Page 5 - Telebrasil - Maio/Junho 2003
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Felizmente, a Anatei mostrou-se muito   demandas atuais. Mas a verdade é que   pessoal.  Além  de  ser  altíssima,  a
               finne e o Ministério (das Comunica­  tanto o 2,5G quanto o 3G dependem   maior do mundo, a nossa carga é per­
               ções) também viu que não era possível   muito da geração de conteúdo e apli­  versa, pois, pobre, classe média e rico
               atender ao pedido  da Vésper.  Enten­  cativos. Este é o grande desafio para   pagam a mesma coisa. Temos de criar
               demos perfeitamente  as  dificuldades   aumento  da  demanda  de  tráfego  na   condições  para  desonerar especial­
               da espelho,  mas  não  é quebrando  as   telefonia móvel. Aí eu acho que o Bra­  mente as classes menos favorecidas,
               regras  do jogo  que  vamos  resolver   sil tem grande chance de ter partici­  criando  tarifas  específicas,  como já
               problema de  nenhuma operadora ou   pação importante no cenário mundial,   ocorre na energia elétrica. Banda laiga
               fabricante.  Nos EUA,  quem quis en­  pois  dispomos  de  uma  indústria  de   para  escolas também  é  importantís­
               trou em  1,9  GHz  no  GSM;  eles não   software  muito  boa  e  com  pessoal   simo. Temos 180 mil escolas públicas
               mudaram as regras para ninguém. Da   muito capacitado.          no território nacional.  Com os recur­
               mesma fonna, também existe CDMA                                 sos que possuímos hoje, não vai dar
               em 1,8 GHz na Coréia do Sul. No Bra­  TB  -   O  Sr.  acredita  no  sucesso  do   para atender as  180 mil, então temos
               sil, quem quiser que entre em 1,8 GHz.  esforço de universalização?  de estabelecer prioridades e critérios.
                                                                                Se conseguirmos atender a 30 mil es­
               TB  - Ainda é  cedo pra falar em ter­                           colas  no  País,  será um grande  êxito
               ceira geração de telefonia celular?                             no sentido da universalização.

               Byrro - Terceira geração até agora é                            TB  - E  a telefonia  móvel?  Também
               uma coisa quase poética no Brasil. Em                           entra nesse processo?
               tennos de tecnologia, é possível fazer
               3G no País junto com a Europa;  não                              Byrro  - A verdade  é  que  a universa­
               tem problema nenhum. A dificuldade                              lização no Brasil está sendo feita muito
               é encontrar mercado com geração de                              em cima de celular. Mas também aí pre­
               receita para pagar o  capital a ser in­                         cisamos buscar novas soluções: porque
               vestido, uma vez que nem o capital já                           os aparelhos têm de sertão sofisticados?
               investido até agora foi pago. Para se                           Tínhamos  de ter o  chamado  telefone
               ter uma idéia, o ARPU (sigla em in­                             “pé-de-boi”. Isso é outro desafio para a
                                                    "A grande chance do
               glês para receita média por usuário)                            indústria  e  para  as  operadoras,  no
                                                    Brasil pode estar no
               em telefonia celular no Brasil  situa-                          sentido  de  procurar reduzir custos  e
                                                    desenvolvimento de
               se em tomo  de US$  10,  contra US$                             buscar  soluções  específicas  para  o
                                                  conteúdo e aplicativos"
               30 ou US$ 40 na telefonia fixa. Além                            mercado brasileiro, que é muito grande.
               disso, 80% do mercado são pré-pagos,                            É claro que não é um problema de fácil
               que têm geração de receita baixíssima.   Byrro - Este é outro imenso desafio.   solução, senão já estaria resolvido.
               Que  novos  investimentos  podem  se   Grande parte das linhas instaladas nos
               pagar desse jeito? 3G no Brasil é coisa   últimos  anos foi para as classes D  e   TB  - Pesando  os desafios  e  as opor­
               para daqui a pelo menos cinco anos,   E, que têm baixíssimo poder aquisi­  tunidades, o que o Sr. espera do futuro?
               no mínimo.  Antes de 2007, 2008 eu   tivo. É gente que não tem condições
               não  vejo  chance  de  ser introduzido   de pagar a conta telefônica e, quando   Byrro - Todas as dificuldades que exis­
               com sucesso, que é fazer com que as   tem condições de pagar, não gera trá­  tem hoje no setor de telecomunicações
               operadoras  tenham  retomo  sobre  o   fego. Temos várias ações que podem   no Brasil e no mundo não nos impedem
               capital aplicado.               ser feitas, além de uma utilização mais   de vennos o futuro com otimismo.  A
                                               adequada do Fust,  que é um investi­  Siemens tem uma tradição muito forte
               TB - E enquanto isso não acontece?  mento que está aí parado no momento   no País e temos confiança de que a fase
                                               sem ter destinação definida.    pior está passando. A partir de meados
               Byrro  - Nós vamos ter os  upgrades                             de  2004,  acredito  que  as telecomuni­
               que  estão  sendo  feitos  em  GPRS,   TB  -  Que  outras  medidas poderiam   cações voltem a ter um ciclo de cres­
               EDGE  e  lx  RTT.  Isso  vai  pennitir   ser tomadas?           cimento forte e sustentável. Não mais
               atingir velocidades  superiores a 300                           com aqueles  saltos  quânticos  que tí­
               KBps brevemente,  o  que  é  mais  do   Byrro  -  E  preciso  diminuir urgen­  nhamos no passado,  mas  com cresci­
               que suficiente para o atendimento das  temente a carga tributária sobre esse  mento próximo dos dois dígitos. (AG)
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