Page 36 - Telebrasil - Março-Abril 1996
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João Carlos Pinheiro da Fonseca
Roberto Pinto Martins, do Minis
Telexpo'96 foi marcada pela
tério da C&T, observou que o setor
chegada de um novo paradigma
industrial eletrônico faturou cerca de
para as telecomunicações. A si
US$3 bilhões e que há uma política
multaneidade das apresentações
não permitiu acompanhar todos os tecnológica sendo aplicada, ainda que
pronunciamentos mas alguns flashes falte um plano para atacar as expor
significativos dão o clima das dis tações. Rogério Furtado, da Abinee,
cussões. Apesar das farpas do tipo “a disse que, de fato, o setor faturou de
empresa privada adora competir mas US$2,5 a US$3,0 bilhões mas obser
odeia competidores" ou “ o monopólio vou que a proporção de produtos im
é como um elefante que a competição portados cresce rapidamente. Antonio
pode ensinar a dançar, mas continuará Verner Dittm er (Equitel) Moreira, do Minicom concordou que
sendo um elefante", o Congresso da entregando o prêm io Telexpo ’96 novos mecanismos devem ser encon
Telexpo esteve repleto de pronuncia trados para regular o mercado e o con
mentos sérios e participativos. ciliador Erno Pailinuy, do Ministério
Com a próxima aprovação da Lei da Ind. Com. e Turismo, disse que
Mínima muda a economia e o am "não adianta olhar pelo retrovisor e
biente industrial das telecomunica beneficia a classe média. Gilberto sim para frente" e que "Governo
ções, explicou José Eugênio Guizard Gomes postulou que "as TCs são hoje e iniciativa privada devem operar
Ferraz, presidente da GTE no Brasil. um insumo da produção e c preciso em parceria".
Iremos conviver com os regimes de desbastar o custo Brasil das teleco O diretor da P irelli, Ludgero
monopólio, concorrência limitada municações para que nossa indústria Pattaro, falou do alto "custo Brasil''
banda A e B — c de concorrência possa competir no exterior". Waklyr que faz a soja que é barata no pro
plena. No monopólio deve ser fixada Pereira dos Santos, da Societé Inter dutor chagar muito mais cara ao em
uma tarifa máxima para o serviço por nationale des Teleeommunications barcar para o exterior. No caso da
que falta competição para conter os Aeronautiques-Sita, numa aula de rede externa essencial para as
preços. Já na economia de mercado, direito público, distinguiu os serviços telecomunicações — é preciso atua
a concorrência limita os preços, desde públicos essenciais à comunidade lizá-la tecnologicam ente e dar-lhe
que haja um orgão regulador para e pagos por impostos dos de utili capacidade adequada. O Brasil foi
fixar um limite mínimo e evitar o dade pública, como o transporte públi escolhido pela Pirelli como um dos
"dumping" e a cartelização. Acabou co e remunerados por tarifas e preços. três pólos mundiais para fabricação
o tempo da revisão de tarifas, como intensiva de fibras ópticas e Pattaro
no monopólio, mas um orgão regula Nó górdio anunciou que uma unidade industrial
dor deve manter justa, a competição. Do lado industrial, percebeu-se que de alta capacidade irá ser inaugurada
Gilberto Gomes, da área de tarifas exportar produtos é um verdadeiro nó ainda este ano.
do Minicom, mostrou que a receita do górdio. Antonio Beldi, da Splice,
sistema Telebrás é composta em pediu mais ação governamental e
75,8% por telefonia (45,1% é o menos discurso e advogou maior
interurbano), 1 2 % pelo móvel celular, proteção da pequena e média empresa
7,9% por dados e 4,3% por outros brasileira. Grandes grupos mundiais
serviços. A cesta básica das tarifas formam uma frente competitiva, in
no Brasil se situa em torno de tegrando fornecedores, prestadores
US$180,00, relativamente baixa se de serviços e industriais coligadas
não for computada a carga tributária debaixo de um mesmo guarda-chuva,
que, esta sim, é uma das mais altas. em que fica difícil penetrar. Para José
O Brasil tem 38,21% de tributos Ripper, da AsGa, o empresariado
pesando sobre sua telecomunicações, local está no pior dos mundos, pois
enquanto que o México tem 15% e encontra juros altos ao investir e
o Japão apenas 3%. esbarra com dólar barato ao querer
Fernando Vieira de Souza (H&T)'
Uma das distorções tarifárias é o exportar. Ele citou o exemplo da
estivemos atento às
subsídio à telefonia local (17,5% da Coréia que passou a comprar ape transformações para organização
receita global do sistema Telebrás) nas CDMA para desenvolver, local do Congresso
uma situação que, em última análise, mente, sua indústria.
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