Page 43 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1991
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T i g r e A s i á t i c o : M o d e l o p a r a
o n ç a p i n t a d a b r a s i l e i r a
tini foi claro em sua análise ao dizer
m momentos de crise — há déca
E que a intervenção do governo na Coréia
das que o Brasil vive de crises — e
costume olhar em tomo e buscar mode do Sul, ao invés de orientação para o
mercado interno, como ocorreu no Bra
lo em países que “deram certo . O eco
sil, foi a de promover regras automáti
nomista Sidney Latini, da Associação
cas visando a competitividade dos pro
Comercial do Rio de Janeiro — ACRJ,
dutos coreanos na arena internacional.
expôs ao Conselho Técnico da Confede
Nada menos que 38 diferentes estí
ração Nacional do Comércio sua aprecia
ção sobre "Os Tigres Asiáticos e o Brasil”. mulos foram postos em marcha pelo
governo coreano para incentivar a ex
^ Chefiando a arrancada dos dragões
portação, incluindo crédito subsidiado
da Ásia, encontra-se o Japão que lide
ra a indústria mundial de eletrônica de e o uso de depreciação acelerada. Hou
ve facilidades automáticas para impor
consumo, micro eletrônica e de automó
tar na Coréia matérias primas, produ
veis a ponto de preocupar os Estados
tos intermediários, máquinas e peças,
Unidos, criador do sistema econômico
com taxas baixas, desde que destinadas
do após-guerra e pátria da moeda-cha
ve do mundo — o dólar. A seguir, se a promover exportação. Já no cenário
destacam Hong Kong e Singapura — brasileiro, os incentivos à exportação
na prática duas cidades obreiras — e se concentram (50%) em produtos metá
Coréia do Sul e Taiwan cujo desenvolvi licos, máquinas e veículos, e a redução
mento supera, em números relativos, de tarifas na importação são utilizadas
os das economias desenvolvidas dos para estimular, em 70% dos casos, a
Estados Unidos, Europa Ocidental e produção local destinada ao mercado
Japão, observou Lawrence Klein, Prê interno.
mio Nobel de Economia, citado por No Brasil, ocorre alto nível de concen
Sydney Latlni. tração industrial com as 8 maiores fir
Na década de 60, a Coréia do Sul era mas, comandando 60% do total de ven
pobre, com poucos recursos naturais e das de cada setor, ao passo que na Co
um clima político instável. No pós-guer Economlsla Sidney Latinl. cia réia do Sul, as 30 maiores empresas
Associação Comercial cio Rio dc Janeiro
ra e a partir de 62, a Coréia manteve são responsáveis por 35% das vendas.
uma das mais altas taxas de crescimen Aqui, 46 estatais (dados de 82) contri
to na história da economia moderna. buiram com 70% da produção industrial
Em 14 anos, a renda per capita aumen e na Coréia do Sul (dados de 77), 98 es
tou oito vezes, alcançando 700 dólares tatais contribuíram com 15% do PIB.
Já em 1976. Na base do desenvolvimen wan foi, porém, mais equitativa do que Em suma, disse o economista Sid
to coreano, situa-se a intervenção do na Coréia do Sul fruto de reforma agrá ney Latini, Taiwan e Coréia, mantiveram
Estado que fomentou uma base indus ria, crescente nível dc educação do po altas as taxas de crescimento de seus
trial, em teoria substituindo importa vo, política fiscal distributiva, política PIB, há 30 anos consecutivos. No Bra
ções, mas voltada, na prática para com social orientada para os menos favoreci sil, passada a euforia do milagre — com
petir no mercado internacional através dos c a existência dc empresas menores. um PIB recorde, em 73, de 11,3% —
da exportações de manufaturados. A Disse ainda o palestrante que o de houve a queda para 3,65% negativos
Coréia do Sul iniciou exportando têx sempenho dos dragões asiáticos e o da do PIB, em 1990. Aqui, ocorreu o agra
teis e depois maqulnária industrial, pro Coréia do Sul, em particular, se deveu vamento na distribuição da renda e nos
dutos metálicos, instrumentos de preci também a fatores não econômicos co problemas da área social e apesar de
são, substâncias químicas, metade dos mo a prevalência de valores voltados suas riquezas naturais e do tamanho
quais para o Japão e Estados Unidos. para a devoção familiar c o patriotismo, da sua população, o Brasil não alcan
Na Coréia do Sul, 4 dentre cada 5 além dc coisas tais como alfabetização çou confiança na livre iniciativa, no res
empregos são provenientes dos setores generalizada (acima de 90% ) e a criação peito à Lei na esfera econômica (lela-se
nianufatureiro c de serviços e a taxa de ampla e crescente classe média cons a não corrupção) e na liberdade de con
de desemprego é de apenas 4% da for- tituída de profissionais, gerentes, e tra corrência interna e externa.
9a de trabalho. “A Coréia do Sul pene- balhadores habilitados. Para o já cita Ainda mais, o nível educacional da
rou no mercado internacional em perío- do Lawrence Klein, os estudantes asiá população brasileira é baixo e declina;
o de expansão do comércio e contou ticos têm tido impressionante desem pe o custo de capital é um dos mais altos
com a ajuda dos Estados Unidos, mas nho acadêmico no cenário mundial (e do mundo (15% reais aaf os salários
* aproveitar estas oportunidades, também na Imprensa, com sucessivas são baixos, mas a tributação alta (o que
K i Pa-mente orlentando sua indus- rebeliões, ao estilo medieval). afeta o consumo)-, os m ateriais não
o nnn?Ça° para 0 mercado externo”, foi são confiáveis; os preços são con trola
S y d n e y U t m ? ' * * d lS C U S s á o P o s t a P ° r Brasil dos; o acesso à tecnologia extern a
não é facilitado; a política de in vesti
no da r o tí!!lnd0i ele dlsse cl ue os gover- De 75 a 90, o PIB da Coréia do Sul decu m entos é desestim uladora. “B rasil é
venclom J Í* * d' Taiwai> foram inter- plicou. No Brasil, no mesmo período, o lugar difícil de fazer n egócios” , acham
ção de ?raSH ° prlmeiro Para a forma- PIB não chegou a triplicar. O placar de os estrangeiros. M esm o assim , há
bolsl Ogde t Í ? COnêlomerados (chae- 1990 apresentou 296 bilhões de dólares possibilidades de intercâm bio brasi
para o PIB brasileiro e 224 bilhões pa leiro com a C oréia do S u l e para cria
milhares 1 . Wan rumo à centena d*
bestes de ni^dio porte. ra o coreano. É um quase empate, que ções de “Joint-ventures” . O econ om is
iniciativa re ^ n iT ^ r confianÇa na livre se resolve a favor dos asiáticos na dispu ta S ydn ey Latini sugeriu a união da
mica e liberdad ^ a Lel na esferaeconô- ta de penalty da renda per capita: C o onça pin tada brasileira com os tigres
na e externa A^tdC con1corrência inter- réia do Sul apresenta 5,23 mil dólares asiáticos para salvar a ecologia do fe
realistas c os r í t ^ 35 de cambl° foram versus a do Brasil com 1,9 mil dólares, lino su l-am ericano. E m m om ento de
etários. A dlstr?lmie” t(? ftscals suPera” mas a Coréia do Sul é pouco maior que crise vale tudo e o qu e não falta ao
loulçao de renda em Tal- o Estado de Santa Catarina. Sydney La- h om m o brasilienses é im aginação. (JCF)
lelebfasii,
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