Page 32 - Telebrasil - Julho/Agosto 1990

Futuro :
P a r a o n d e
H eitor Q uintella, da IBM, doutor em
inform ática, continua atento às tendên­
cias da tecnologia e ele não está sozinho;
ta is te n d ê n c ia s são p e sq u isa d a s no
mundo inteiro (vide box). D entre os es­
tudos dedicados à prospecçáo, destaca-
se o de Gerhard M erscn que, com base
na quantidade anual de patentes regis­
tradas, detectou objetivam ente três pi­
cos tecnológicos. O de 1825, concentrou-
se em paten tes sobre energia elétrica,
aço, cim ento e energia da m adeira e car­
vão. Em 1885, foi a vez da borracha, da
fotografia, da telefonia, da turbina a va­
por. Em 1975, destacaram -se os p olí­
meros, o motor a jato, a energia do petró­
leo. A gora, ju ram os prospectóiogos,
está próximo novo pico de patentes tec­
nológicas decorrentes da ciência espa­
cial, da biotecnologia, da eletrônica, das
novas formas de energia, de novos m a­
teriais (plásticos-m etalóides) e da infor­
m á tica . E ste novo pico tem a té data
marcada — deve ocorrer antes de 1995.
Ao falar do futuro da indústria de in­
form ática, H eitor Q u in tella gosta de
identificar algum as tecnologias-chave.
São elas, a interface am igável, as bases
de dados relacion ais, os geradores de
program as de aplicação, a microeletrô-
nica e o hardware, os computadores de
5." geração e os novos desenvolvim entos
na área de software.
U m gran d e sa lto na in d ú stria da
computação será alcançado quando m á­
quinas falarão para se com unicar m e­
lhor com o ser hum ano — uma tecnolo­
gia sendo ativam en te pesquisada nos
laboratórios do m undo inteiro. Outra
área im portante é como arrum ar m e­
lhor as inform ações para que fiquem fa­
cilm ente acessíveis ao usuário. C ente­
nas de cérebros m atem áticos se dedicam
no m undo in teiro a criar m odelos de
base de dados (hierárquico, em redes,
Surgirão novos em pregos resu lta n tes da indústria da informação,
como treinador de robôs, microprocessadorista ou atendente de soíl-
clube.
v a i o p ê n d u l o d a i n f o r m á t i c a
tarão m elhores dispositivos práticos de
m em ória, periféricos, processos de im­
pressão e de comunicação. Na área in­
dustrial, a tendência da automação será
para a m ontagem de componentes na
superfície (Telebrasil M/J 85, p.22), um
processo que já é empregado por 70% da
in d ú stria eletrô n ica do Japão e30a
40%, nos Estados Unidos.
N o terren o dos computadores, diz
Q uintella, permanecerão no mercado as
m á q u in a s, in d ep en d en tes, de baixo
custo m as crescerá também a integra­
ção global entre m áquinas que ele de­
fine como sendo “multiporte, multina-
Armazenar, ordenadamente, grandes quan­ tu reza , m ultifornecedor, conectivae
tidades de informação tem sido o desafio per­ com portabilidade de programas”. Tro­
m anente da informática. cado em m iúdos, isto significa que o es­
pectro de um a Torre de Babel tecnoló­
gica estará afastado, no que depender do
relacional, orientado a objetos), m as que e n te n d im e n to en tre fornecedores de
ainda serão, por algum tem po, do tipo equipam entos de informática e opera­
relacional, diz Q uintella, acrescentando dores de telecomunicações.
que as bases de dados virão acopladas a Q uanto aos computadores de 5.a gera­
programas geradores de aplicações. E s­ ção, a disputa continuará firme entre
tas deverão ser descritas em linguagens Japão, EU A e Europa. O MITI japonês,
de alto nível m ais próxim as do mundo por exem plo, estabeleceu, em 81, as me­
real e m ais afastadas do mundo eletrô­ tas para os computadores de 5.“ geração.
nico do com putador. Os program as de T ais m áq u in as que incluem mecanis­
software — principal m ente para gran­ mos de inteligência artificial e operam
des aplicações — serão cada vez m ais com bases de conhecimento, estão sendo
montados a partir de m ódulos indepen­ objeto de pesquisa conjunta de empresas
dentes que estarão arm azenados em bi­ como a Fujitsu, Hitachi, NEC, Matshui-
bliotecas, a exem plo do que é feito para ta, Oki, Sharp e Toshiba. Os novos com­
a programação das centrais telefônicas putadores de 5.“ geração terão como su­
do tipo CPA. porte a computação paralela, os super­
com putadores, as inferências lógicas e a
Hardware m anipulação de gráficos e imagens sob
forma nativa. A IBM também se dedica
O m ilagre da m icroeletrônica e da a pesquisar estes novos computadores,
optoeletrônica deverá continuar para os como aliás o fazem — sob diversas deno­
próxim os an os, com com p on en tes de m inações — a maior parte das grandes
cu stos m ais b aixos, d esem p en h o m e­ corporações da indústria de informá­
lhor, maior velocidade de operação e ca­ tica.
pacidade de arm azenam ento. Daí resu l­ Quem fala em novos computadores,
Permanecerão no mercado as m áquinas independentes, de baixo custo
e crescerá a interconexão, global, entre máquinas.