Page 38 - Telebrasil - Março/Abril 2003
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TELENÁUTICA
Augusto Góes
A hora e a vez do
software made in Brazil
oas novas pra quem acha que e a falta de políticas de es-
a sina do País é comer poeira tímulo à exportação. As con-
Bquando o assunto é tecnolo- seqüências são claras: enquan-
gia. Uma pesquisa do MIT – Massa- to a Índia exportou US$ 4 bilhões
chussets Institute of Technology –, di- em softwares em 2000, o Brasil
vulgada em fins de 2002, revelou que o contentou-se com US$ 100 mi-
País é o sétimo maior desenvolvedor de lhões em vendas externas. Há ini-
software do mundo, com um volume ciativas, entretanto, no sentido de
de vendas de US$ 7,7 bilhões (2001). reverter os recentes maus resultados.
O desempenho é comparável ao de po- Uma delas está sendo costurada em con-
tências emergentes, como Índia (US$ junto com o Governo chinês, que enviou
7,9 bilhões) e China (US$ 8,2 bilhões). uma delegação ao Ministério da Ciência moção da Excelência do Software
Entre 1999 e 2001, triplicou a partici- e Tecnologia, no início de abril, para Brasileiro –, que mantém fortes relações
pação do setor no PIB brasileiro, acertar a criação de um centro coope- com a indústria chinesa de software.
passando de 0,24% para 0,71%. Já o rado de software entre os dois países, Durante a visita ao País, a delegação
número de empresas ligadas a softwares batizado de CSBS – Centro Sino-Bra- chinesa também apresentou uma
aumentou de 7 mil em 1994 para 10,7 sileiro de Software. A idéia é construir proposta de formalização do memoran-
mil em 2001, enquanto a força de duas unidades, uma no Brasil e outra do de entendimento, assinado em 2001,
trabalho ligada ao nicho cresceu de 121 na China, para incubar empresas pres- para a cooperação nos setores de Tecno-
mil para 158 mil no mesmo período. tadoras de serviços de internacionaliza- logia da Informação e Comunicações.
Mas nem tudo são flores: apesar da ção e tradução de software, incluindo A discussão também abordará um pro-
pesquisa identificar na indústria consultoria jurídica e ações para atrair jeto de implementação do CSBS, que
brasileira de softwares vantagens como capital de risco. Campina Grande (PB) atuará ainda como plataforma para a
a criatividade, a flexibilidade e a so- é forte candidata para receber as insta- pesquisa tecnológica conjunta e a
fisticação da demanda, há fraquezas a lações brasileiras por já abrigar uma realização de negócios entre empresas
serem corrigidas, como o “custo Brasil” unidade da Softex – Sociedade para Pro- dos dois países.
Notebook
A US Robotics deve iniciar em Latina a produzir modems ADSL em US$ 500 milhões, coincide
abril a fabricação, no Brasil, de mo- completos. O investimento foi possi- com uma boa fase para a gigante,
dems ADSL. A produção será ter- velmente impulsionado pelas parcerias que registrou lucro de US$ 991
ceirizada na unidade da Solectron, da fabricante com provedores banda milhões sobre um faturamento de
em Jaguariúna (SP). A empresa nor- larga como BrTurbo, Terra, UOL, US$ 4,7 bilhões no segundo tri-
te-americana quer chegar a 350 mil AOL e SuperIG. mestre fiscal de 2003.
unidades comercializadas no Brasil
em 2003, num crescimento de Após uma pausa no início da dé- A Impsat e a Global Software
250% em relação ao total obtido no cada, Cisco está retomando seu ape- estão atuando em conjunto na
ano passado. Os investimentos pro- tite habitual por aquisições. Depois integração de produtos em toda a
gramados até maio estão na faixa de ter adquirido recentemente a América Latina. O estreitamento
de US$ 1 milhão. Segundo Daniel Okena e a Signalworks, a última “ví- da parceria, iniciado há dois anos,
Pelegrini, diretor de Marketing da tima” foi o Linksys Group, que atua deve fortalecer o leque de soluções
US Robotics para a América Latina, no nicho de produtos para redes de data center oferecido pela
a fábrica será a única na América locais sem fio. O negócio, avaliado Impsat na região.
38 TELEBRASIL • MARÇO/ABRIL 2003