Page 51 - Telebrasil - Maio/Junho 1992

tecnologia repassada pelo CPqD da Tele­

brás. E o novo cartão justifica a expres­
Cartão indutivo: A são o “crime não compensa", visto que

seu pouco valor não deverá estimular fal­

revolução dos TPs sas operadoras irão gozar de uma receita
sários a tentar sua fabricação. As empre­

adicional como o novo cartão. Publicida­

de será permitida numa das faces do car­

tão à semelhança do que é é praticado no
vitrine que a Telebrás escolheu para
A lançar o telefone público a cartão foi Japão pela NTT, com os cartões plásticos

o aeroporto do Galeão e o do Santos Du- de que faz uso. Os primeiros cartões in­
dutivos postos na rua pela Telebrás - um
mont. Passageiros e visitantes puderam item certo para futuros colecionadores -

fazer chamadas utilizando novo cartão in­ já estão' saindo com a conhecida imagem

dutivo que era emprestado na ocasião por do Pão de Assucar, símbolo do Rio de

atentas demonstradoras. “ O interesse da Janeiro impressa no cartão.

população pelo novo TP tem sido muito Foram habilitadas a produzir Telefo­

grande”, declarou à TELEBRASIL Fáti­ nes Públicos para a Telebrás, além da

ma Gama, representando a Telerj, em- Daruma e da Icatel, as Ericsson, Equitel

presa-polo do sistema Telebrás. O mesmo e Splice. Múcio Vianna achou que são

interesse também surgiu, em Natal (RN), fabricantes demais para um mercado real

por ocasião do XXIV Painel Telebrasil, estimado em apenas 30 mil unidades anuais

ocasião em que o novo telefone foi apre­ e acrescentou que a maioria dos países,

sentado funcionando, por cortesia da Te- à exceção talvez do Japão, convive com

Iern. A tecnologia indutiva de cartão ain­ um sistema de apenas dois fabricantes. A

da foi mostrada • ainda que pelos padrões disputa pelo mercado interno de telefo­

do evento, bem modestamente - no estan- nes públicos - até agora efetuado em regi­

de do Brasil no Américas Telecom 92, em me de duopsônio - já começou a pegar

Acapulco (Mx) e despertou a curiosidade O telefone público a cartão indutivo represen fogo. Um fabricante já partiu oferecendo

da concorrência internacional ali presen­ ta verdadeira revolução. seu novo TP tendo em vista a baixa qua­

te, como Schlumberger e Quadrum, que lidade dos aparelhos sendo oferecidos no

demonstravam seus produtos com bem mercado, ‘‘uma atitude deselegante para

mais aparato. do para fabricar urn cartão de débito.

Tal cartão, não precisa ter nenhum con­ os que já são fornecedores do Sistema

Cartões tato físico para interagir com os circuitos Telebrás", queixou-se Múcio Vianna.

do telefone, o que permite fabricar um O executivo da Daruma explicou que

Estes novos lançamentos marcam o ini­ telefone público sem nenhuma peça mó­ a proporção entre TUPs ou Telefones de
Uso Público e linhas telefônicas particu­
cio da transição, feita pela Telebrás, en­ vel. Além disto, o novo cartão permite lares varia de 4 a 5% nos países desenvol­

tre os denominados telefones públicos moe- utilizar a própria energia da linha para vidos. Os TUPs abrangem não só os Te­

deiros, que utilizam fichas e os novos te­ sua operação (nào precisa de baterias ou lefones Públicos (TPs) incluindo diversos

lefones públicos que se valerão do cha­ pilhas )e consegue funcionar até debaixo meios de pagamento, como também tele­

mado ‘‘dinheiro plástico” e em especial o de água. E para o futuro, nada impede fones semi-públicos e os postos com cabi­

novo cartão indutivo desenvolvido pelo que um chip seja incorporado ao cartão nes telefônicas. "Mais importante ainda

CPqD da Telebrás, com patente* registra­ indutivo conservando-lhe as vantagens da que a tecnologia utilizada nos TUPs é a

da no ÍNPI. O cartão indutivo teve sua tecnologia indutiva acrescidas da inteli­ idéia de serviço a ser prestado à popula­

patente obtida inicial mente por Nelson gência do microprocessador. ção",enfatizou Múcio Vianna. Para ele, vai

