Page 30 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1991

Telemática
A g o r a v a m o s
1992 será mais um importante
marco para a telemática nacional.
E o início oficial da priorização
das compras de computadores de
sistemas abertos (software e hard­
ware), capazes de permitir total
conectividade.
A primeira demonstração de intero­
perabilidade dos principais siste­
mas de informação existentes no Pa­
ís reuniu destacados técnicos e empre­
sários nacionais no Centro de Conven­
ções Rebouças (SP), para uma série
de palestras e painéis promovidos pe­
la Sucesu-Brisa, sob o tema central
Telemática-90.
A apresentação do processo de inte­
gração colocou em teste os serviços
correio eletrônico e transferência de
arquivos, acessados pelos equipamen­
tos instalados nas dependências da
feira do concorrido evento, oriundos
de diferentes fabricantes. A simples
aplicação do novo sistema acentuou
ainda mais a curiosidade geral, e a co­
brança por parte de usuários para a
implantação mais imediata do padrão
OSI (Open Systems Interconection),
já programado para o primeiro bimes­
tre do próximo ano, mas devendo a
partir de janeiro ser iniciada a escala­
da comercial, atingindo maior ênfase
e abrangência em fevereiro.
A alta relevância do conceito trans­
formou o encontro no marco históri­
co de alinhamento do Brasil, com os
países desenvolvidos em telecomunica­
ções e informática. Dentre as princi­
pais organizações participantes, a Bri­
sa-Sociedade Brasileira para Interco-
nexão de Sistemas Abertos e suas as­
sociadas Telebrás e Embratel centra­
lizaram as atenções gerais pela conju­
gação de esforços no sentido de agili­
zar a implantação do novo e revolucio­
nário processo.
Linguagem única
A incompatibilidade entre sistemas
computacionais tem comprometido o
ciclo de informações, enfraquecendo
o processo decisório das empresas.
A superação definitiva do problema
começa com a implantação no País
do padrão OSI, vital para a evolução
da tecnologia de informação através
de soluções abertas, aceitas pela comu­
nidade internacional.
Os participantes do Telemática-90
“ c o n v e r s a r ” c o m t o d o s
conviveram com a editagem de cartas Participam do atual estágio a Tele­
e remessa de informações trocadas brás, Embratel, ABNT, Abicomp, Pro-
entre as empresas ABC Buli, CPM, desp, Serpro e mais vinte grandes or­
Digital, Embratel, IBM, SGA e Unisys, ganizações.
integrantes da rede Brisa de teste pilo­ Jorge Antonio Coelho, assistente
to, conectadas aos suportes de fax e da diretoria da Brisa, lembrou que o
telex. Quanto a transferência de ar­ mercado sobrevive a base da informa­
quivos, o padrão PTAM prevê a tro­ ção, nem sempre disponível em seu
ca direta e gerência de estruturas en­ habitat ou área de domínio. Tal situa­
tre quaisquer sistemas de tratamento ção atingiu o climax em 75, na Euro­
de dados.
pa, com um movimento no sentido
No atual momento em que a socie­ de se criar a solução definitiva para
dade informatizada reclama agilização a conectividade. Em 83 surge o pri­
no processo de interoperar serviços meiro documento, complementado
de intercâmbio de documentos comer­ nesses últimos anos através de nor­
ciais, processamento de transações, mas. Apesar de moroso em razão do
acesso a bancos de dados, diretórios engajamento geral, apresenta hoje
e outros, as soluções OSI abrem espa­ seus frutos que o Brasil vai colher a
ço para tais conexões, em tempo re­ partir de 1991’".
al. Contudo, a concretização total da Segundo Daniel Perpignan, adjun­
implantação depende do trabalho co­ to da gerência de Serviços Telemáti-
operativo da comunidade de informá­ cos e de Dados, da Embratel, "a ado­
tica, a partir do fabricante, usuários, ção do padrão OSI tem motivado a
universidades, centros de pesquisa, área pública de telecomunicações, que
entidades de padronização e governo. responde com novas facilidades ante
a cultura que chega. Um exemplo é
Brisa para arejar campo a atual permissão para ligar sistemas
privados, antes impraticável, mas que
Facilitar o relacionamento operacio­ hoje se resolve com uma única assina­
nal entre usuários de sistemas de com­ tura"’.
putação e suas "máquinas" levou seg­ Para Jonas de Oliveira Junior, che­
mentos da sociedade brasileira a criar fe da Divisão de Teleinformática, da
a Brisa, entidade sem fins lucrativos, Telebrás, "a tendência mundial da te­
com o objetivo de disseminar a utiliza­ lemática é adentrar cada vez mais as
ção de arquiteturas abertas para siste­ camadas sociais, indistintamente, con­
mas de tratamento da informação. trariando posição anterior de que o
Essa filosofia estimula novos acordos processo só interessava aos profissio­
estruturais ( s o f t e hard), certificação nais da área. Essa posição, por si só,
e divulgação da cultura OSI, no fo­ justifica a adoção pelo Governo e por
mento do intercâmbio tecnológico. extensão pela Telebrás, do modelo
OSI, como padrão nacional. Nessa li­
nha o Sistema acredita poder, através
da padronização, abrir caminho para
a disseminação dos serviços telemáti-
cos. Para isso, a Telebrás se propõe
a agir da seguinte forma: dispor de
uma rede a nível de qualidade e abran­
gência adequadas, e oferecer maior
diversificação de serviços públicos.
A falta de conectividade entre equi­
pamentos do Governo, detentor de
30% do total instalado no país, repre­
senta hoje um dos grandes problemas
do controle da informática pública.
João Santana, secretário da Adminis­
tração federal, afirmou que "a nossa
saída é caminhar a passos largos pa­
ra a implantação de equipamentos
que permitam, independente do fabri­
cante, acesso fácil, caso contrário o
A solução para uma linguagem aberta levou
Brasil será dono, em breve, do maior
técnicos e empresários à feira de demonstra­
ções do Telemática-90 parque de "máquinas” obsoletas.” NC