Page 2 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1964
P. 2

B ILH E TE   A O   LE ITO R










                                                                                                                                                                                                                        HUGO  P.  SOARES










                                                                                  Alteração  Perigosa  e  Inexplicável












                                                    Pretende  o  Conselho  Nacional  de  Telecomunicações,  segundo  estamos  in­



                                       formados,  baixar,  nos  próximos  dias,  o  que  convencionou  chamar  de  “NORMAS



                                       PARA DETERMINAÇÃO DE  TARIFAS  E  ESCRITURAÇÃO  CONTÁBIL  DAS  EM­



                                       PRESAS  DE  SERVIÇOS  DE  TELEFONIA  PÚBLICOS” ,  já  estando  o  respectivo



                                       anteprojeto  elaborado,  para  o  exame  conclusivo  daquêle  órgão  federal.




                                                   A  verdade  é  que  há  muita  coisa  a  fazer  e  disciplinar,  relativamente  às



                                       normas  e  regras  gerais  a  que  devam  se  submeter  as  emprêsas  de  serviço  tele­



                                       fônico,  principalmente  naquilo  que  diz  respeito  à  politica  de  tarifas  em  vigor.



                                       Entretanto, para  fixar tais normas  e  critérios,  seria  altamente  perigoso  relegar-



                                       se  tôda  uma  bagagem  de  experiência  e  preparação  acumulada  em  largo  pe­



                                       ríodo  de  atividades  no  campo  da  telefonia  em  nosso  país.


                                                    Convenhamos,  desde  logo,  que  se  o  serviço  de  telefonia  no  Brasil  se  estag­



                                       nou,  entrando,  por  tão  largo  período,  em  fase  de  completa  paralisação  no  que



                                      concerne  à  expansão  das  rêdes  existentes,  a  culpa  não  cabe,  de  forma  alguma,



                                      às  emprêsas  operadoras  ou  ao  seu  sistema  de  vida,  como  emprêsas  de  serviço



                                      de  utilidade  pública,  tocando  tal  responsabilidade  à  política  de  tarifas  adotada



                                      —-  vêsga,  inadequada  e  obsoleta.



                                                   Tanto  é  assim  que  foi  possível,  mesmo  sem  o  bafejo  ou  orientação  gover­



                                      namental,  chegar-se,  no  Brasil,  à  adoção  de  regras  e  normas  contábeis  per­



                                      feitamente  adequadas,  modeladas  sob  a  inspiração  de  normas  e  regras  gerai:-



                                      em  vigor  nas  regiões  mais  desenvolvidas  do  universo  —  principalmente  na



                                     América  do  Norte,  onde  mais  de  87  milhões,  dos  150  milhões  de  telefones  exis­


                                     tentes  no  mundo,  funcionam  à  sombra  dos  mesmos  critérios  contábeis  adota­



                                      dos  no  Brasil,  atualmente,  pelas  emprêsas  operadoras  de  serviço  de  telefonia.



                                                   Conforme  dissemos,  na  América  do  Norte  tódas  as  emprêsas  telefônicas  ali



                                     existentes  —  que  são  milhares  —  estão  reguladas  pelas  Comissões  de  Serviços



                                     de  Utilidade  Pública,  as  quais  exigem  a  adoção  de  um  Sistema  Uniforme  de



                                     Contas  elaborado,  oficialmente,  para  êsse  fim.



                                                  No  Brasil,  onde  havia  1.150.000  telefones,  aproximadamente,  instalados  em


                                     ianeiro  do  corrente  ano,  aquêle  Sistema  Uniforme  de  Contas  vem  sendo,  tam­



                                     bém  rigorosamente  observado  pela  quase  totalidade  das  operadoras  —  algumas



                                     das  quais  se  prepararam  adequadamente  para  adotá-lo,  mediante  a  utilização



                                    de  mão  de  obra  técnica  contratada,  especialmente,  no  exterior,  para  tal  fim,



                                    trazendo  e  conservando  em  sua  administração  contábil  Contadores  e  Peritos que



                                    pertenceram aos quadros  técnicos  das Companhias  Bell dos  Estados  Unidos  e  do



                                    Canadá,  e  oferecendo  a  brasileiros,  interessados  em  adaptar-se  e  especializar-'



                                   se,  bolsas  de  estudos  para  estágios  demorados  em  emprêsas  de  serviço  tele­



                                   fônico  dos  Estados  Unidos  e  Canadá,  com  admissão  posterior  assegurada  em



                                   seus  quadros.



                                                É,  por  exemplo  ,o  caso  especifico  de  três  emprêsas  privadas  que  operam,  no



                                  país,  73,4 %  do  total  de  telefones  aqui  existentes.



                                                A  Companhia  Telefônica  Brasileira,  responsável  pelo  funcionamento  de



                                  cêrca  de  790  mil  telefones,  a  Companhia  Telefónica  de  Minas  Gerais,  que  opera



                                  cêrca  de  49  mil  telefones  e  a  Companhia  Telefônica  do  Espírito  Santo,  respon-
   1   2   3   4   5   6   7