Page 39 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1990
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Liberalização software era quase ignorado no ambien cutivos e empresários — é a objetividade
te computacional. Era comum chamar na análise desta questão — enfatizou Bas
de computador o conjunto hardware + tos.
software, o que conduzia para que somen Para Fernando Nery, “ no instante
Software é b o m te o hardware fosse classificado como pro em que se avizinha a abertura de merca
duto.’* do para hardware (lembrando-se que os
ou ruim: n ão tem
programas estrangeiros sempre foram ne
Objetividade gociados sem restrições) e que a indústria
nacionalidade
mundial de software se reformula em fun
Por sua vez, outro diretor da Módulo, ção de novas plataformas de desenvolvi
Alberto Bastos, acha que é fundamental mento (windows, presentation manager,
— A reserva de mercado da informáti que o governo e os empresários se conscien linguagens orientadas para o objeto, pro
ca no Brasil nào pode ser tratada com xe tizem da importância da criação de uma cessamento distribuído, etc), essas ques
nofobia e ingenuidade. Nào passa pela cultura de software no País. Cada vez tões assumem importância crucial.
cabeça de ninguém julgar a qualidade de mais o software ganhará importância na Os diretores da Módulo são de opinião
uma peça de Shakespeare pela nacionali conjuntura econômica: a maior parte dos que o pruduto nacional (em qualquer país
dade do autor, ou muitas vezes o berço produtos industrializados utilizam-se do que se considere) leva vantagem nessa no
de um produto é um referencial de quali software para controlar seus instrumentos va etapa da indústria (mais amigável e
dade (como o uísque escocês) ou de mau eletrônicos; isto é válido para brinquedos, orientada para e pelo mercado), pela pro
produto (como, antigamente, os relógios TV, satélites, bens de produção, etc. ximidade com o usuário, pela barreira
japoneses). A avaliação de um software, — No momento em que a informação do idioma e pela sintonia de seus produ
por exemplo (que é, eminentemente, um tem um valor crescente para a sociedade, tos com a realidade do mercado interno.
produto intelectual), geralmente se restrin para a empresa e para o governo, e quan Por outro lado, a indústria brasileira de
ge à identificação do país de origem do do o software passa a ser um componen software se ressente da falta de escala,
produto: se é brasileiro, nào presta: ou, te básico dos produtos industrializados, de altos custos na formação de pessoal
ao inverso, lem que ser usado porque é o mínimo que se pode exigir de nós — exe- especializado — que ainda não é suprido
brasileiro. pelas Universidades — e de uma estrutu
Esta declaração é de um dos diretores ra financeira e administrativa em fase de
da empresa carioca Módulo Consultoria amadurecimento.
e Informática Ltda., Fernando Nery, res Finalizando a entrevista, o eng. Fernan
saltando em seguida que “ esta atitude ig do Nery disse que “ o peso relativo dessas
nora o aspecto essencial do uso da infor vantagens e desvantagens será descortina
mática nos dias atuais: o de se inserir no do naturalmente no processo de disputa
processo econômico como um recurso pa pelo mercado. Para nós, da Módulo, o
ra o aumento real da produtividade, da importante é que vença o melhor, indepen
qualidadee da competitividade das empre dente da nacionalidade. A indústria brasi
sas concorrentes nesse processo**. Fie dis “C urió", um dos programas da Módulo, ver leira de software não tem por que temer
se ainda que “ até bem pouco tempo o gão em inglês. essa briga*’. (J.P.)
Informática: ware, motivo pelo qual o Japão lança o
projeto CA ROL (Computer Aided Revolu-
tion on Learning) para ensino de informá
Missão do Japão veio sondar parceria com Brasil tica, via RDSI e satélites.
Os conferencistas brasileiros defende
ram a capacidade da engenharia brasilei
A Associação Comercial cio Rio dc Ja que mais cresce (16% a/a), citou como ra em software e a conveniência de joint-
neiro — ACRJ — , sob os auspícios do maiores desafios para os anos 90. a segu ventures de empresas brasileiras e japone
Instituto da Organização Racional do Tra rança contra vírus; os intrusos internacio sas para operar, inclusive, no mercado
balho-1 DORT-R J, recebeu missào do C cn nais; o problema da segurança dos car norte-americano de informática. Através
ter for International Cooperation in Com tões; o déficit de profissionais de softwa do C ICC, engenheiros brasileiros de s o f t
putcrization - CICC, que conta com o re (1 milhão, só no Japão); c a padroniza ware serão treinados, por um período de
suporte do todo poderoso MI í I (Ministry ção internacional (indispensável à medi 6 meses, no Japão. O sistema Sigma, japo
of International frade and Industry do da que cresce a rede mundial de informá nês, de desenvolvimento de software via
Japão. Dirigiram o evento pela AC RJ, tica). telecomunicações, será extendido ao Bra
Paulo Protásio (Pres.), c Daltron Maga Por sua vez, Toshihiro Kawagushi fa sil. A vantagem do Sigma é independer
lhães (Conselho cie Informática), e pelo lou da utilização do computador e ressal do ambiente de computação sendo utiliza
IDORT-RJ, Newton Silva. Participaram tou que o Japão tem 144 supercomputado do. ( J C F )
ainda como conferencistas brasileiros, na res empregados em estudos de estruturas
área dc hardware, Carlos Augusto dc Car químicas e em computação gráfica avança
valho (Compart) e na de software Cristo- da. Ele indicou que os computadores pes
pher Peterson (SPA) e Francisco Ramalho soais de 16 bits são os mais utilizados e
(Assespro). que as aplicações comerciais são responsá
veis por 41% das aplicações, seguidas pe
Missão las áreas de manufatura (25%) e serviços
(16%).
A missão da CICC contou com dirigen Shoji Hiroe tratou das novas mídias
tes dc alto nível cia indústria japonesa de resultante da união de telecomunicações
informática e veio chefiada por A. Wata- c informática: videotexto, RDSI, Value
nabe ( O K I ) , e incluiu: V. Tsuji ( C I C C ), Added Networks, Cartões com micros,
I. Kawaguchi (Fujitsu), S. Throe (Toshi TV de alta definição e a cabo. No Japão
b a ) , K. Ishii ( N I C ) , K. Masuda ( O K I ) , está sendo implantado, pelo MITI, a “ co
H. Yamamura ( H i t a c h i ) , H. Takakuwa munidade das novas mídias” , mas o gra
( J f C j , 1. Kaneko (.S Y 'O , K. Kono(( ICC), ve problema que está sendo enfrentado é
Y. Hirano (CICC), e T. Suzuki ( C I C C ) . o da escassez de pessoal para desenvolver
Durante o ciclo dc palestras, Kurazo software. Isao Kaneko referiu-se ao fato
Ishii, após ressaltar que a indústria de com de que, ao final da década, haverá um M r . I . Tsuji, membro do centro de cooperação
putadores no Japão (1,4% do PIB) é a déficit dc 1 milhão dc engenheiros de s o f t internacional em computadorização (CICC).