Page 52 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 2000
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Marconi adquire empresa Cisco e Brasil Telecom
de transmissão unem forças
A Marconi adquiriu, por US$ 170 milhões, a Splice Trans Cisco e Brasil Telecom fir recidas, concedendo-lhes um
missão, que tinha um faturamento anual de US$ 120 mi maram parceria para melhor selo de qualidade. Cerca de
lhões e fabricava equipamentos da Marconi sob licença. A atender o mercado corporati 30% dos 1.200 revendedores
negociação foi iniciada há dois anos, mas acelerada a partir vo, oferecendo soluções perso da Cisco estão na área de atu
de março último. A Splice Transmissão foi desmembrada do nalizadas. Os revendedores da ação da operadora e o diretor
Grupo Splice, há três meses, para facilitar sua venda para a Cisco e a equipe de vendas da operacional da empresa, Car
Marconi. Sessenta e quatro milhões de dólares serão pagos
operadora atuarão em conjun los Carnevalli, contou que as
à vista e o restante num período de três anos.
to e o presidente da Brasil Te duas companhias vão poder ex
O Grupo Splice, com faturamento previsto de R$ 1,40
lecom, Henrique Neves, plorar a sinergia
bilhão, em 2000, deverá usar estes recursos para investir na
Splice IP, empresa que atuará em portais e no acesso a rede disse que eles vão iden Cisco Systems de suas opera
por celulares; e para disputar a licitação do SMP. O grupo tificar nichos de merca ções. A Brasil Te
tem duas operadoras celulares, a TCO (Banda A) e a NBT do e apresentar projetos lecom tem uma
(Banda B), que fabrica TPs e cartões telefônicas e possui que atendam as neces equipe de vendas
outros negócios. Acabou de criar uma nova divisão, a de sidades das empresas. de 286 profissio
Tráfego e Transporte, que desenvolve equipamentos para Pelo acordo, a Cisco irá nais em sua área
radares eletrônicos e bilhetagem de estacionamento.
auditar as soluções ofe BrasilTelecom de atuação.
Economia
A ordem econômica internacional
idealizada por Keynes
Svdnev A. Latini
Os crescentes protestos contra a globali mental, a ser apoiado em todas as opera A organização do
zação tornam oportunos os comentários di ções econômicas internacionais. comércio internacio
vulgados no “Relatório do Desenvolvimen Keynes foi mais longe do que os gover nal, tal como Keynes
to Humano - 1999”, elaborado pelo Pro nos estavam preparados para aceitar. Pro a idealizou, tinha
grama das Nações Unidas para o Desen pôs um fundo com acesso a recursos equi funções muito além
volvimento - PNUD -, a propósito da vi valentes a metade das importações mun da atual Organização Mundial do Comér
são de Keynes para a governança mundial. diais. Ele idealizou o FMI como um ban cio. O órgão proposto por Keynes não era
A arquitetura da governação internacio co mundial, emitindo sua própria moeda só para manter o livre comércio, mas, tam
nal estabelecida após a II Guerra Mundial de reserva (Bancor). Nos anos 70, o Fun bém, para ajudar a estabilizar os preços
era, em vários aspectos, mais avançada do do foi autorizado a criar um montante dos produtos primários, essencialmente
que aquela que existe hoje: limitado de direitos de saque especiais através de acordos para constituição de
• havia uma visão integrada das institui (DSE), mas estes constituem menos de reservas de amortecimento.
ções das Nações Unidas e de Bretton 3% da liquidez mundial atual. Keynes foi ainda mais longe. Reconhe
Woods, trabalhando em conjunto como par Keynes colocou o peso do ajustamento ceu que os preços internacionais de logo
tes de todo o sistema da ONU; tanto sobre os países “excedentários” prazo dos produtos primários deveriam ser
• os direitos econômicos e sociais eram ob como deficitários, idealizando mesmo uma fixados quer em relação às condições eco
jetivos fundamentais. A Carta das Nações taxa de juro de 1% por mês para penali nômicas para uma produção eficiente,
Unidas enfatiza que as “condições de es zar excedentes comerciais pendentes. Na quer em relação às condições humanas
tabilidade e bem-estar são necessárias para prática, os países deficitários (sobretudo para uma nutrição adequada e outros re
relações pacíficas e amigas entre os países” os em desenvolvimento) têm suportado quisitos para garantir um nível de vida
e que “todos os membros se comprometem a maior parte dos custos de ajustamentos decente entre os produtores primários (um
a desenvolver ações conjuntas e separadas, - exceto no caso dos Estados Unidos, que princípio que, como Keynes reconheceu,
em cooperação com a organização, para “pro podem evitar o ajustamento porque o seu podia aplicar-se da mesma forma aos pro
mover” padrões de vida elevados, pleno em déficit serve para fornecer dólares neces dutores de bens transformados).
prego e condições de progresso econômico sários para a liquidez do sistema mundi A preocupação direta com a nutrição e
e social e de desenvolvimento”; al. O FMI exerce, atualmente, alguma níveis de vida ainda não foi incorporada
• o FMI e o Banco Mundial seriam com disciplina monetária, porém apenas so nos princípios do comércio internacional.
plementados por um terceiro organismo, bre os países em desenvolvimento, que Sydney A. Latini é economista e
uma entidade de comércio internacional; e são responsáveis por somente 10% da colaborador permanente da TELEBRASIL.
• o pleno emprego era um objetivo funda liquidez mundial. Salfls@homeshopping.com.br
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