que se importados di
tendo sido padronizado para telefonia para produção de equipamentos c mui retamente teriam custado menos ao
pelo correio alemão. to menos quanto à infra-estrutura de pais).
componentes necessários. De fato, a
No que diz respeito a direcionamento preocupação da recém-criada TELE- Em 1974 estimava-se que a expansão
governamental, além do relacionado BRÁS focalizou-se principalmente das telecomunicações prevista no II
com a abertura do mercado, devem-se na realização física e financeira do pro PND corresponderia à aplicação de
mencionar: grama, isto é, no cumprimento de pra CrS 43,2 bilhões em cinco anos, signi
zos e na obtenção dos recursos ne ficando, só o mercado de equipamen
a) as negociações com a ITT relativas à cessários para a magnitude do em tos de comutação, a soma de Cr$ 14,4
aquisição do acervo da Companhia Te preendimento. O dimensionamento da bilhões, sendo 1,8 bilhões em 1975, 2,3
lefônica Nacional pela CRT, no Rio indústria foi deixado às forças do mer bilhões em 1976, 2,8 bilhões em 1977,
Grande do Sul, e que resultaram nos cado, confiando-se que os objetivos 3,4 bilhões em 1978 e 4,1 bilhões em
investimentos da SESA, no Rio de Ja nacionais de suficiência tecnológica se 1979 (cruzeiros de 31.12.74).
neiro (também beneficiada com isen riam assegurados pelo estágio de
ções de impostos a nível estadual); integração industrial, que as empresas Em 1975, o quadro que se configurava
instaladas no país a mais tempo já ha- era de uma bem planejada expansão do
b) a instituição de incentivos fiscais pa viam atingido. Setor de Telecomunicações, tendo co
ra implantação de novas indústrias e mo meta passar de 2,8 milhões de tele
para programas de nacionalização, Os terminais contratados entre 1973 e fones, em 1974, para 8,1 milhões em
através de grupos executivos, Comis 1974 excederam largamente a capaci 1979, o que dava aos fabricantes relati
são de Desenvolvimento Industrial, do dade instalada dos fabricantes (forne va segurança para dimensionarem seus
MIC e da SUDENE. cedores diretos) cujo patrimônio bruto investimentos. Foi quando o Governo
situava-se em Cr$ 400 milhões. A en decidiu incluir no arsenal da luta con
Paralelamente e/ou como subproduto trada no mercado dos novos fornece tra a inflação a redução dos investi
das linhas de equipamento de cornu-' dores, cujas primeiras encomendas fo mentos do Setor Público. Dadas as ca
tação para o serviço público, estabele ram atendidas com importações de uni racterísticas do Setor de Telecomunica
ceram-se as linhas de CPCT (PABX) dades completamente montadas, ou de ções, que incluem desde a evidente de
que, como é regra para serviços verti- conjuntos semidesmontados, desenca pendência de insumos importados, até
calizados, não foram objeto de qual deou um movimento de importação a pouco evidente relação de causa e
quer padronização de parte do Gover por parte dos fabricantes mais antigos, efeito com o desenvolvimento social e
no. interessados, estes, na manutenção do econômico do país, foi este setor
mercado conquistado anteriormente. contemplado com uma ordem de prio
Em resumo, a implantação da indús Em 1974 e 75 foram registrados os ridade que reduziria o desenvolvimento
tria de equipamentos de comutação no maiores níveis de importações, tanto da Rede Nacional de Telefonia a taxas
Brasil efetuou-se em dois movimentos de produtos acabados quanto de bens pouco animadoras.
semelhantes, caracterizados pela hete intermediários. No biênio 1974/75, a
rogeneidade das técnicas e equipamen- Ericsson do Brasil, líder do mercado, É digno de nota o fato de ter sido o Sis
- tos que passaram a ser incorporados ao ultrapassou a nível de US$ 100 milhões tema TELEBRÁS um dos pioneiros na
Sistema Nacional de Telecomunica anuais na importação de componentes reserva de mercado para a produção
ções. Do ponto de vista industrial a im- e partes. 1 nacional. As primeiras cartas de inten->