Bardini, ex-pesquisador do CPqD e hoje Desde de 1990, Icatel e Daruma vêm levar algum tempo para que se complete

empresário, que após discussões autori­ participando, juntamente com o CpqD, do a transição - que deverá decolar a partir

zou a Telebrás a utiliza-lo gratuitamente desenvolvimento de um novo sistema pa­ de 93, em todo território nacional - entre

ganhando em troca a liberdade reconhe­ ra telefones públicos. No começo deste o uso da ficha tradicional e o do novo

cida de poder negocia-lo em qualquer pon­ ano, estas empresas ganharam a encomen­ cartão indutivo, visto a necessidade da

to fora do País. da de lotes-piloto de 350 aparelhos que montagem de uma boa rede de distribui­

Cartões plásticos podem utilizar várias estão começando a ser entregues. Múcio ção para este novo meio de pagamento.

tecnologias para armazenamento e inter­ Vianna, da Daruma, gosta de enfatizar Juarez Quadros, diretor da Telebrás,

câmbio eletrônico de informações. Car­ que os novos Telefones Públicos (TPs) estimou o custo de fabricação do cartão

tões podem vir munidos de uma ou mais equipados com o cartão indutivo fabrica­ magnético em 50 centavos de dólar, a do

tiras magnéticas, terem um chip embuti­ dos por sua empresa representam muito cartão com chip descartável em 70 centa­

do na massa do cartão ou serem - como mais do que uma simples melhoria quan­ vos de dólar, com chip recarregável em 7

no caso da Telebrás - do tipo indutivo. to ao meio de pagamentos. "Os novos TPs dólares e a do cartão indutivo em apenas

Por sua vez, a utilização do cartão pode da Daruma, com base em modelo da Ur- 10 centavos de dólar. Atualmente giram

ser do tipo débito - o cartão é adquirido met italiana, além de mais robustos, tÊm cerca de 3,2 bilhões de fichas telefônicas

com certo valor registrado que vai sendo facilidades de autodiagnose e são mais no Sistema Telebrás. Os cartões induti­

debitado proporcionalmente a seu uso - inteligentes do que os atuais modelos em vos serão lançados com 10 e 50 créditos

ou ser do tipo de crédito em que o cartão uso no Sistema Telebrás. São TPs de no­ visando sua acessibilidade para o pessoal

identifica quem chama e autoriza um cré­ va geração”, explicou Múcio Vianna, ad­ de baixa renda e para chamadas locais,

dito para efetuar a chamada que será co­ vogando que a introdução, inicial de TPs com 100 unidades para ligações DDD e

brada a posteriori. Segundo Joaquim Ro­ do tipo híbrido que aceitem moedas, fi­ com 400 e 800 unidades para chamadas

berto Jaime, do CPqD, o cartão indutivo chas, e cartões de diversos tipos é a solu­ internacionais. Cartão com poucas unida­

é simples, barato e bem adaptado às con­ ção mais condizente com a realidade. des não são de fabricação econômica e

dições da rede brasileira. Do ponto de Já Leôncio Rezende, que dirige o CPqD, com muitas unidades estimulam a sua con­

vista técnico, trata-se de um circuito feito favoreceu a substituição progressiva dos trafação. Para a ECO-92 está prevista a

de uma liga especial • depositada num atuais TPs vermelho (utilizados para cha­ instalação de 400 telefones públicos a car­

substrato por processo eletroquímico - e madas locais) e azul (para D DD e DDI) tão indutivo, no Rio de Janeiro, a que se

que ao ser submetida a um campo induti­ por um tipo único de aparelho, a ser ope­ seguirão 150 aparelhos para a área de São

vo aquece e funde ( no jargão do meio rado com o novo cartão indutivo. Para Paulo e 150 adicionais para o restante do

diz-se que ele queima ). Isto torna deter­ que não haja falta desse novo meio de País. E a partir de 93 não se instalarão

minada área do cartão inoperante para pagamento, as Casa da Moeda, Interprint mais telefones públicos a ficha, prometeu

nova operação e o fenômeno é aproveita- e Thomas de La Rue já estão no proces­ Juarez Quadros.*» (JCF)

so de fabricação de cartão indutivo, com