Page 24 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1965

porque nós — certa ou erradamente,
talvez com alguma falta de modéstia,
achamos que os administradores vete­
ranos no serviço ainda são necessários
na condução das empresas, pelo me­
nos até que os novos — com o correr
dos tempos — possam, por escolha das
Assembléias, tomar a direção do bar­
co, possivelmente com mais habilida­
de e mais vigor.
As debêntures, uma vez convertidas
em ações — a metade da contribuição
total em ações de voto e outra metade
em ações preferenciais, repetimos —
integram elas o capital social da em­
presa e seus portadores passam a ter
todos os direitos dos demais acionistas, pre que o crédito alcance ou ultrapas­
e quando o ativo imobilizado da em­
presa atinge o ponto de correção mo­
netária, essas ações, que nasceram co­
mo debêntures conversíveis, mas que
se tornaram parte viva e integrante do
capital social, recebem as mesmas bo­
nificações a que fizeram jus os demais
acionistas, fundadores ou não.
Assim, os primeiros portadores de
debêntures conversíveis da Companhia
Telefônica de Minas Gerais, que tive­
ram seus títulos convertidos até 1959,
receberam naquele ano uma bonifica­
ção, em ações, de uma nova para cada
ação antiga e novamente a bonifica­
ção de uma e um quarto ainda em no­
vas ações para cada ação possuída em
1963, o que quer dizer que o acionista
que possuia 100 ações em 1959 passou
a ter 200 naquele ano e em 1963 pas­
sou a possuir 450, sem qualquer des­
pesa adicional, e é de notar-se que es­
sas ações hoje representam um valor
expresso em ativo imobilizado quatro
ou cinco vezes maior do que seu atual
valor nominal em cruzeiros.
A Companhia Telefônica de Minas
Gerais é um exemplo típico da demo­
cratização ou, digamos mesmo, da pul­
verização do capital — trazida pelo
autofinanciamento — e essa emprêsa,
que possui hoje um ativo imobilizado
avaliado em cêrca de 12 biljiões de
cruzeiros, tem aproximadamente 30 mil
acionistas, o maior dos quais retém
perto de 35% do capital. A Compa­
nhia Telefônica de Minas Gerais tem
várias rêdes locais autofinanciadas pe­
lo processo ortodoxo; isto é, mediante
entrega de ações aos assinantes-acio­
nistas. Logo que o autofinanciamento
seja estendido em sua plenitude à cida­
de de Belo Horizonte, o número de as­
sinantes-acionistas crescerá para cêr­
ca de 80 mil e o maior acionista de
hoje, que possui, como já se disse, 35%
do capital, passará a ter menos de 7%
dêsse capital. A Diretoria, o Conselho
Consultivo e o Conselho Fiscal da
Companhia Telefônica de Minas Gerais
são compostos de 22 membros; dêsses,
13 são elementos tirados de seus assi­
nantes-acionistas em Minas Gerais —
esplêndida contribuição do autofinan­
ciamento ortodoxo.
O autofinanciamento ortodoxo é fle­
xível e pode ser facilmente adaptado
para financiamento em forma de so-
bretarifas para expansão e melhora­
mentos de serviços locais e interurba­
nos, bastando para isso que a sobreta-
rifa seja contabilizada à parte e inte­
grada em debêntures conversíveis sem­
se o valor dêsse título conversível —
Cr$ 1.000,00.
A nosso ver, o autofinanciamento
através de debêntures conversíveis em
ações é o melhor caminho para se re­
solver o problema da expansão das rê­
des telefônicas por vários motivos, a
saber:
— produz os fundos de que a em­
prêsa precisa para financiar o
serviço;
— traz para o seio da emprêsa o
sócio, o acionista e o diretor em
potencial;
— mantém com vantagem o poder
aquisitivo do dinheiro emprega­
do pelo assinante-acionista, pois
o plano desdobra e multiplica o
número de títulos possuídos pelo
assinante-acionista, como já fi­
cou demonstrado.
A idéia de que uma emprêsa — com
centenas de milhares de acionistas —
terá uma grande tarefa em manter
seus registros em dia e pagar dividen­
dos, como se alega, é verdadeira; toda­
via, êsse onus existe em tõdas as em-
prêsas do mundo, de todos os gêneros
em maior ou menor escala; isso é par­
te integrante do “custo do dinheiro” ,
na expressão dos banqueiros. O que
seria de uma emprêsa como a Ameri­
can Telephone and Telegraph Compa­
ny, dos Estados Unidos, que tem mais
de 2 1/2 milhões de acionistas, se, pa­
ra poupar trabalho, ela evitasse tê-los?
No Brasil, onde hoje cêrca de 350
emprêsas praticam o autofinanciamen­
to, outras modalidades de sua execu­
ção têm sido, todavia, adotadas, a sa­
ber: *
— por debênture pura e simples (o
que parece condenável em virtu­
de da inflação, como já se dis­
se) ;