Page 51 - Telebrasil - Março/Abril 1995
P. 51
enfatizou, também, que o governo
“só negocia com a sociedade e não
com grupos”. Para deixar bem claro
o que queria dizer, Sérgio Motta
mencionou o exemplo da Empresa
Brasileira de Correios e Telegráfos:
“queremos ver uma ECT inteira-
mente com prom etida com a
sociedade, prestando serviços, como
pagamento de contas de luz, telefone,
água, depósitos em poupança e entre
gando correspondência, correta e
pontualm ente. Q uerem os mais
serviços e menos Papa-tudo”, iro
nizou.
O ministro propôs, também, o que
chamou de um “pacto ético”, ou seja,
“procedimentos claros, transparentes,
éticos e convencionais”. Segundo ele,
“quem não aceitar estas regras, pode
sair do País ou mudar de ramo de
atividade”.
Sérgio Luiz Gonçalves Pereira
Privatização Jorge de Moraes Jardim Filho Diretor Económico-financeiro e de
Em relação ao debate sobre privatiza Diretor de Administração Relações com o Mercado
ção, o ministro afirma ter uma “pos
tura norte-americana”, não interes
sando os rótulos e indo buscar as Para isso, entretanto, Sérgio Motta
soluções mais eficientes, melhores e de Pesquisas e Desenvolvimento, e
defende também a desregulamen- oitocentos nas demais instalações da
mais convenientes para o País e para tação “total” das teles, para que pos
a sociedade. empresa holding do Sistema) Sérgio
sam com petir em igualdade de Motta adiantou que, tendo em vista o
Para ele, a flexibilização do condições com a iniciativa privada. ajuste do tamanho da empresa ao
monopólio da União sobre as teleco Um dos caminhos para isso, de acor novo modelo adotado pelo setor,
municações irá permitir, entre outras do com o ministro, seria que os orça ainda no atual governo poderá haver
coisas, a divisão das teles por áreas mentos das operadoras deixem de ser dispensa de até seiscentas pessoas.
de atuação, passando algum as vinculados ao da União, como acon Mesmo assim, o corpo técnico da
regiões a serem atendidas por empre tece atualmente. felebrás vê, pelo menos uma grande
sas privadas. “A longo prazo afir Quanto às tarifas, sua opinião é de vantagem na ação empreendida pelo
mou isso levará inevitavelmente à que a atual estrutura tarifária ministro até agora: ele realmente está
privatização.” brasileira é bastante equivocada. “Ela empenhado na profissionalização da
cumpriu seu papel social de dissemi adm inistração, mantendo o setor
nar a telefonia pelo Pais, sem obser imune às nomeações políticas, que
var a realidade de que cada serviço sempre ignoraram os critérios técni
tem que ter o seu próprio preço. cos, de competência e conhecimento
Precisamos agora rever isso. Do con do setor. Só que estudos técnicos da
Procedimentos claros, trário, não sc conseguirá fazer nenhu empresa apontam para dificuldades
ma privatização, pois todo mundo vai
transparentes, éticos no plano do ministro, de fusão de
querer fazer apenas o ‘filé mignon’, operadoras, reduzindo as atuais 27 a
e convencionais. Quem como a telefonia celular, por exem apenas seis ou sete.
não aceitar estas regras, plo", explicou. Os técnicos lembram que isto já
Outro ponto importante, para o foi tentado, sem sucesso, no governo
pode sair do Pais ou
ministro das Comunicações, dentro Collor. Para conseguir, o governo
mudar de ramo. Temos da discussão sobre flexibilização do federal teria que vencer as fortes
que ter uma gestão setor, é o atual Código Brasileiro de pressões dos governadores e suas
Telecomunicações que, para ele, pre bancadas. “Por exemplo", diz um
profissional, não política.
cisa ser m odificado. Sobre isso, técnico, “se forem fundidas as teles
O governo FHC quer Sérgio Moita informou - porém, sem do Nordeste em uma ou duas, que
investir R$30 bilhões citar nomes - que “o pessoal da estados ficarão com as sedes das
TELEBRASIL (a associação) já empresas? Será uma briga enorme
em telecomunicações
está estudando melhorias para o setor entre Pernambuco, terra natal do
e é evidente que esses das telecomunicações como um todo, vice-presidente, a Bahia, do senador
recursos terão que vir inclusive, é claro, na área do código." A ntônio C arlos M agalhães, e o
de outras fontes que Ceará, de Tasso Jereissati. Acontece
Corpo técnico que estas em presas são enorm es
não o Estado.” Sobre o quadro de pessoal da fontes de empregos, de investimentos
Telebrás (atualmente, dois mil fun diretos, de benefícios. Entre investir
cionários 1.200 no CPqD-Centro em linhas ou postos telefônicos em