Page 74 - Telebrasil - Julho/Agosto 1997
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C olab o ração : M urillo L am as(*)
emprego está na ordem do dia! ticulares. Na verdade, deve sim. conseguir ultrapassar
Estamos presenciando a barreira do emprego a barreira comercial de proteção ao emprego.
de franceses e ingleses criando obstáculo im I loje, para o mercado de consumo, nossas proteções,
portante à efetivação da União Européia. via norma, são bisonhas. O país importa produtos de
Aqui, a inexorável globalização também obriga-nos a qualquer procedência, mesmo os de má qualidade.
ser cautelosos na liberalização dos postos de trabalho Por outro lado, usar regras de outros países não seria
dos brasileiros. E notório que os países desenvolvidos uma boa solução.
sempre conseguem proteger o emprego de seus cida No caso particular das ISO 9000, nós as estamos
dãos - uma renda f.jr :jpitj elevada. Como? usando. 1 os europeus ficam felizes... O país iíca aber
Pela força, de qualquer tipo: pressão, diplomacia, to a importação de seus produtos, a concorrência dimi
guerra...; recurso largamente utilizado, ou, nui e, se algum dia, começarmos à interferirem seu
No mundo globalizado, também, inteligentemen mercado, estará na hora de modificar convenientemen
te: fixam -se regras próprias c convenientes para te a norma.
comercialização, financiamento e aquisição de em pre Nota: I loje, isto já é fato com a introdução da nova
sas. ISO 14000. \
( orno o Brasil não é um país belicoso e é carente em (> discurso de nosso presidente nas Nações Unidas
recursos financeiros, descarta-se imediatamente as op abordou este tema: i
ções força, financiamento e aquisição de empresas. Ao o meio am biente passou a ser utilizado como
contrário, com a ‘'globalização" o que veremos é o país pretexto para práticas protecionistas que minam as ba
cedendo a pressões e o capital das empresas brasileiras ses de um sistem a eco n ó m ico aberto e não
sendo desnacionalizado com os novos donos tendendo discrim inatório (...)" (jornal "O Globo”, 24/jun/1997)
a privilegiar empregos cm empresas fornecedoras de Restam-nos, no entanto, alguns oásis onde a norma
seus países de origem. lizaçao criou uma efetiva barreira. Um deles é o Siste
Solução: ma de Qualificação Telebrás (SQT). Note-se que esta
Somente duras regras de comercialização poderão Imalidade loi um subproduto no início não havia
m inim izar o efeito devastador da "globalização” sobre desemprego no setor.
os empregos. Na verdade ele é uma adaptação das nonnas de tele
E fato que o Brasil necessita fazer parte da OMC. comunicações americanas, francesas, inglesas calemãs,
Suas regras, no entanto, impedem os métodos dc prote entre outras, e se tornou necessário para modificar o
ção tradicionais, como a proteção alfandegária ou a si ttus de colcha de retalhos que era o nosso sistema à
isenção de impostos, entre outros. Portanto, seguir os época. E foi muito feliz em seu objetivo. Hoje temos
países desenvolvidos e criar regras próprias para im um setor normalizado com clientes e fornecedores fa
por restrições à penetração cm nosso mercado, seria o lando a mesma língua.
método. "Globalizações” à parte, os americanos e os euro
A "obrigatoriedade” das ISO 9000, da UL, entre ou peus (para não sc falar em outros países ainda mais
tras, nos mostra o caminho. Seria um ledo engano con fechados, como o Japão) não rasgaram suas normas.
tundir a exigência do atendim ento às citadas normas Entendo, portanto, que o SQT enquadra-se como fer
com uma eventual preocupação com a melhoria da qua ram enta im prescindível a ser mantida quando da
lidade. () exemplo claro do artifício é a sua imposição privatização do Sistema Telebrás. Não precisamos dc
aos japoneses. O sistema japonês de qualidade total é outra norma em Telecomunicações. Já a fizemos!
reconhecido mundialmente mas, por si só, não é sufici O SQT é uma realidade a ser mantida e aperfeiçoa
ente. Sc o Japão desejar vender para algum destes mer da. Os outros é que se adaptem a ele quando aportarem
cados "globalizados " deverá seguir suas normas par cm nosso país.
(*) Diretor-presidente da Avel Eletrônica Ltda.