Page 65 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1994

Ú l t im o p á g i n a
M o n o p ó l i o v e r s u s
pós a leitura do artigo “Não esta­
A mos à venda”, de autoria do
K J L engenheiro José Nunes Camargo.
publicado na Revista TELE-
BRASIL de maio-junho passados, fiquei
muito preocupado com as teses susten­
tadas pelo autor.
Minha preocupação advém do fato de
ser grande admirador de Camargo, con­
forme registrei em livro de minha autoria:
“Abrirei um parêntese para falar de
Camargo, grande caráter e competência
profissional Ide foi vitima, em termos de
qualidade de serviço prestado por sua
empresa, da construção do Metrô, um
verdadeiro terremoto que caiu sobre a
cidade do Rio de Janeiro. Não tive
condições políticas de apoiá-lo em meu
segundo mandato. Foi uma lástima' Não
sei se ele compreendeu e me perdoou?"
ípág 127).
E exclusivamente por essa razão que
estou escrevendo este artigo. Não para dat
uma resposta à generalização feita por ele,
quando afirma “(...) outro pertencente a
corrente progressista neoliberal, que
defende, com pseudopatriotismo, a priva­
tização (...)” e sim para que medite
sobre as razões que me levaram da
posição estatizante para a favorável ã pri­
vatização.
Antes dc apresentar as razões de mi­
nhas mudanças, gostaria dc fa/er um
apelo ao excelente ('amargo: não use
mais os argumentos já os usei nas déca­
das de 50, 60 e 70 da atualmente cega e
ultrapassada esquerda brasileira, que não
quer enxergar o pior cego! a realidade
mundial; nem os do corporativismo, que
hoje domina as empresas estatais brasi
leiras, nelas incluídas as de tclecomuni-
cações (Sistema TELEBRAS). As razões
que me levaram a mudar são:
I) a perda da qualidade dos serviços hoidíhg, proferida em 26.10.93, no SEMI-
prestados pelas empresas do Sistema
III I BRÁS; 2) o tratamento dispensado
pelas empresas aos assinantes; 3) a que­
bra da hierarquia dentro do Sistema
II I I BRÁS; 4) a clesproíissionalização
das empresas do setor; 5) os investimen­
tos que vêm sendo realizados; 6) o des­
respeito no trato d») patrimônio público.
Para que (’amargo, cm sua análise,
possa inteirar-se de minhas razões e, tal-
Um espaço livre em defesa de idéias
p r i v a t i z a ç ã o
José Antonio de Alencastro e Silva(*)
recebe algo semelhante - às empresas
que com ela mantinham tráfego mútuo.
Era uma tabela que mostrava a taxa de
chamadas completadas no tráfego inter­
nacional (originado no sistema Bell e
dirigido para os países listados), Ocu-
pá\ amos uma posição de honra, na frente
da Alemanha, Itália e Espanha. Se minha
memória não falha, a nossa taxa variava
de 55 a 609L A EMBRATEL deve dar
acesso a tais dados.
Quanto ao tratamento dispensado aos
usuários, que perderam a posição de
“excelência” que lhes e devida por toda
empresa prestadora de serviços públicos,
a involuçâo é ainda maior, O “Projeto
Assinante” deveria ser chamado “anti-
assinante” - troca, por alguns reais, a
qualidade das linhas e aparelhos, sem a
sul\aguarda de um sistema homolo-
U gatório competente. Confundem os ser-
() importante não é \ iços de telecomunicações com os de ele­
tricidade, nos quais se pode ligar às toma­
estatização ou das de uma residência, qualquer equipa­
mento, não cabendo à concessionária
privatização e sim qualquer responsabilidade se o equipa­
prestar serviços mento não funcionar ou apresentar defei­
to mais tarde.
de boa qualidade . Outro aspecto preocupante, com que
se defronta o assinante do serviço telefô­
nico. é a terceirização das atividades de
manutenção, especialmente as de insta­
vez. entende las, procurarei, a seguir, lação de linhas e aparelhos na fase de
detalhai alguns aspectos das minhas seis expansão. É profundamente lamentável
razões que foram responsáveis pela que a prestadora de serviços públicos de
minha atual convicção: a camisa dc força telefonia tenha perdido o seu “embaixa­
que a Constituição de 1988 vestiu nas dor” no “país” do assinante (sua residên­
telecomunicações brasileiras é uma grave cia), uma vez que foi substituído por um
ameaça á modernização do País empregado de empreiteira que somente
No que diz respeito á qualidade dos tem compromisso com seus empre­
serviços prestados pelas empresas do gadores, não lhe cabendo qualquer
Sistema TELEBRAS, uma simples leitura responsabilidade sobre a qualidade dos
da palestra do diretor de Operações da serviços. Além disso, tal política introduz
uma grande mentira no indicador
NT 93, realizado em Foz do Iguaçu, quan­ “Empregados por 1.000 terminais”. Foi
do foram apresentados os indicadores tal deturpação que levou o Sistema
"Taxa de Chamadas Completadas” e Telebrás a comparar-se, neste indicador,
“Grau de Congestionamento”, dos últi­ com países do primeiro mundo.
mos anos, mostra a curva descendente que A quebra de hierarquia no Sistema
foi percorrida, apesar de vir melhorando TELEBRÁS é evidente em vários aspec­
nos últimos anos. tos. Assiste-se, por exemplo, a uma luta
Outro documento que deve ser cônsul acirrada entre a holding e uma de suas
tado, é um relatório que a AT&T enviava controladas, a EMBRATEL. Disputam,
- não sei se a EMBRATEL atualmente através de maciça propaganda, quem é