Page 25 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1965
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com a contrapartida de partes todos da mesma classe, cujo fim é su
beneficiárias (condenável por plementar o financiamento total ne
causa da inflação; por ser a cessário, que não foi no seu todo pago
parte beneficiária um titulo res- pelo novo assinante. O financiamento
gatável a prazo curto; e por não através do "capital morto” só é apli
ter sequer a garantia hipotecá cável, evidentemente, em rèdes já exis
ria que caracteriza a debên- tentes e em processo de expansão, co
tu re ); mo sejam os casos das cidades de São
por promissória (com os mesmos Paulo, Campinas e outras de menor
inconvenientes da debênture pu porte.
ra e sim ples);
por quotas de sociedade limita O autofinanciamento pelo “ capital
da (só exequível em rèdes mui morto” tem, todavia, um mérito incon
to pequenas — quase uma em- testável, que é sua simplicidade, pois
prêsa de fa m ília ); o mesmo não envolve outra documen
atravéo de cooperativa «o que tação se não o recibo das importâncias
tira o caráter de um empreendi pagas pelos assinantes e o registro do
mento de risco e de lucro e é im capital não remunerável, em conta à
possível numa emprèsa de vul parte.
to) ;
através da cobrança do custe E’ simples, não há dúvida, mas con
médio da linha como “ taxa de duz o serviço à estatização rápida e
instalação” , a qual. considerada subtrai ao Imposto de Renda uma área
como renda, fica pertencendo à imensa de potencial económico, a qual
emprèsa; ésse processo, tentado será representada, eventualmente, por
por poucas e pequenas emprê- bilhões de cruzeiros que seriam indire
sas, foi logo abandonado, pois o tamente subtraídos à economia nacio
mesmo conduziria a emprèsa que nal, pois não havendo dividendos não
o adotasse a uma posição dificíl- há lucro e não havendo lucro não há
líma. pela taxação do Imposto Imposto de Renda a pagar.
de Renda, acrescido das alíquo
tas correspondentes a lucros ex E’ claro também que o assinante,
traordinários sóbre importâncias não tendo rendimentos de seu investi
que seriam lucros apenas na es mento — que é “ capital morto” — de
crita, pois o dinheiro própria- verá gozar de tarifas teoricamente
mente dito já teria sido investi mais baixas porque não há dividendos
do na rède, não estando, pote, a pagar. E quando o assinante se mu
disponível para pagamento de dar, morrer ou desinteressar-se pelo
impostos; telefone ou não continuar a pagar sua
assinatura, éle recuperará o valor de
e, finalmente, o financiamento seu integral investimento, logo que a
através de “capital morto", isto emprèsa transfira para outro autofi-
é, do capital não remunerável, o nanciador o telefone em aprêço.
qual, embora investido pelo as
sinante, acaba, ao que parece, Com os defeitos de certos métodos
em última análise, pertencendo ou com as vantagens de outros, a ver
ao erário municipal, estadual ou dade é que no Brasil — país em que
federal, conforme o caso. o que as letras de importação, com garantia
trará no tempo a estatização do do Banco do Brasil, rendem 3.32% ao
serviço. mês. com Imposto de Renda já pago
— só o autofinanciamento compulsó
E’ de lembrar-se aqui que a estati rio. de uma maneira ou de outra, po
zação dos serviços de utilidade pública derá trazer às empresas telefônicas os
— na palavra dos maiores economis fundos de que elas necessitam oara le
tas do país — tem dado péssimo re var avante o que a Constituição pres
sultado no Brasil, a ponto de ser a creve: — a expansão e o melhoramen
maior responsável pela inflação galo to do serviço, sob tarifas justas e ade
pante que nos vem flagelando. quadas.
Pela teoria do “ capital morto", os Essa situação perdurará e o autofi
novos assinantes contribuem com uma nanciamento será uma necessidade
importância menor do que o custo uni inarredável. até que as emprêsas, ope
rando em bases de lucros razoáveis e
tário de sua linha telefónica, com to certos, possam estabelecer uma tradi
dos seus pertences e acessórios e todos
os novos e velhos assinantes contri ção de “ bom negócio” , no qual o povo
buem com uma sobretarifa igual para confie plenamente e a elas entregue,
espontáneamente, com tôda a segu
rança, suas economias, como investi
mento, como acontece nos Estados