Page 58 - Telebrasil - Julho/Agosto 1997

TECNOLOGIA
N o v a
t e r m
l i g a ç ã o
o iniciar-me no setor de teleco­
municações encontrei na Erics­
son o engenheiro Joaquim Fon­
toura e o tive como companheiro
de trabalho durante muitos anos. Dedi­
cando sua vida profissional principal­
mente aos problemas c às atividades da
Rede Externa, entre suas muitas mis­
sões, foi encarregado pela Ericsson do
planejamento e projetos das redes urba­
nas de Brasília, atendendo a uma licita­
ção da Novacap (1957) da qual saiu ven­
cedor seu projeto.
Entre as obrigações, fazia parte a im­
plantação, em extrema urgência, de uma
rede provisória com uma central de tre­
zentos terminais para servir às constru­
toras e à Novacap que. então, edificavam
a futura Capital e que só dispunham de
telefones a magneto (manivela) para se
comunicarem, incompatíveis com o rit­
mo frenético do imenso canteiro de obras
que era então Brasília.
Esse desafio, muitas vezes com jor­
nadas de 24 horas, tinha de ser com­
pletado em sete semanas. E o foi. Mui­
tas eram as dificuldades com os traba­
lhos de terraplanagem que obrigavam a
freqüentes deslocamentos dos postes. E
a rede, que era total mente metálica e
aérea, sofria com os remanejamentos
obrigatórios para permitir a livre movi­
mentação de terra e das máquinas, com
inevitáveis danos aos cabos, exigindo
uma equipe permanente de manutenção.
Havia naquele tempo, devido talvez
ao embate natural dos projetos e das li­
citações, certa rivalidade entre as ativi­
dades de planta interna (comutação) e o
time da rede externa. O Fontoura, tal­
vez para se vingar, dizia ironicamente
que “o difícil mesmo num sistema tele­
fônico eram as centrais comutadoras, já
que a rede externa — ora, a rede exter­
na — era muito simples, formada ape­
nas de dois lios...”
A provocação era evidente, pois a
implantação das redes sempre tinha se
t e c n o l o g i a s u b s t i t u i o p a r d e c o b r e d a i i n h a d o a s s i n a n t e ,
i n a n d o c o m m a i s d e u m s é c u i o e m e i o d e d e p e n d ê n c i a d e s s a
f í s i c a d o a s s i n a n t e c o m a c e n t r a i c o m u t a d o r a .
C o la b o r a ç ã o : A n t o n io M . F e r r a r i
mostrado o elo mais difícil e crítico, não um bairro que se desenvolveu repenti­
só em relação aos prazos como também namente. e ociosidade de cabos em par­
aos custos e desafios do ambiente a céu tes da cidade que pararam bruscamente
aberto. de crescer.
A rede externa representando um Sendo uma atividade mobilizadora de
componente disseminado por toda a área grandes contingentes de recursos huma­
a ser atendida, sofre com as dificulda­ nos, desde a mão-de-obra braçal na cons­
des em obter permissão das autoridades trução de galerias de dutos até a qualifi­
municipais, do transito, interferência cação especializada na execução do pro­
com outras obras públicas, e com inter­ jeto e no puxamento e emenda de cabo
rupção dos trabalhos com as chuvas. a rede externa tem se mostrado ao lon­
Como se trata de obra irremovível go dos anos, uma atividade de difícil
após a implantação, o resultado do pro­ gerenciamento de prazos, de custos e <k
jeto é muito sensível às alterações das qualidade.
tendências de crescimento da cidade e Sua dispersão geográfica, sua expo­
consequente demanda de terminais. Seu sição direta aos agentes climáticos.hem
tempo de maturação entre a coleta de como interferências com os serviços de
dados para o projeto e sua conclusão é água, esgotos, eletricidade, vias públi­
muito longo: dois ou três anos, sendo cas e edificações, causam-lhe frequen­
freqüente seu descompasso com a dis­ tes acidentes, com altos custos de ma­
tribuição geográfica da demanda quan­ nutenção e com interrupção do ser\iço
do da sua conclusão. Essa falta de flexi­ telefônico. Apesar de tudo, os homens
bilidade é freqüentemcnte responsável de telecomunicações tinham de valer-se
pela escassez de facilidades da rede em desse componente, até então insubs-
Caracterização da rede convencional
Central
telefônica
Cord3o do
aparelho
Cabo
Caixa de
r
Armário de secundário distribuição telefônico
Cabo ;>W0»
primário
Cabo
subterrâneo
da rede WLL
Central
telefônica
ou C.C.C. Meios de transm issio
Controladora
de radiobase
Figura 1 - Rede pública de acesso