Page 7 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1976

G. G. GARBI
As redes externas:
o elo fraco
Muito já se tem dito a respeito do
desenvolvimento
que ocorreu e ocorre em nosso
País nas quatro áreas técnicas
que compõem os sistemas telefô­
nicos (comutação, transmissão,
infra-estrutura e redes )e já é lu­
gar-comum afirmar-se que o cam­
po de redes externas foi o que
menos se desenvolveu tecnologi­
camente.
Embora sem qualquer originalida­
de, julgamos indispensável iniciar
nossa apresentação reafirmando
este ponto: o sistema de teleco­
municações do Brasil está subme­
tido a um elo muito fraco, tão fra­
co que compromete toda a qua­
lidade dos serviços como um todo
além de por em risco, caso os
problemas não sejam resolvidos,
a própria economicidade opera­
cional das empresas.
Esse elo fraco são as redes tele­
fônicas externas,
sob qualquer de seus ângulos:
tecnologia de materiais, tecnolo­
gia de construção, sistemática de
operação, cumprimento de pra­
zos, economicidade técnico-ope­
racional.
(1967-1969), serviu como Engenheiro de
Implantação de Sistemas de Comutação
Diretor Técnico da Telecomunicações e de Planejamento de Sistemas, Chefe
Brasileiras S/A — TELEBRÁS, a partir de do Departamento de Comutação e do
março de 1974. Engenheiro em eletrônica Departamento Geral de Engenharia. Dire­
formado pelo Instituto Tecnológico da tor Técnico da TELEPAR (1969-1974).
Aeronáutica (1962 - 1966). Pós-graduado
em Matemática. Na Companhia de Tele­ Exposição apresentada no
comunicações do Paraná — TELEPAR PAINEL TELEBRASIL
Não ó necessário ser técnico para grande região de operação de
se constatar a fraqueza do elo uma empresa subsidiária da
das redes externas. TELEBRÁS, no mês de outubro
de 1975.
O usuário brasileiro, com sua
índole pacata, já se acostumou a Os defeitos se distribuíram da se­
desequilibrado correlacionar as chuvas aos te­ guinte maneira:
lefones que emudecem e a dizer
que no Brasil os telefones “ficam — Cabos 27,7%
resfriados” sempre que cai água. — Aparelhos Telefônicos 23,6%
— Fios Externos 12,6%
“ Nosso melhor cabista é o sol” , — Fios Internos 10,4%
afirmam algumas empresas tele­ — CPL'S 5,2%
fônicas, e enquanto isto milhares — Telefones Públicos 5,0%
de telefones se paralisam por in­ — Outros Equipamentos
filtrações nas emendas, descar­ de Assinantes 4,8%
gas elétricas sobre os cabos, tra­ — Terminais de Cabos 4,3%
balhos de cortes insuficientemen­ — Distribuidores Gerais 3,5%
te planejados e um infindável ro­ — Equipamento de Co­
sário de outras mazelas que tor­ mutação 2,8%
nam lamentável a qualidade dos Esta radiografia do sistema fala
serviços prestados na maior par­ por si só, denunciando os pontos
te do País. fracos da técnica. Nenhuma preo­
cupação com os problemas bra­
Diafonia, ruídos, reparações que sileiros de redes é exagerada
demandam semanas, falta de faci­ quando se constata que 97,2%
lidades nas redes bloqueando dos defeitos ocorrem a partir dos
transferências de usuários já ati­ pontos onde começam as redes
vados, são todos sintomas da gra­ externas.
ve doença técnica que aflige a en­
genharia brasileira de redes ex­ Mais ainda,, as implantações de
consideradas ternas. redes, na maior parte das vezes,
são as responsáveis pelos atra­
Mas os números conseguem ex­ sos dos planos de expansão.
primir melhor a situação.
No dia 31 de outubro de 1975 mais
Consideremos a estatísitca de de­ de 100.000 terminais telefônicos
feitos correspondente a uma das empresas do Grupo TELE-