Page 31 - Telebrasil - Maio/Junho 1965
P. 31

mesma forma, um embaixador naque­             Nós, homens de negócios, freqüen-
  les dias era exatamente o que suas cre­    temente criticamos os órgãos governa­
  denciais declaravam, um ministro ple­      mentais tõda a vez que êles interfe­
  nipotenciário, com pleno poderes para      rem rios nossos projetos prediletos.
  representar seu país. E quando uma         Mas, ainda estou para encontrar um
  emprêsa privada daquele época envia­       homem de negócios que não ficasse
  va um homem para gerir uma sucur­          agradecido ao Govêrno quando êste o
  sal ultramarina, era exatamente isso       defendeu dos planos favoritos de seu
  que êle fazia, pela excelente razão de     concorrente. No que diz respeito ao
  que decorreriam vários meses até que       público, nos arquivos das emprêsas o
 qualquer julgamento de seus atos pu­        índice de serviços prestados pela in­
 desse ser feito por seus superiores. Em     dústria de comunicações, no setor pri­
  outras palavras, êle tinha realmente      vado, é prova suficiente da sabedoria
 oportunidade de ser julgado pelas suas     do Govêrno em assim proceder.
 realizações.
                                                Creio, portanto, que é tempo de dar­
     Atualmente, desnecessário é dizer-     mos crédito àqueles que nos regulam.
 lhes, operamos de maneira diferente        Sem a Comissão Federal de Comuni­
 no comércio, nas classes armadas e no      cações, senhores, estou convencido de
 govêrno, graças às modernas comuni­        que estaríamos hoje às voltas com um
 cações. Não é apenas o subordinado         Departamento Federal de Correios e
 que está sujeito ao sofrimento. Tam ­      Telecomunicações, neste país, e não
 bém o patrão poderá tornar-se igual­       com emprêsas privadas. Porque acre­
 mente vítima, precisamente porque êle      dito que o Govêrno, tal como a ini­
 está sempre acessível do outro extre­     ciativa privada, poderá crescer demais
 mo do circuito de telecomunicações e      para o mundo atual e para os homens
 o poderá mesmo estar em carne e ôsso,     que néle habitam; estou satisfeito que
 depois de uma curta viagem a jato,        tenhamos evitado essa solução, embo­
 seus subordinados se tornam cada vez      ra ela fósse exequível, tecnologica­
 mais propensos a sobrecarregá-lo com      mente.
 as decisões que outrora teriam sido to­
 madas por êles próprios. O patrão es­        Estou certo de que todos os presen­
 tá constantemente ã beira da exaus­       tes, que vivem e trabalham num mun­
 tão, o que é mau. Pior ainda, êle se      do competidor de negócios, preferem
encontrará um dia tomando decisões         tratar com a indústria de comunica­
 apressadas sõbre assuntos que não lhe     ções que também se baseie na concor­
dizem respeito e sõbre os quais seus       rência. Esta é a melhor garantia de
conhecimentos ficam, quase sempre,         que novos serviços, a um custo mais
aquém dos de seus subordinados.            baixo, continuarão acessíveis a todos,
                                           pronta e eficientemente. Esta é a me­
    Assim, chegamos a uma decisão          lhor garantia de que existe um ou­
curiosa, embora importante: os lim i­      vido atento quando vocês falam e ação
tes da grandeza, hoje em dia, são mais     quando vocês exprimem um desejo.
provavelmente de ordem humana, do          Esta é sua garantia contra sermos em­
que propriamente tecnológica. Isto é       purrados de um para outro lado con­
principalmShte verdadeiro no tocante       tra a nossa vontade.
a nossa indústria de comunicações, a
qual teria certamente seguido o ca­           Nós, no campo industrial de comu­
minho do monopólio estatal se a tec­       nicações internacionais, faremos tudo
nologia tivesse sido a única compen­       o que estiver ao nosso alcance para
                                           vermos a continuação dêste estado de
sação.                                     coisas. Fomos muitíssimo ajudados
   Afortunadamente, os homens que          em nosso intento pela decisão previ­
                                           dente da Comissão Federal de Comu­
fundaram êste país tinham uma des­         nicações, com respeito ao caso do pro­
confiança sadia no poder concentra­         jeto TAT-4, em março de 1964. Estou
do. Êles temiam o monopólio nos ne­         confiante de que pontos de vista se­
gócios pela mesma razão porque te­
miam a ditadura no Govêrno; êles não        melhantes orientam o desenvolvimen­
 acreditavam que os homens fôssem           to da COMSAT. Enquanto nós, de em­
                                            prêsas privadas de comunicações, fo r­
suficientemente sábios ou bondosos a        mos encorajados a competir para ob­
ponto de poderem ser investidos de tal
                                            ter o privilégio de servir a vocês, ho­
poder. Por idêntica razão, estou certo,     mens de negócios americanos, estou
                                            certo de que, nós e o povo americano,
os órgãos do Govêrno que controlam
os serviços de utilidade pública atual­     conjuntamente, continuaremos a pros­

mente procuram manter a competição          perar unidos.

como o melhor meio de proteção ao

interêsse do usuário.
   26   27   28   29   30   31   32