Page 3 - Telebrasil - Novembro-Dezembro 1965
P. 3

"O maior inconveniente é que somos demais prontos a acolher
              a solução que o outro dá aos problemas da vida. Há uma preguiça
              natural que nos move a aceitar as soluções mais fáceis, de uso cor­
              rente entre nossos amigos”.

                    "A angústia é o sinal da insegurança espiritual, o fruto de per­
              guntas sem respostas. Mas, perguntas não podem ficar sem respos­
               tas, se primeiro não forem formuladas. E há uma angústia muito
              pior, uma insegurança muito pior, a que vem do medo de fazer as
              perguntas devidas, porque poderiam não ter resposta alguma. Uma
              das doenças morais que passamos uns aos outros na sociedade pro­
              vém de nos acotovelarmos em massa, à luz frouxa de alguma insu­
              ficiente solução dada à pergunta que temos medo de propor”.

                    “A esperança esvazia-nos as mãos, para que possamos trabalhar
              com elas. Mcstra-nos que temos razão de agir e ensina-nos a fazê-lo”.

                   “Considerar pessoas, acontecimentos e situações exclusivamente
              em relação a mim próprio, é o mesmo que viver no limiar do in­
              ferno. Para viver só para mim, eu tenho de fazer tòdas as coisas
              curvarem-se à minha vontade, como se eu fôsse um Deus”.

                   “O primeiro passo na vida interior, hoje em dia, não é como
              imaginam alguns, aprender a não ser, a não provar, a não ouvir.
              nem sentir as coisas. Muito ao contrário, o que devemos é começar
              por desaprender os nossos modos errados de ver, de provar, de sen­
              tir para adquirir uns tantos modos corretos”.

     E, finalmente, aquilo que me parece ser lapidar:
                    “Deve haver um momento no dia em que o homem que faz

              planos os esqueça e aja como se não os tivesse. Deve haver uma
              hora do dia em que o homem que precisa falar fique em silêncio.
              E a sua mente não forme raciocínios e êle se pergunte se os que
              féz tiveram algum sentido. Deve haver um tempo em que o ho­
              mem de oração vá orar como se fôsse a primeira vez na sua vida;
              em que o homem resoluto penha de lado suas decisões, como se
              estivessem quebradas, e êle aprenda uma nova sabedoria; distinção
              entre o sol e a luz, entre as estréias e as trevas, o mar e a terra
              firme, o ceu noturno e o cume de uma colina”.

                   “Aqui jaz um defunto que féz da indiferença um ídolo! Seu
              silêncio não é atento a nada, nada escuta e nada tem a dizer.
              Venham as andorinhas e façam o ninho em tòrno désse homem e
              ensinem os seus filhotes a voejar no deserto que êle féz de sua al­
              ma, e assim êle não ficara inútil para sempre”.

     Por tudo isso. queremos insistir junto aos que têm sob os ombros o péso
das responsabilidades: — é preciso rever a lei, votada a toque de caixa, no
passado funesto, dar-lhe córes novas e novas luzes. Faz-se mister dar ao
Código Brasileiro de Telecomunicações a fôrça irreversível de que carece. A
iniciativa do Estado, que deve ser resguardada, fortalecida e consagrada, seja
através de um Conselho Nacional de Telecomunicações coeso, pleno de auto­
nomia, de autoridade e de valores individuais, seja através da emprèsa estatal
aue deve encarregar-se de criar novos meios de telecomunicações, levando-os
a pontos até aqui despreparados e desassistidos e de, sem prejuízo da inicia­
tiva particular, mas, ao revés, com a sua colaboração efetiva e indispensável,
construir o sistema nacional de telecomunicações, para que o Brasil possa
recuperar ,a curto prazo, todo o tempo perdido em devaneios e discussões esté­
reis e improdutivas.

     Para dar aos leitores uma idéia sumária da importância da livre emprèsa
relativamente ao sistema nacional de telecomunicações que os extremistas,
através da Lei 4.117 — hoje cognominada “intocável” — pretenderam exter­
minar, procurou a TELECENTRO promover um levantamento de tòdas as rêdes
locais existentes no Estado de Minas, que é uma das áreas sob sua atividade,
como Associação de Classe que não visa fins lucrativos, mas puramente assis-
tenciais, rêdes estas interligadas, em mais de 80%, ao sistema de telefonia
interestadual do país.

                                                                                                     S
   1   2   3   4   5   6   7   8