Page 29 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1993
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da microeletrônica para uso automotivo,
caixas pretas, como para ignição, já vêm
prontas do exterior. Já a indústria de
telecomunicações utiliza componentes
locais, tendo o CPqD como fonte de Asics
e de optoeletrônica.
A microeletrôtiica Na área da opto e microeletrônica ocorre
é a fase do uma quebra de tecnologia e o mercado
milagre das TCs, existe. "Resta saber se vai haver uma
da automação e da
informática política industrial adequada para a
(Foto: Digital) indústria local aqui instalada", foi o recado
dado por Francisco de Prince, da Asga,
que vê na instalação da tevê a cabo uma
boa oportunidade para sua empresa. As
mercado mundial e mostra sinais de de importação extremamente baixas. A Alcatel, NEC ou Northern não irão alterar
recuperação. No entanto, já perdemos o Europa defende sua indústria eletrônica os projetos de suas matrizes para suprir o
mercado de portáteis dominado por com alíquotas de 9 a 11 %, a Coréia com mercado nacional e a engenharia nacional
importações e o mesmo pode acontecer 10%, os EUA com 3,5% e a Zona Franca de tende a ficar circunscrita à assistência ao
com o de vidco-cassetes, permanecendo Manaus - criada para fortalecer a ocupação cliente e nada mais.
a indústria de áudiocomo uma incógnita". da Amazônia - com apenas 1,8%. O Brasil optou por um modelo de
Já os televisores, suportados por uma De acordo com W. Leal, daSid, empresa desenvolver tecnologia via Asics que são
fábrica de cinescópios, de grande volume que tem aqui o ciclo completo - projeto, difíceis, mas não impossíveis de exportar.
e alto grau dc automação, única no gênero fundição, encapsulamento e teste - de A Sid exporta 15% dc seus componentes
da América do Sul, seguram as componentes Asics, predominam no automotivos para o mercado externo. A
importações de televisores cm apenas nosso mercado os circuitos analógicos, Brastemp ganhou prêmio no exterior,
3,5% do consumo nacional. seguido de componentes discretos e de graças a um Asic que lhe deu um
Nossa indústria do entretenimento circuitos digitais. O executivo disse que a diferencial competitivo.
consome cerca de US$300 milhões de livre importação de placas prontas, kits
circuitos integrados, US$102 milhões de de montagem e de equipamentos Abimi
componentes discretos e US$ 18 milhões semiknocked down, que podem acabar
de optoeletrônicos. A Zona Franca, com nossa indústria de microcletrônicu A Associação Brasileira da Indústria
responsável por 70 a 80% de nossa decorre de urna abertura para o exterior M icroeletrônica - Abimi, com a
eletrônica de consumo, importa, porém, a "ingênua e mal planejada". particiação da Sbmicro e da Abinee, está
maioria de seus componentes com base Sem fabricar componentes localmente trabalhando para sensibilizar o governo
em regras liberali/antes, aprofundadas e com projetos vindos do exterior, nossa para o setor da microeletrônica.
durante o governo Collor. eletrônica de entretenimento nunca poderá Participaram das discussões, dentre
Hoje, discute-se no Congresso a pretender ao mercado externo. O televi outros, José Rippcr (AsGa), Gil Azevedo
regulamentação do "processo produtivo sor de um só "chip" tenderá a ser mais (Geatic), João Zuffo (Usp/lsi), Carlos
básico", algo que mexe com a uma commodily. Mammana (CTI), Roberto Spolidoro
importação dc "m other boards", A produção da microcletrônica (CNPq), Vanda Scartezini (Sid/Vertice),
autorizada pelo Conin em 1991. O brasileira se distribui entre os segmentos Eugênio Rocha (Itaucom), Sérgio Rose
"mother board", ou placa-mãe, já vem automotivo (32%), dc eletrônica de (Bndes), Marco Ongarelli (CPqD), Fran
montada do exterior, representa consumo (31%), informática (22%), in cisco Rosa (leotron).
praticamente todo o valor do dustrial (5%). As telecomunicações A Abimi defende a geração de
equipamento c entra aqui com alíquotas consomem 10% desta produção. No caso componentes inovadores para aumentar
em 20% as exportações dos bens do
complexo eletrônico até o (já famoso)
ano 2000.0 complexo eletrônico é uma
mistura de software, microeletrônica e
marketing. Mas, apesar de vinte e cinco
anos no Brasil, nossa indústria da
microeletrônica está declinando. São
causas desse declínio, a abertura
açodada para o exterior, a falta de
"conexão" do segmento gerador com os
usuários de microeletrônica.
A Abimi preconiza um plano decenal
para microeletrônica, se concentrando em
A indústria
local de processos bipolar/cmos e biemos de 0,7
microeletrônica micron, técnicas de projeto auxiliada a
precisa de uma computador, sensores avançados,
4Nbi política industrial dispositivos de arsenieto dc gálio,
W l adequada.
(Rippcr. da componentes para a eletrônica de potência
AsGa) e para a área da saúde. (J.C.F.)