Page 58 - Telebrasil - Abril/Maio 2002
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           Tributo a um


                          guerreiro









          A saída de Renato Navarro Guerreiro da presidência da Anatei\ no
         início de abril\ surpreendeu a todos, dentro efora do setor de telecomunica­
         ções.. Surpreendeu não pelos motivos — conhecidos dos mais chegados a ele -
         que insp iraram o gesto, mas pela sensação de perda que o gesto simboliza.
           Sabiam os idealizadores do novo modelo das telecomunicações brasilei­
         ras que essa obra, para ser consumada, precisava de um agente para condu­
         zir e viabilizar o processo. Criou-se, por isso, a Anatei, entregue a Guer­
         reiro, que, entendendo ser a utopia muitas das vezes verdade prematura,
         edificou, com exemplar entusiasmo, singular equipe, que, partindo do zero
         e sem um antecedente nacional para se espelhar, fo i capaz de implementar
         a Agência em tempo mínimo e de realizar notável trabalho regulatório e
        fiscalizador 0 Brasil tem, hoje, estrutura regulatória das telecomunicações   0  foco na necessidade e no interesse do homem, espe­
    00   apontada como uma das mais avançadas do mundo.        cialmente os de mais baixa renda, fo i outro traço
    tn
           Com auxílio de equipe de especialistas que tão bem soube formar, Guer­  marcante da administração de Guerreiro, humanista
                                                               como pouco se vê na vida pública brasileira.
     TELEBRASIL/abril-maio  lheiros, à condição de instituição de ponta no universo público brasileiro.   pliada visão do setor o trabalho estratégico da Anatei na preparação do
         reiro elevou a Anatei, sempre com o apoio entusiasta dos demais conse­
                                                                 Guerreiro nunca se deixou levar pelo improviso. Devemos à sua am­
         Graças à determinação, à inteligência e à visão estratégica de Guerreiro,
                                                               País para a convergência tecnológica, evolução que começa a integrar o
         a Anatei não desapontou em nenhuma de suas atribuições. Nem mesmo
                                                               Brasil à chamada Sociedade da Informação, e para absorver os próxi­
         naquela não escrita: a de ser o primeiro e visível passo político-adminis­
         trativo do atual Governo para a modernização do Estado brasileiro com
                                                               brasileiras, sob a égide da Anatei que Guerreiro conduziu sem se incli­
         lastro no modelo regulador.                           mos avanços tecnológicos do setor. O novo modelo das telecomunicações
           Nos últimos quatro anos, os telefones fixos, móveis epúblicos se popula­  nar para quaisquer interesses, carrega outra virtude: a de ter alterado
         rizaram aos milhões. Essa evolução fantástica é  fruto de investimentos   e impulsionado para a modernidade o pensamento nacional no campo
         nacionais e estrangeiros, aportados ao setor por terem nossas telecomunica­  das telecomunicações. Graças ao novo modelo, as telecomunicações do
         ções, privatizadas, conquistado credibilidade graças à transparência e à   Brasil deste início de século pode ser comparada, sem bairrismo, às dos
         firmeza de atuação da Anatei, à clareza das regras criadas sob a tenaz e   países desenvolvidos.
         honrada batuta de Guerreiro e à diligente e firm e atuação das operadoras.  Com a saída de Guerreiro da Anatei, perde o setor das telecomunica­
           São mais amplos e profundos os resultados. As operadoras e a indús­  ções a presença, no serviço público, de um homem íntegro, inteligente,
         tria, sob o efeito catalisador e coordenador da Anatei, viabilizaram, com   entusiasta, com inusitada capacidade para amar, cuja sinceridade e ho­
         excepcional sinergia, a consolidação dafundamental infra-estrutura das   nestidade nunca foram postas em dúvida ao longo de toda sua carreira
         telecomunicações. Infra-estrutura que fez  crescer a economia da infor­  pública. Perde o técnico experimentado, competente, alegre, disciplinado
         mação, que tirou cidades, núcleos habitacionais e aldeias do isolamento.   epossuidor de uma incomum e feliz vontade de vencer. Perde o especia­
         Conduzida pelo braçoforte e ardoroso de Guerreiro, a Agência moderni­  lista abnegado, tão profundamente empenhado em materializar um so­
         zou regras e implementou a competição,providências que reduziram custos   nho, um ideal, que por longos anos sacrificou apropriafamília por uma
         e deram voz a milhões de brasileiros; conferiu qualidade aos meios de   causa que é  de todos nós. Por esse somatório de razões, esse guerreiro de
         transmissão de voz, de dados, de imagens e de sons, além de ter aberto as   perfil raro, que soube aliar inteligência à coragem e à ousadia por uma
                                                               causa nacional, merece o tributo de gratidão, o aplauso e o reconheci­
         trilhas para a redução paulatina dos excluídos digitais.
           A frente da Anatei, Guerreirofoi obstinado na montagem de um mo­  mento de todos os profissionais do setor e particularmente das empresas
         delo voltado para atender os interesses dos usuários, segundo o princípio   que compõem esta entidade. Perdemos o nosso companheiro de trabalho,
         da universalização.  Hoje, sobram telefones, situação até há pouco   mas não o Brasil, que ganhou uma semente nova, cheia de vitalidade e
         inimaginada pelos brasileiros. Entretanto, este excesso de oferta não se   formosura, um brasileiro mais forte, mais sensível e assim mais coeso com
         constituiu em um desejo e nem se constitui em um defeito. Este excesso é   as coisas da vida, pronto para alçar novo voo.
         agora uma oportunidade à nossa criatividade.            Felicidades Guerreiro e o nosso agradecimento!

                                                                      TELEBRASIL -  Associação Brasileira de Telecomunicações.
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