Page 27 - Telebrasil - Julho/Agosto 2000

redução do seu custo. E será, possivel­
mente, este o efeito decisivo para que a
grande massa de usuários das classes C c
D possa ter acesso ao serviço móvel, des­
frutando dos seus benefícios.
Num horizonte de apenas mais alguns
anos, uma significativa parcela dos cida­
dãos brasileiros poderá comprar c usar,
aqui e no exterior, os mais modernos apa­
relhos móveis da terceira geração IMT-
2000/U M T S - International Mobile Te-
lecommunications/Universal Mobile Tele­
communications System —, produzidos
mundialmcnte em larga escala para fun­
cionam ento na freqüência dc 1.9 a 2.1
G H z. Não serão mais os aparelhos celu­
lares que hoje conhecemos, porém verda­
deiros computadores pessoais de bolso,
continuamente conectados à Internet em
alta velocidade, que tornarão, entre ou­
tros, o antigo sonho da videocomunicação
uma realidade corriqueira. E a preços aces­
síveis! C om base no uso destes equipa­
mentos, lazer e trabalho, cada vez mais,
estarão se fundindo num contexto de ele­
vada produtividade e dc satisfação pes­
soal do cidadão da nova economia.
Impactos de natureza
geopolítica
Através de sua decisão, a Anatei de­
m onstrou que enxerga no alinhamento
internacional de suas comunicações mó­
veis avançadas uma das suas grandes pri­
oridades. N os trabalhos desenvolvidos a
partir da Consulta Pública 198, não en­
controu nenhum m otivo dc natureza
impeditiva que a demovesse do objetivo
de introduzir no Brasil, já no decorrer dos
próximos anos, o IM T-2000.
Por isso, a decisão tomada pela Anatei
sinaliza ao mundo que o País compreen­
de perfeitamente as correlações entre o
alinhamento internacional de suas comu­
nicações móveis avançadas e o seu de­
senvolvimento econômico e social futuro.
Sinaliza, ainda, que entende que os be­
nefícios advindos deste alinhamento in­
ternacional superam eventuais desvan­
tagens setoriais momentâneas ou menos
amplas. E, finalmente, deixa transparecer
que o Brasil tem, com base numa maior
integração internacional das suas teleco­
municações móveis, o propósito de estrei­
tar suas relações comerciais em nível glo­
bal, e não apenas, de maneira discrimina­
tória, com os países das Américas.
Dessa forma, pode-se dizer que a Ana­
tei tomou uma decisão sintonizada com a
forma dc atuação brasileira no cenário in­
ternacional, a dc um verdadeiro global
player.
Infra-estrutura global
da informação
A construção da infra-estrutura global
da informação, possivelmente um dos mais
espetaculares projetos futuros, encontra-
se por sua vez numa fase embrionária e
inserida no contexto de um complexo de
experimentos patrocinado pelos países do
G-8. De uma maneira muito geral, reco­
nhece-se que tal infra-estrutura deverá promovê-la num prazo
emergir de um núcleo resultante da con­ não muito longo, já que disto resul­
vergência das grandes redes globais: as re­ tarão vantagens com erciais para
des fixas, as redes móveis e a Internet. E ambas.
tal convergência, a ser impulsionada mais Num passo além, e assumida a introdu­
pelas forças do mercado do que pelas mãos ção do padrão global U M T S de 3G no
dos técnicos, se dará tão mais fácil e rapi­ Brasil, a convergência fixo-móvel-Intemct
damente quanto mais convergentes forem continuará assegurada, então, num pata­
todas estas redes. mar já bem mais avançado. Isto porque o
Se no Brasil a convergência fixo-Inter- padrão U M T S foi desenhado para tor-
net já ocorre, a convergência fixo-móvel nar-se uma extensão natural das redes
poderia nunca se viabilizar, visto que as G SM , das redes fixas seguindo as reco­
atuais redes móveis brasileiras utilizam mendações da U IT e também da Inter­
protocolos dc sinalização desenvolvidos net em seus estágios mais evoluídos (por
para a realidade norte-americana, incom­ exemplo, IPv6).
patíveis com a rede fixa que aqui segue as Finalmcnte, a convergência das redes
recomendações da UIT. Com a adoção anteriores com as redes dc televisão digi­
pelo Brasil dc redes GSM , desenvolvidas tal móvel e as plataformas de comunica­
para funcionarem como sendo uma “ex­ ção multimídia domésticas, interligando
tensão" de redes fixas seguindo as reco­ toda uma miríade de equipamentos eletro-
mendações da UIT, a convergência fixo- cletrônicos e de informática do cidadão do
móvel-Internet poderá se dar de maneira futuro, deverá, em nosso modo de ver, ser
absolutamente natural nas nossas para­ alvo dc muita atenção pela AnateL A pos­
gens. Tal facilidade dc convergir redes fixa sibilidade de convergência entre todas es­
e GSM no Brasil será ao mesmo tempo tas redes de m odo internacionalm ente
um estímulo reali- aderente constituirá uma das condições
mentador para fundam entais para que o Brasil possa
que operado­ engajar-se na construção da mais espeta­
ras fixas e cular de todas as redes, a infra-estrutura
m óveis se global da informação. E será ela também,
interessem muito além das próprias telecomunicações,
a base para o estabelecimento e o desen­
volvimento da futura Sociedade Global da
Informação no Brasil, a ser constituída por
nossos filhos e, com um pouco de sorte,
ainda mesmo por todos nós!
Mário Baumgarten é consultor-geral de Marketing
Estratégico da Siemens Information and
Communications. Paralelamente, ocupa o cargo de
chairman do UMTS Forum no Brasil, entidade oue
atua na promoção do desenvolvimento do sistema
móvel global de terceira geração, o IMT-2000/UMTS.