Page 14 - Telebrasil - Julho/Agosto 2001
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da liberdade; e  marcou  o que  era consi­  vem,  a fim de estabelecer métodos e mo­  deral foi dita como sendo uma das menos
             derado  moderno  (do  latim  recente),  su­  delos de referência -  como legislação  an­  violentas do mundo e o sistema informa­
             cedendo  o antigo.                 tidumping  e  antiprotecionista  -   para  a   tizado de eleições (com 6 milhões de elei­
              Mais  recentemente, a década de 90  foi   condução  dos  negócios,  visando,  assim,   tores), um sucesso do atual Governo.
             marcada pela idéia da complementarida­  se discutir tarifas comerciais.  O  Serviço Nacional de Proteção à Tes­
             de entre os países. Surgiu o termo (ambí­  Brasil  com  justiça      temunha já abriga 320 pessoas em  12 es­
             guo) “globalização”, que para alguns pas­  O ministro da Justiça, José Gregori, de­  tados  da  Federação.  Em  relação  o  com­
             sou  a  significar  a  evolução  do  moderno   fendeu  a  retidão  do  Governo  e  lembrou   bate  ao  tóxico,  o equivalente  a  160 tone­
             sistema  da  produção  rumo  à  geração  do   em  relação  à  sua  pasta  que  as  garantias   ladas  de  produtos  apreendidos  recente­
             progresso geral e que para outros é a anti-   pessoais,  nos  últimos  sete  anos,  não  so­  mente  pela  polícia  foram  queimadas  nos
             utopia  de  um  mundo melhor.     freram  nenhum  arranhão.  A   Polícia  Fe-  fornos da Cosipa, na Baixada Santista.
              Há países, como o Japão, em que ocor­
             reu  a  modernização,  sem  desprezo  pelo
                                                             Energia:  um  calcanhar
             que  era  antigo.  Em  outros, como  os  paí­
             ses  muçulmanos,  a  modernização  criou
             conflitos  graves.  E,  finalmente,  em regi­             de  Aquiles
             ões  como  na  África  do  Sul  procura-se  a
             conciliação entre o  moderno e o antigo.  A  crise  do  setor de energia elétrica,   rente -  um engenheiro eletricista -  dis­
              -   Para  um  país,  a  globalização  repre­  cuja  maior  fonte  é  a  hidráulica,  está   se  que  nos  últimos  cinco  anos  foram
             senta riscos e oportunidades -  disse C el­  sujeita  ao  regime  de  chuvas  do  País,   acrescidos 7 mil quilômetros de linhas
             so Lafer, acrescentando, diplomaticamen­  particularmente  escassas  de janeiro  a   de transmissão ao sistema energético.
             te,  que  há  os  que  defen­               abril deste ano. “Mas ocorre­  Estabeleceu-se a  competição  nas  ati­
             dem os riscos da globali­                   ram problemas de coordena­  vidades  de  geração  e comercialização
             zação como sendo inevi­
                                                         ção e de comunicação no Go­  de energia e criou-se um órgão regula­
             táveis.  O  mercado  é  um                  verno”,  admitiu  o  ministro   dor.  A  atividade  de  transmissão  está
             mecanism o  eficaz  que                     Pedro  Malan,  que  não  quer   sendo regulada.
             não  tem  consciência  ou                   ouvir  falar  de  investimentos   Prioridade  será  dada  à  importação
             misericórdia  e  é  preciso                 públicos para resolver a crise.  de  equipamentos  para  usinas  térmi­
             inseri-lo  na  sociedade,                     O  investim ento  m édio   cas  e  que  sofreram  atraso  por  varia­
             com direção social.                         anual no sistema elétrico, no   ções cambiais. Os mecanismos da pro­
              No terreno das oportu­                     período  de  1998  a  2000,  foi   dução e distribuição de gás estão sen­
             nidades,  a  globalização                   de RS 3,2 bilhões, contra RS   do aperfeiçoados e as privatizações no
             deve  trazer  as  fronteiras                2,2  bilhões  ocorridos  em   setor  de  energia  estão  suspensas.  O
             da  cooperação  e  não  da                  toda a década de 90.  Dentre   Governo criou, em  maio  deste ano, a
             separação entre os países.                  as iniciativas do Governo ci­  Câmara de Gestão de Energia, cuja di­
             Para  o  Brasil,  o  desafio                tam-se  a  ativação  de  15  das   reção entregou a Pedro Parente.
                                     Os  alicerces  para
             importante  é o  de  men­                   23  usinas  cujos  planos  esta­  -  A  melhor hipótese para 2001 será
             talidade. A  partir da Rio                  vam  paralisados,  o gasoduto   a  de  não  haver  a  interrupção  do  for­
                                     um  país estável
             92,  mudou a política ex­                   Brasil-Bolívia, a terceira tur­  necimento  (“apagão”).  Se  ocorrer,  os
             terna brasileira.                           bina  de  Itaipu  e  a  linha  de   transtornos  serão  inevitáveis  -   ainda
                                     estão  lançados"
              Segundo  o  m inistro                      transmissão  de  alta  tensão   que haja metas diferenciadas -  e cada
             Celso  Lafer,  um  país  da                 para o Nordeste.         unidade  de  consumo  terá  que  admi­
                                       Armínio  Fraga
             importância do Brasil só                      A receita ortodoxa para su­  nistrar  seu  próprio  racionamento.  A
             tem a ganhar ao se inse­                    perar o déficit de energia será   normalização total da oferta só acon­
             rir  no  mundo  interna­                    diminuir o consumo -  a  po­  tecerá em 2003 -  foi o quadro descri­
             cional. “A  autonomia do             pulação colaborou -, expandir a ofer­  to por Pedro Parente.
             País  não  será  construída  pelo  desencan-   ta,  repensar  o  mercado  regulatório   Dentre as medidas do Governo para
             tamento e pelo isolamento e sim por uma   para o gás e equacionar o mercado ata­  minorar a crise, citam-se o monitora­
             participação ativa na nova arquitetura in­  cadista de energia. Fala-se em energia   mento  do  consumo,  o  ajuste  do  im­
             ternacional  e  na  negociação  comercial.   alternativa  (eólica,  solar,  álcool  e  ba­  posto de importação, a atuação seleti­
             Esta é a atual política do Itamaraty”, disse   gaço de cana), ativação de Angra III e   va  do  B N D E S  e  o  mapeamento  de
             o ministro.                          uso  da  Nuclep  para  fabricar  turbinas   empresas que podem ceder energia. A
              Em  relação à inserção do Brasil na Alca,   a gás, de ciclo fechado.  médio prazo,  o setor público vai  par­
             está ocorrendo uma  primeira fase  de  ne­  O  ministro-chefe  da Casa  Civil da   ticipar de obras indispensáveis,  como
             gociação, que vai até o meado do ano que  Presidência  da  República,  Pedro  Pa­  em  linhas  de  transmissão.  (JC F)
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