Page 54 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1989
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sim, também váo morrer juntas, um Armstrong anteciparam a descida da quer barreira atmosférica. Este sonho
dia”, concluiu. Lua. O módulo de comando se separou breve será realidade tão logo o telescó
Num futuro não muito distante, as para acoplar com o módulo lunar. O pio espacial “Hubble” seja lançado, o
crianças de hoje vão poder ver ao vivo as pijoto Aldrin ligou o motor de descida da ue está previsto para o final deste ano.
viagens interplanetárias que seus pais e “Águia”. Armstrong pisou cuidadosa ua órbita ficará além dos efeitos das
avós fizeram com os filmes cinemato mente no solo lunar com o pé esquerdo. distorções atmosféricas terrestres. 0
gráficos e as histórias em quadrinhos. O companheiro desceu 29 minutos de telescópio, segundo os cientistas, envia
Mas heróis de carne e osso estavam em pois, saltando com os pés juntos. O me rá imagens extraordinariamente ní
Cabo Canaveral no dia 15 de julho de lhor programa de TV foi visto por mi tidas.
1969: Neil Armstrong, comandante da lhões de pessoas em todo o mundo, ex Existem também planos para explo
Missão Apoio 11; Michael Collins, piloto ceto nos países da chamada Cortina de rar mais detalhadamente os planetas de
do módulo de comando Columbia; e Ed- Ferro e na China Continental. Aldrin e nossa galáxia, entre os quais Júpiter,
win Aldrin, piloto do módulo Igor. Todos Armstrong passearam duas horas e dez Venus e Marte. Planeja-se também fu
tinham 38 anos de idade. Eram vetera minutos no “Mar da Tranquilidade”, turas missões que renovarão o estudo do
nos da Nasa e ex-pilotos da Força Aérea nome dado por Galileu Galillei. Sem rá planeta Saturno e suas luas.
dos Estados Unidos. Tudo foi checado dio nem TV, o piloto da nave-mãe, Col
nos mínimos detalhes, com a precisão da lins, era uma estrela solitária orbitando
alta tecnologia. Logo depois, os compu no curso da Lua a 62 km de distância.
tadores System 360 da IBM proces Aldrin fincou a bandeira dos EUA com
saram todo o conjunto de fórmulas para arame para fingir que ela tremulava
a trajetória de vôo: da autonomia da es- (na Lua não há vento). Também ficaram
paçonave às batidas cardíacas dos astro em solo lunar um sismógrafo, parte do
nautas. O pulso de Armstrong, por módulo e uma placa comemorativa em
exemplo, disparou de 90 para 150 bati nome da paz e aa humanidade.
das por minuto. Depois de retirarem 27 quilos de pe
Cerca de 1 milhão de pessoas, entre dras e pó lunares, a volta para casa. A
elas o presidente Lyndon Johnson, es manobra mais arriscada foi o resgate de
peravam a partida da Apoio 11. Jor Aldrin e Armstrong. A “Águia" decolou
nalistas de 55 países fizeram o então na posição vertical, numa vertiginosa
Cabo Canaveral uma babel de dezenas perseguição até o engate com a nave-
de idiomas. Era uma manhã ensolarada mãe. Oito dias, trôs horas e dez minutos
de 16 de julho de 1969. Os cinco motores depois do lançamento em Cabo Cana
do foguete Saturno consumiram 5 to veral os trôs astronautas e a nave
neladas de combustíveis por segundo, Columbia foram recolhidos por um
acendendo uma gigantesca fogueira. Os barco da marinha americana em alto-
novos heróis da era espacial embarca mar. Estava cumprida a inacreditável
vam numa viagem fantástica. Numa missão.
velocidade de 9.660 km por hora, a
Apoio 11 entrou em órbita da Terra 2 Perspectivas
minutos e 15 segundos depois. Come
çava a longa jornada das estrelas. Astrônomos do mundo inteiro so Apenas um simbólico “cordão umbelical”se
Dia 20 de julho de 1969. Aldrin e nham em observar o universo sem qual parava Ed White da nave Gemini IV.
Os soviéticos já têm em órbita uma
Da ficçáo à realidade estação espacial tripulada permanente.
Os Estados Unidos, conjuntamente com
O doutor em física Lew Allen, atual cipação em programas tais como a missão Europa, Japão e Canadá, preparam-se
diretor do Jet Propulsion Laboratory, um tripulada à Marte. Treze países partici para construir, na década de 90, uma es
centro de investigações espaciais de Pasa: pam deste projeto.” tação espacial que levará o nome de
dena, Califórnia, EUA, revelou, em en — Isso favorece muito aos soviéticos.
trevista à revista norte-americana “The Em primeiro lugar, a amplitude e a alta “Freedom” (Liberdade). Ali, planeja-se
Plain Truth” (julho de 89), que a sonda es qualidade da participação deles melho aperfeiçoar vacinas e outros produtos
pacial “M agalhães” deverá iniciar sua ram a qualidade do que fazem. E, em se biológicos e imunológicos, de uma quali
viagem a Vénus ainda este ano, quando gundo lugar, eles ganham a estima da co dade e pureza impossíveis de se alcan
fará um mapa da superfície do planeta munidade científica ocidental — asse çar na Terra.
com um radar que lhe permitirá atraves gurou Dr. Allen. A estação “Liberdade” também ser
sar as densas nuvens que o cobrem. viria de plataforma para manutenção,
Em agosto último, depois da entre
vista do Dr. Allen, a nave espacial Voya- lançamento e reparos dos satélites de
ger 2 — que viaja há 12 anos e já passou com unicações em órbita. Espera-se
por diversos planetas — fotografou o pla igualmente que sirva de ponto de par
neta Netuno e descobriu mais três luas, tida para viagens à Lua e outros plane
aumentando, assim, para seis os satélites tas de nossa galáxia. Os veículos lança
n atu rais daquele distante planeta. A dos a partir da plataforma espacial po
Voyager 2 passou a cerca de 1.800 km do deriam prescindir de sua arquitetura
topo das núvens de Netuno no dia 21 de aerodinâmica, já que a resistência do ar
agosto, completando sua missão no nosso
sistema solar. Durante toda a viagem a não será fator de consideração. Tampou
espaçonave explorou os planetas Júpiter, co necessitariam de foguetes de alto po
Saturno, Urano e dezenas de luas, en der de empuxo, como acontece com os
viando milhares de preciosas fotografias lançamentos a partir da Terra.
e dados para a Terra. Outros estudos se referem ao esta
Sobre o programa espacial soviético, o belecimento de uma base lunar. Muitos
Dr. Lew Allen disse que houve mudanças cientistas anseiam efetuar uma viagem
notáveis na URSS depois da abertura tripulada a Marte. Ainda que tenham
política (glasnost) levada avante pelo go de vencer enormes obstáculos tecnológi
verno de Moscou. “Nos últimos anos”,
acrescentou o cientista, “os soviéticos têm D r. L e w A lle n , P hD pela A cadem ia M ilita r de cos, eles pensam que, desde que tenham
sido mais abertos a respeito de seus pla W est P o int, ex-m em bro da J u n ta de Chefes do os recursos necessários, o homem po
nos espaciais. Eles têm solicitado a parti E sta d o -M a io r dos E U A . derá caminhar sobre a superfície mar
ciana no início do século 21. *