Page 7 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1994

nos EUA, que implantaram nós especi­
ais de comunicação para oferecer servi­
ços diversificados a seus grandes clien-
les. Aos poucos, tais nós domésticos
foram sendo expandidos para o exteri­
or, a pedido de clientes multinacionais
e verdadeiras redes globais começaram
a ser formadas, principalmente para co­
municações de dados.
As operadoras nacionais dominan­
tes, por sua vez, estenderam suas redes
de comunicações de dados para o exte­
rior. A France Telecom, por exemplo,
estendeu com grande sucesso, sua rede
de pacote Transpac para toda a Europa.
A Sprint íez o mesmo na América do
Norte e na Europa. Nova categoria de
em preendedores,
’'revendedores", começaram a surgir,
especializados em comprar facilida­
des no atacado e revende-las no varejo.
Outra forma de negócios foi o da cap­
tação de tráfego internacional para re­
passa-lo a redes nacionais. Por exem­
plo, chamadas saínles de um país po­
dem ser interceptadas por computador
e transform adas em cham adas
entrantes, para se atingir barateamento
de custos.
Ofensiva
Na América Latina, ocorreu uma
ofensiva dos grandes operadores inter
nacionais, dotados de tecnologia ele­
trónica e de alto knowhow empresari­
al. para explorar os serviços de teleco­
municações. A France Telecom pas­
sou a agir no México. A Argentina foi
dividida em duas, com a região Norte
sob comando de um consórcio forma­
do pela France Telecom e pela italiana
S tet e a regi ão S u 1 c om a C i a Tc 1 e fo n i ca
de Espana. No Uruguai, um plebiscito
popular manteve a Antel em mãos do
Estado. No Chile, o setor das teleco­
municações foi totalmente privatizado.
A Telefônica de Espanha é acionista
majoritária da CTC, que é a empresa
de telefonia local no Chile, além de
contar com participação na Entel, que
é a empresa que se ocupa das teleco­
municações chilenas de longa distân­
cia e internacionais.
Na Venezuela foi privatizada 40%
da Cantv, com a participação de várias
empresas mui ti c transnacionais. No
Peru, sete empresas se qualificaram
para a privatização daCompahia Peru­
ana de Telefonos. No Brasil, conside­
rado o gigante da América Latina e
visto internacionalmente como um
parceiro relutante na adesão pura e
simples a uma eventual ocupação ex-
terna de seu sistema de telecomunica­
ções — montado cuidadosamente ao
longo de duas décadas — a nova pala­
vra de ordem é associação, cooperação
e revitalização. No quadro atual, além
da indubitável pressão externa, torcen­
do a favor da privatização do monopó­
lio estatal brasileiro das telecomunica­
ções, já correram até rumores que a
Stet italiana podería estar interessada
em investir na CRT, sob controle esta­
dual gaúcho.
Segundo veem analistas, no cená­
rio internacional, as empresas domi­
nantes — privatizadas em diversos
graus, mas continuando nacionais —
estão implementando sistemas globais
denom inados de telecomunicações. Cabos submari­
nos ópticos e nós de comunicação, es­
trategicamente situados, vão recobrir
o globo com uma rede de alta capaci­
dade visando montar um sistema mun­ Raul Hand. da Embratel.
dial de telecomunicações digitais.
Raoul Uánel, um experimentado ob­ dos, como redes virtuais (os meios
servador do cenário internacional, ob­ são da operadoras e o controle do
servou que a cultura antiga das opera­ cliente), outsourcing (a operadora
doras centrada na atividade de trans­ gere as TCs do cliente) c rede inteli­
porte e do hardware — se volta agora gente (a rede torna-se flexível e adap­
ta-se ao cliente).
Frente a esse panorama de mudan­
"E ENTÃO NÃO ças, cresce a formação de alianças in­
ternacionais. As européias, Holanda,
FICOU Suécia e Suiça estão se unindo para
MAIS formar a Unisource, com a Sprint, para
oferece redes virtuais. A British
NENHUM" Telecom deve adquirir 20% da MCI
(que tem US$ 15 bilhões de patrimônio)
Agatha Christie formando a poderosa combinação da
(1939)
Newcom. A Eunetcom vai refletir a
aliança da alemã Deutsche Telekom
com a francesa France Telecom para
para a utilização do software que dá atuar na Europa. O consórcio
flexibilidade para a oferta de novos Worldsource, liderado pela AT&T, tem
serviços. A disputa pelos grandes cli­ como parceiros a KDD do Japão e a
entes, as 500 maiores empresas da Singapore Telecom.
Revista Fortune, está transformando A Aliança Atlântica é a união luso-
as tradicionais operadoras de teleco­ brasileira da Embratel e da Marconi. A
municações, em empresas cuja a es­ Infonet oferece redes virtuais de dados
sência do negócio passou a ser a in­ e outsourcing e é um superconsórcio
formação. Serviços de telecomuni­ envolvendo empresas em três conti­
cações agora são oferecidos de forma nentes, América, Asia e Europa, com a
padronizada, em qualquer país, com Financial NetWork Association, se­
assistência local no idioma desejado, guindo o mesmo caminho.
com tarifas uniformes e desempenho Em suma, como bem resumiu Raul
padronizado. Tal como a existência Hánnel, as novas alianças visam con­
de aeroportos internacionais, hotéis trapor ao passado — da economia de
de cinco estrelas, sistema bancário escala das grandes empresas dominan­
eficiente, um bom sistema de teleco­ tes — a economia de escopo, em que
municações globais é essencial ao segmentos de mercado são cuidadosa-
desenvolvimento do comércio inter­ mente analisados e explorados. Neste
nacional. mundo dinâmico em transformação,
Novas plataformas de hardware uma empresa de telecomunicações per­
dotadas de "inteligência" permitem a manecer estática seria verdadeiro sui­
oferta de novos serviços sofistica­ cídio, concluiu o especialista. (J.C.F.)