Page 3 - Telebrasil - Abril 1963
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Em outras palavras, o aumento da tos limites, pela utilização dos fatôres de
quantidade de moeda ou é a CAU SA ou é produção não utilizados. Assim também
o VEICULO QUE T O R N A PO SSÍVEL a nos países de exportações variadas e de
inflação. mercadorias que também são objeto de
Isso não quer dizer que a alta dos consumo interno, o primeiro surto infla
preços se processe sempre em paralelis cionário pode ser compensado pelo con
mo exato com o aumento da quantidade sumo de uma parte daquilo que seria nor
de moeda, porque há elementos secundá malmente exportado; nesse caso a pressão
rios que intervêm para tom ar êsse para inflacionária se traduz por uma redução
lelismo mais ou menos exato. M AS NO das exportações (e consequentes dificul
NOSSO CASO BR ASILEIRO , o parale dades do balanço de pagamentos) em vez
lismo entre 40S indices de aumento dp. de alta dos preços.
quantidade da moeda e os da alta dos pre Mas nada disso se aplica ao caso de
ços tem sido impressionante. uma inflação vultosa e prolongada como
a nossa. No nosso caso as distorções e
Podemos portanto desprezar tôdas as deformações ditas estruturais, a que se
complicações com que tanta gente, sobre pretende imputar a origem da inflação na
tudo os governantes irresponsáveis, pro da mais são do que CONSEQUÊNCIAS da
curam obscurecer um fenômeno muito interferência do Estado através da
claro, como é o da inflação. Alguns dos
que recorrem a álibis para fugir às res COFAP, da falta de reajustamento das
ponsabilidades que lhe3 cabem, alegam tarifas dos serviços públicos, das taxas
que a inflação é devida, não ao excesso de cambiais de favor, da licença prévia etc.
dinheiro emitido e sim à falta, de produ As deformações que decorrem dessas me
ção; de sorte, dizem ésses pândegos, que didas governamentais são CONSEQÜÊN-
se pode debelar a inflação aumentando a C IA e N ÃO C A U S A da inflação.
produção.
A inflação é um fenômeno que pode
Isto, quando dito de boa fé, é uma atingir qualquer país em que exista um
asneira inqualificável, porquanto a pro sistema monetário. Não há uma inflação
dução de um pai3 não pode aumentar de latino-americana diferente da inflação eu
um ano para outro mais do que 5%, 6Çc ropéia ou da inflação asiática. A êsse
ou 7<7c digamos; ritmo francamente aus
picioso em qualquer país. Como é então respeito vale a pena citar uma justa ob
que um aumento de produção dessa or servação do P ro f. Lincoln Gordon ao es
dem de grandeza pede evitar uma infla crever:
ção que resulta do aumento da quantidade «Análise econômica não é uma
de moeda na razão de 209c, 309c e 40Çt?! questão de gôsto. Devem-se aco
lher com satisfação as manifesta
Outros há que recorrem a um álibi ções distintas da Arte, de Literatu
diferente e menos boçal. Dizem que a ra ou de Filosofia latino-america
inflação tem uma ORIGEM E S TR U TU nas, mas não pode haver uma
R AL, isto é, que há paises em que é a «C IÊ N C IA ECONÔMICA PA R A A
estrutura económica a responsável pela A M É R IC A L A T I N A » como não há
inflação. uma Física ou uma Matemática la
tino-americana» .
Isso não é verdade. Tudo quanto se
pode dizer é que há países cuja estrutura
econômica é mais vulnerável à inflação
do que outros. Nos países em que existe 2) — O QUE É QUE PROVOCA O AU
«U M A SOBRA NÃO U T IL IZ A D A » de MENTO EXCESSIVO DA QUAN
capacidade de transportes ferroviários, de TIDADE DA MOEDA?
capacidade de energia elétrica, de capaci
dade de usinas de aço e de outras indús Em têrmos gerais, pode-se dizer que
trias, a procura adicional proveniente de o aumento excessivo da quantidade de
um surto inflacionário, pode ser compen moeda provém, quase invariàvelmente, da
sada, na sua primeira fase, dentro de cur tentativa partida de um grupo da socie-