Page 7 - Telebrasil - Maio/Junho 1991

ficação já produzido pelo Estado bra­

sileiro, mas lamentavelmente sem re­ O pensamento de José Ignácio

vitalização, sem renovação e necessi­

tando de reciclagem. Para o ex-sena­ Sobre conjuntura: O Brasil to­ mas os serviços estão deteriorados.

dor “a Telebrás precisa voltar a ter ma consciência de suas contradições, Sobre comunicação de dados:

o papel de holding e passar a agir rompendo as amarras com o passado Este segmento tem demanda reprimi­
da de onze mil novos clientes, o que
de cima para baixo”. diante do impacto da modernização representaria um faturamento adicio­

José Ignácio disse ainda que não que a velocidade das transformações nal de 15 milhões de dólares por mês.
científicas e tecnológicas torna cada
vai esperar fazer caixa com reajustes vez mais distante e indesejada. É preciso uma ação conjunta da Em-

reais de tarifas para investir no setor. Sobre o Estado: Mais sujeito ao bratel e empresas-pólo para atender à

Se for necessário, ele vai virar “cai­ controle social; desmantelamento dos demanda.

xeiro-viajante” do sistema à procura mecanismos de privatização da coisa Sobre relacionamento: Preocu­

de parceria com a iniciativa privada pública: os subsídios, os incentivos, pação com o grau de desconexão entre

“dentro dos espaços constitucional­ os fundos orçamentários, a reserva de a holding e as empresas subsidiárias,

mente permitidos” para a alavanca­ fornecedores, tempo em que se abre gerando tensões financeiras e adminis­
trativas; relações e tensões entre o sis­
gem, dentro do mais rápido possível, a economia à competição e ao risco. tema e o mercado de capitais; política
Sobre o passado: Elogiou como
do desenvolvimento das telecomunica­ símbolo do sistema o gen. José Anto- inadequada de mobilização de recur­

ções brasileiras. nio de Alencastro e Silva, que ajudou sos de terceiros; necessidade de atuali­

Para eíe, o maior impecilho que a consolidar a fase institucional do se­ zação e renovação dos quadros, sobre­

existe é o “gargalo” na relação de con­ tor ao longo de onze anos na presidên­ tudo do pessoal técnico.

vívio das operadoras e uma série de cia da Telebrás. Citou o livro “Teleco­ Sobre contratos de gestão: O

problemas que vai repercutir na quali­ municações-histórias para a História”, grande caminho para a solução dos

dade do serviço. de Alencastro, que revê posições e ace­ problemas atuais está na instituição

— Eu estou convencido de que a na para a necessidade de mudanças es­ dos contratos de gestão com polí¦ n ;»s

missão que me foi confiada só pode­ truturais no modelo brasileiro de ex­ de desregulamentação do setor, corr.

ria ser desenvolvida por alguém que, ploração da atividade. a parceria de capitais privados. Quem
Sobre economia: As telecomuni­
além de político, tem condições de cações são o segundo melhor negócio pensar que terá a Telebrás sem atua­

olhar as pessoas nos olhos. Como po­ do mundo, logo depois do petróleo. ção está enganado. José Ignácio prome­
teu respeitaras peculiaridades das em­
lítico ponho de lado perspectivas de Seu papel avulta a cada dia contribuin­ presas e das regiões onde atuam.

qualquer natureza eleitoral que pode­ do para ganhos de produtividade nas Sobre monopólio: O novo mode­

riam me levar novamente ao parla­ atividades econômicas. Mesmo assim, lo empresarial do sistema, face aos ins­

mento, porque acho que essa missão o sistema está longe de atender seus trumentos de política de desregulamen­

é tão nobre, tão importante, que real­ objetivos fundamentais. Há falta de ca­ tação do Presidente Collor, respeita­

mente vou dedicar-me a ela com em­ pitais públicos, há demanda insatisfei­ do o monopólio estatal, exige proces­

penho, visando como objetivo final o ta c estamos mal em termos de densi­ so permanente de criatividade, tentan­
dade telefônica se comparados com ou­ do compatibilizar o monopólio com a
usuário dos serviços. tros paises do Terceiro Mundo. Há com­

Ao afirmar que já havia lido al­ escassez de recursos públicos e a parce­
promissos a atender a curto prazo, ria do capital privado.

guns exemplares da Revista Telebra•

sil e pedir uma coleção para seu uso,

o novo presidente da Telebrás garan­

tiu que eles não vão ficar nas pratelei­

ras. “Eu vou ler o máximo que puder,

porque são informações procedentes
Ozires Silva (D)
de problemas que existem no setor e, despede-se do

curiosamente, eu encontro nela tudo Ministério da

diagnosticado. Eu tenho interesse enor- Infra-Estrutura

nic de me enriquecer de conhecimen- ao passar o cargo

' i m i i poder tomar decisões corretas”. para Eduar­
do Teixeira (E).

(JCP)

Como um político vê o setor

m entrevista exclusiva à Telebra- cisa. Vamos enfatizar o telefone públi­ técnico e são muito mais das rotinas

Esil, no Rio e por ocasião da inaugu­ co e o atendimento rural; estabelecidas do que da culpa de indi­

ração da loja de telefonia celular, na • o maior negócio, lícito, após o Petró­ víduos. E preciso entender que a ver­

Telerj, o presidente da Telebrás, José leo são telecomunicações bem adminis­ dadeira coerência reside na adaptação

Ignácio Ferreira, demonstrou seu talen­ tradas. Falta, no entanto, vontade polí­ de mudanças oportunas. Mesmo nos

to de orador e político: tica para deselitizar o telefone; segmentos mais corporativistas não es­

• iniciativa privada, por si só, não é si­ • quando a liberalização passa a ser tá havendo má fé e sim falta de flexi­

nal dc eficiência, assim como setor es­ nociva ao bem estar geral é necessário, bilidade às mudanças;

tatal de não competência. Diplomacia, por parte do Estado, uma correção de • o que queremos é persuadir e con­

Finanças Correios e Telecomunicações rumo; vencer e não vencer;

são segmentos do estado brasileiro alta­ • a Telebrás vai agir como holding, is­ • o relacionamento com a Secretaria

mente eficientes; to é vai planificar, gerir e cobrar resul­ Nacional de Comunicações será harmô­

• o setor dc TCs teve muita gente ca­ tados das operadoras; nico. O espaço da SCN é o da Lei, da

paz e que muito fez. Chegou a hora, • em político à frente do Sistema Tele­ normatização e da fiscalização. A atua­

porém, de renovação c de reciclagem. brás fará a política do Governo, barate­ ção da Secretaria deve ser universal e

Ê isto que vamos fazer no Sistema Te­ ando o custo do terminal, que no Bra­ não específica sobre o sistema Telebrás;

lebrás; sil é muito caro; • tenho endossado as declarações pú­

• estamos roxos para entregar à popu­ • os gargalos do sistema são muito blicas do Secretário das Comunicações.

lação os telefones de que ela tanto pre­ mais de convivência do que de caráter