Page 48 - Telebrasil - Maio/Junho 1992
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metros técnicos e dos procedimentos regula Enfraquecia-a, ainda mais, os problemas ju
rídicos que cercam as atribuições de frequên
CAMR-9 2 reflete mentares concernentes a estas atribuições. cias na antiga União Soviética que agora deu
Houve momentos em que se temia pelo
lugar a quinze diferentes nações independen
mundo modificado sucesso da Conferência. Afinal, a maior parte tes, nem todas integradas, à CEI. A Conferên
das discussões girou em torno do espectro de
1 a 3 GHz utilizado pelo serviço fixo terrestre cia mostrou um Estados Unidos isolado com
mas muito cobiçado pelos serviços móveis ou alguma dificuldade na aceitação de suas idéias.
Almir Henrique da Costa(*) de aplicações ponto-multiponto, utilizando sa Mas a CAMR-92, acima de tudo, mostrou o
télites, ou não. Somente no último dia da Con confronto entre os mundos desenvolvidos e em
Encerrou-se em 3 de março último, a Con
ferência chegou-se a um consenso fruto de di desenvolvimento, o primeiro tentando abrir es
ferência Administrativa Mundial de Radioco-
fíceis entendimentos entre algumas das mais paços para suas novas idéias e tecnologia e o
municação (CAMR-92) realizada em Torremo-
proeminentes administrações, entre as quais segundo não almejando nada mais que a prote
linos, na Espanha. Foi a primeira grande con
se destacou o Brasil, que harmonizou as diver ção e a continuidade de seus sistemas básicos,
ferência mundial de atribuição de frequências
sas posições. e mais primários, do serviço fixo.
que se realizou desde 1979. Dentre os temas
Não houve vencedores e nem vencidos: as É certo, porém, que a grande demanda fu
discutidos destacam-se: a expansão dos servi
novas tecnologias conseguiram o seu espaço a tura para uso do espectro de freqüências na
ços móveis terrestres, marítimos e aeronáuti
expensas de um mínimo de secção dos servi região de 1 a 3 GHz pelas comunicações mó
cos, utilizando ou não satélites, incluindo as
ços terrestres. A CAMR-92 revelou, entretan veis e do tipo ponto-multiponto deverá levará
comunicações de socorro e segurança: a utili
to, algumas facetas deste mundo em transfor redução dos investimentos nas comunicações
zação de satélites de órbita de baixa altitude
mação que refletem a reordenação das priori ponto-a-ponto nesta parte do espectro, em tro
ou altamente inclinada, isto é, não geoestacio-
dades políticas mundiais que se seguiram ao ca do uso de meios confinados (como fibras
nária, para prover telecomunicações pessoais
término da Guerra Fria. A Conferência reve ópticas) ou do emprego de freqüências mais
ainda neste século; os futuros sistemas de TCs
lou uma Europa unida e fortalecida - desvincu elevadas. Finalmente, a CAMR-92 apontou pa
públicas integrando sistemas terrestres e de
lada dos EUA • com sua propostas sustentadas ra as comunicações integradas terrestres e via
satélites, para prover comunicações móveis, em
por cerca de 30 países do Leste Europeurecep- satélite para um futuro de telecomunicações
particular, do tipo pessoal, após o ano 2000; a
tiva a uma eventual integração dos países do sem fronteiras, de estrutura ágil movendo-se
radiodifusão de som de alta qualidade para
Leste-Europeu à Comunidade Econômica Eu num ambiente de grande competição.»
recepção direta via satélite em residências ou
ropéia (CCE) e apoiando discretamente, sem
viaturas; a radiodifusão de televisão de alta
pre que possível, as pretensões da Federação * O engenheiro A lm ir H. da Costa foi chefe-adjunto
definição para recepção direta via satélite em
Russa. Esta, por sua vez, sucessora de fato da da Delegação Brasileira na CAMR-92 e é um pioneiro
residências. participante das prim eiras experiências de comunica
extinta União Soviética e representando cerca
O objetivo da CAMR-92 foi prover espectro çôes via satélite que colocaram o Brasil dentre os 5
de sete das onze repúblicas da Comunidade prim eiros países a falarem através deste meio. A co
para garantir a introdução ou a evolução des laboração de A. Costa foi a nós encaminhada por
dos Estados Independentes (CEI) não exibia a
tes serviços, assim como a definição dos parà- Roberto A roso Cardoso, membro do Conselho de Re
mesma influência já demonstrada anteriormente. dação da Revista Telebrasil.
trônicos e de informática em geral. Quan
to aos cabos para rede local de computa
Ficap: cabos dores, a Ficap desenvolveu produtos nos
para inform ática dois padrões mais utilizados internacio
nalmente: Ethernet e Token Ring.
Por sua vez, o PCM 30, totalmente de
senvolvido com tecnologia nacional pela
Ericsson Telecomunicações, é o mais avan
çado, segundo a empresa, dentre os mui-
A Ficap-Fios e Cabos Plásticos do Bra tiplexadores utilizados no País e com a
mesma qualidade dos melhores do mun
sil S.A. - empresa do grupo Ericsson
• está entrando agora no mercado de ca do. Este sistema marca a volta da Erics
bos para transmissão de dados, instrumen son ao mercado de transmissão. Depois
tação eletrônica e rede local de computa de quase 10 anos sem atuar nessa área no
dores. A empresa promoveu investimen Brasil, a empresa foi autorizada pela Te-
tos da ordem de US$ 3 milhões com o lebrás a desenvolver o produto. Com in
objetivo de reduzir sua dependência em vestimentos da ordem de US$ 1,3 milhão
relação ao setor público, hoje seu maior e a participação de sua equipe de Pesqui
cliente, e conquistar nos próximos dois sa e Desenvolvimento, a Ericsson desen
anos cerca de 10% do mercado de infor volveu em dois anos, no laboratório de
mática. Manoel Horácio da Silva, presidente da Ficap. São Paulo, o PCM 30.
A direção da empresa acredita que a Os primeiros PCMs 30 estão sendo ins
economia brasileira voltará a se equili talados na Telesp, que adquiriu mais de
brar, retomando os investimentos neces lecomunicações. Com os investimentos rea mil sistemas para transmissão de 32.700
sários em sua infra-estrutura para um no lizados, a empresa acredita estar altamen canais de voz, segundo Paulo Portocarre
vo surto de desenvolvimento. Por isso, a te competitiva, com produtos de alta qua ro Veloso, da Divisão de Desenvolvimen
Ficap decidiu diversificar sua linha de pro lidade, bons preços e prazos de entrega. to de Novos Negócios da Ericsson. “Em
dutos, antes voltada prioritariamente pa Na linha de cabos para instrumenta seguida serão implantados na Embratel-
ra o mercado de fios e cabos para teleco ção eletrônica, a Ficap pretende atingir em diversas cidades do País, estando tam
municações, energia e esmaltados. as áreas de telemedição, telemonitoramen- bém nos planos da Ericsson a comerciali
Para o presidente da Ficap, Manoel to e telecomando em instalações indus zação do produto em outras empresas de
telecomunicações no Brasil e no exterior
Horácio da Silva, a nova linha de produ triais (automação industrial), de acordo com revelou o executivo. A expectativa é de
tos é um complemento normal à linha de as normas NBR 10.300. Na linha de cabos que o PCM 30 represente um mercado de
fabricação já existente, tendo em vista que para transmissão de dados, o mercado prin US$ 20 milhões anuais para a Ericsson.*
o mercado caminha para maior integra cipal é a automação bancária e comercial, (/F)
ção entre os serviços de informática e te- além da interligação de equipamentos ele