Page 12 - Telebrasil - Julho/Agosto 2001

Conjuntura

Ministros

dão retrato do País
João Carlos Pinheiro da Fonseca

A situação do País,

decorridos sete anos do

Plano Real, foi posta em

perspectiva pela equipe

do Governo, em
seminário de um dia,

durante a posse do

economista Ma rd li o

Marques Moreira à frente

da Associação Comercial

do Rio de Janeiro.
A sociedade anseia por soluções para seus problemas

0 ministro da Fazenda, Pedro M alan, 1998 e 1999 o crescim ento da econom ia foram citadas como exemplos do acerto da
do País tenha sido mais lento. Em 2000,
lembrou a situação caótica do País,
política do atual Governo.
segundo o IB G E , o Brasil voltou a crescer
anterior ao Plano Real. A hiperin-
Quanto às áreas críticas a serem m oni­
flação tirava qualquer base de referência 4,46% e as perspectivas para 2001 são toradas, M alan distinguiu o contexto in­
da economia. O salário mínimo que, em boas - mesmo com a crise energética —, ternacional (com turbulências na Indoné­
julho de 1993, valia quatro milhões de com alto crescim ento industrial e de bens sia, Turquia e Argentina), a agenda pen­
unidades monetárias, em realidade se tra­ de capital. dente no Legislativo (tributação e lei das
duziu por apenas 6 U R V s, em .1994. - O País tem potencial para crescer - S.A s.), as pressões inflacionárias, o paga­
Numa década perdida, sete dos 11 anos disse o ministro da Fazenda, acrescentan­ mento de dívidas do País e o respeito a
- d e 1981 a 1992 - que antecederam o do que o setor privado é saudável inter­ contratos firmados.
Plano Real, a economia do Brasil pouco nacionalm ente e que no setor público Segundo o ministro, “o Governo não está
cresceu e a concentração de renda aumen­ mudou o regime da responsabilidade dos paralisado e irá exercer até o último dia o
tou. Em 1993, 1% da população se apro­ estados e foi equacionado o problema da seu mandato” e a oposição errou ao subes­
priava de 16% do P IB (hoje se apropria de previdência. timar, em 1994, o desejo da população para
13%) e o sistema financeiro dependia da Pedro M alan rejeitou o apelido de neo- que se alcançassem preços estáveis.
inflação, com 30% da receita das empresas liberal, atribuído ao Governo federal, e fez Desafios econômicos
sendo de caráter inflacionário. a apologia da social-democracia com liber­ Para o economista Edm ar Bacha, consi­
Com a inflação elevada, os níveis de so­ dade individual, justiça social - o cidadão derado um dos pais do Real, o maior méri­
negação eram altos (como em correções de saudável e educado é mais livre - e efici­ to do Plano foi recuperar a capacidade de
balanço), a indexação do câmbio era diária ência nas áreas privada e pública. “Roma, crescimento do País.
e o País encontrava-se fechado ao investi­ porém, não se fez num dia e será necessá­ A década de 40 foi a de crescimento da
mento internacional. rio o trabalho de gerações para equacionar nossa produtividade, que mede o melhor
O Plano Real derrotou a inflação em três todos os problemas estruturais do País”. uso dos recursos existentes - nos E U A é
meses e a economia voltou a crescer, ape­ Em relação às privatizações, o setor pú­ da ordem de 1,5% a 2% e que baixou
sar das crises internacionais que ocorreram blico não tinha recursos suficientes para nas décadas subseqüentes chegando a zero
no M éxico (1995), na Ásia (1997) e na expandir a infra-estmtura do Brasil. As na década de 70, sendo negativa nos anos
Rússia e E U A (1998). telecomunicações, a siderurgia e a introdu­ 80 e só voltando a ser positiva (0,9% ) na
D e 1993 a 2002, o nosso P IB não apre­ ção da competição na área de petróleo - década de 90.
sentou nenhuma queda, ainda que em 40 empresas concorrem com a Petrobras - M as ainda há desafios. Edm ar Bacha