Page 30 - Telebrasil - Maio/Junho 1965
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Mesmo com o atual “ mínimo de dez ção do satélite sincronizado d e. gran­

minutos” usado nas mensagens de te­ de altitude. Uma firma de comunica­

lex através do Atlântico, ao preço de ções americana encontra razões per­

$40, o usuário pode enviar cêrca de suasivas para o emprego do sistema

100 palavras pelo teleimpressor, por 25 de satélites em órbitas desencontra­

cents, transmitindo a mensagem a uma das, a baixa altitude. Uma outra fir ­

média de 1.200 batidas por segundo.     ma vê no sistema consecutivo de sa­

Com a crescente importância dos télites controlados a média altitude,

computadores e com a integração da seguindo uma órbita polar, a solução

tecnologia nêles baseada, não podem ideal.

existir dúvidas de que estamos no li­      È exatamente o estímulo das diver­
miar de uma revolução no sistema de
comunicações, cujas proporções esca­    sas soluções a um problema determi­
pam à nossa percepção. Daí, a razão     nado que caracteriza nosso sistema

de ser o laboratório, mais do que nun­  americano de livre iniciativa e que o
ca, o alicerce do sucesso de qualquer   torna poderoso. Especialmente no li­
emprêsa de comunicações. Por isso, os   miar de uma nova era, é primordial
vendedores de comunicações são real­
                                        que não haja congelamento da tecno­
mente “ engenheiros de venda” cuja      logia cêdo demais. Deixemos as em-
função principal é cada vez mais o
planejamento de sistemas “ sob medi­    prêsas privadas de comunicações ofe-
da” que se adaptem às necessidades de   cerem suas diferentes soluções do pro­
cada usuário em particular. E, para     blema. Ainda que todas, menos uma,
finalizar, direi que isto explica por­  venham a fracassar, nossa nação se
que o mundo inteiro parece, subita­
mente, tomado de sêde insaciável de     beneficiaria, herdando o sistema com­
comunicações.                           provado pela experiência como sendo
                                        o melhor. Esta experiência e risco são
                                        funções do nosso sistema de livre em­
                                        prêsa. Os benefícios de ta.1 sistema

Tal reconhecimento veio tàrdiamen- são tão conhecidos de todos, que dis­

te. Afinal de contas, a única coisa pensam maiores comentários.

que nos é dada neste mundo, quer        Seria ingênuo de minha parte, en­

como indivíduos ou como nação, é nos­ tretanto, se eu não admitisse um gra­

sa capacidade e nossa energia e um ve temor com relação ao rápido de­

quinhão ínfimo de tempo para poder­ senvolvimento das comunicações. Re­

mos usá-las. Tudo aquilo que poupa firo-me ao perigo muito concreto de

nosso tempo está prolongando nossa que as comunicações modernas ve­

vida, multiplicando nossa capacidade e nham a apressar a tendência para

conservando nossa energia. É uma uma centralização, já robustecida en­

premissa elementar. Daí concluir-se tre nós. Desnecessário será dizer que

que as comunicações chegam a ser, o perigo da centralização é o de atri­

não somente um dos fatores mais im­ buir demasiado poder àqueles que

portantes do progresso, mas talvez o ocupam a cúpula, em detrimento da­

mais importante de todos.               queles que lhe estão abaixo, poderio

Por isso, paises progressistas, tais excessivo para as grandes emprêsas, à

como a índia, estão dando absoluta custa da diminuição das menores;

prioridade às modernas comunicações. fortalecimento privilegiados dos gru­

Os hindús estão atarefados com a ins­ pos e enfraquecimento do valor indivi­

talação em seus país do mais moder­ dual. Nos dias que precederão o te­

no equipamento telefônico, tipo Cross- légrafo, o telefone, o navio a vapor, as

bar (barras cruzadas) , ao mesmo tem­ estradas de ferro, o automóvel e o ae­

po que fazem investigações sôbre os roplano, os escassos meios de comu­

méritos relativos do cabo coaxial e nicação existentes incentivavam a de­
conexões por meio de satélites, com legação do poder. Homens fortes eram

outras nações.                          escolhidos, treinados e enviados para

No outro lado do prisma, os Estados missões, onde tinham amplas oportu­

Unidos estão, sem dúvida, na vanguar­ nidades de usar sua imaginação, de­

da das comunicações por meio de sa­ senvolver suas responsabilidades e pra­

télites. É característico dêste país e de ticar o exercício do poder. Lord Nel­

seu povo não somente possibilitar a son tomou a decisão de arriscar a ba­

outras nações o resultado dêste empre­ talha de Trafalgar, coisa que os Lor­

endimento, mas ainda seus estudos des do Almirantado Britânico talvez

abrangerem três sistemas de satélites,  jamais lhe tivessem permitido fazer,
ao invés de um somente. A COMSAT,       se lhes fôsse dado, naquela época, di­
no momento, está preferindo a solu­     tar-lhe instruções radiotelegráficas. Da
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