Page 53 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1995
P. 53
Dados Mundiais mação. Segundo o executivo, muito utilização das infovias existentes e
Este é apenas o princípio. Para os que da infra-estrutura da GII já foi cons futuras. “O mercado das comuni
gostam de analisar dados, a quanti truída e seu sucesso dependerá da cações locais será o melhor negócios
dade de usuários mundiais da infoco- escolha que o consumidor fará. Este do mundo”, prognosticou Pekka
municação é de 62 bilhões dc usuá será um mercado em que o setor Tarjanne, complementando que:
rios (1994). Deste total, 38 milhões privado terá papel fundamental. “O sonho da infocomunicação
são de linhas telefônicas, 19,2 milhões O secretário Pekka Tarjanne, em global deve levar em conta, porém,
de telefones moveis, 14,5 milhões de palestra com os jornalistas, disse que que seus segmentos têm graus dc
televisão por cabo e 13,9 milhões a nova estrutura mundial da infor penetração distintos. Os computa
da Internet. O setor que mais cresceu mação é caracterizada pela grande dores pessoais se concentram nos
(período 93/94) foi o fenômeno capacidade dos meios de comuni países e nos indivíduos mais ricos.
Internet (131%) — basicamente nos cação, pela digitalização, em que As linhas telefônicas alcançam as
países de língua inglesa — seguido bits— minúsculos impulsos elétri economias médias. Os televisores
pela explosão da telefonia móvel cos padronizados — unificam qual- chegam às camadas de baixa renda.
(74%). A telefonia convencional quer tipo de informação e pela indi- E há muitos itens de regulamentação
cresceu 21% e a televisão por cabo
apenas 5%. As vinte e cinco maiores
empresas do mundo geraram quase
800 bilhões de dólares, registrando um
crescimento de 7%.
Mas a distribuição do progresso
das telecomunicações — tangido
pelo software e pela microeletrônica
— é desigual entre países ricos e
pobres. Segundo Pekka Tarjanne,
secretário geral da U1T, “duas em cada
w
três pessoas que compõem a popu
lação mundial nunca deram sequer
um telefonema.” O presidente da
África do Sul, Nelson Mandela, disse
ao abrir o Telecom'95 que a Revo
lução Gobal da Informação “se não
atingir os subdesenvolvidos, não terá
sido nenhuma revolução. A política
das TCs tem que ter a coordenação
internacional e enfatizar a educação
das novas gerações dos países po
bres”. Jacques San ter, presidente da
Comissão Européia, afirmou que uma Não é só o setor público o atingido pelo vendaval da m udança.
A indústria privada tam bém pagou a sua cota.
política-chave na Europa é “garantir
um serviço mínimo para todos”.
Um dos termos mais falados em
Genebra foi o da “Estrutura Mundial vidualização da informação que que precisam ser equacionados,
da Informação ou Global Information passa a privilegiar o usuário final. como o do serviço universal — um
Infrastructure - GIF’, ainda que per Crescerá a competição entre redes e conceito a ser redefinido — do sigilo
cebida sob diversas óticas. Os opera serviços, mas também crescerão da comunicação, do direito de acesso
dores de TCs a viram como uma rede alianças e parcerias. A união das aos meios e da permanência do mo
digital de alto desempenho, facili telecomunicações, informática e en nopólio, sob suas diversas formas”.
tando o acesso a dados de alta velo tretenimento permitirá o surgimento Para o analista da conjuntura
cidade. O mundo da informática, de novos serviços que a sociedade internacional, o momento atual é
como um meio multimídia carregando estará disposta a pagar. delicado para as operadoras de tele
simultaneamente sinais de voz, dados, Segundo o secretário, as opera comunicações e que se resume em
texto, imagens. A indústria do entre doras de telecomunicações, com sua duas palavras — pesados investi
tenimento, como um suporte para a clássica experiência em manter, mentos. Ainda que a telefonia passe
televisão interativa, centro eletrônico faturar e controlar grandes redes, em redes de tevê a cabo ou da Internet
da comunicação, no lar. estão em boa posição para explorar ou jogos de vídeo cheguem à casa do
Pela definição de John Davies, as novas estruturas globais da infor usuário, via telefone, grandes volumes
vice-presidente da Network mação e não deveriam se contentar de informação — como imagens
Development, da AT&T, a Global em ser apenas transportadores da moveis em redes comutadas —
Information Infrastructure é uma informação. Em 1994, haviam 1,2 exigirão a implantação de extensas
ambiente de pessoas se comunicam, bilhões de televisores (58,4%), 645 facilidades de fibra óptica. Tal
através de redes públicas e privadas milhões de linhas telefônicas (32,5%) implantação, exigirá pesados inves
— competindo entre si — ligados a e 180 milhões de computadores timentos por parte das operadoras
fontes públicas e privadas de infor- pessoais (9,1%) todos candidatos à tradicionais, num momento em que O