Page 32 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1988

DEBATE
Revista Telebrasil — Estamos aqui com quatro
associações e acharia interessante estabelecer
o campo de atuação de cada uma, na voz de
seus representantes.
Lázaro J. Brito (Telebrasil) — A Telebrasil con­
grega não só empresas do setor estatal, bem
como fornecedores de bens e serviços, além de
usuários interessados em telecomunicações e
teleinformática. Neste particular, é uma asso­
ciação sulgeneris no mundo por conter todos os
lados, promovendo seu intercâmbio.
Mauro Furtado (Abecortel) — A Abecortel con­
grega, basicamente, as empresas de construção
de redes telefónicas e existe no nosso estatuto a
exigência de que sejam brasileiras. A ressaltar
ainda que não congrega as empresas que se de­
dicam apenas à parte de construção civil, rela­
tiva a sistemas telefônicos.
Rui Alvarenga (Abeprest) — A Abeprest nasceu
há um ano para congregar as empresas de pres­
tação de serviços de telecomunicações, dotadas
de capital nacional e que perfazem atividades
na instalação de equipamentos para transmis­
são e comutação. Sentíamos a falta de um canal
comum de comunicação direta com a Telebrás.
Atualmente a Associação possui cerca de 20
empresas afiliadas, dentre o universo de cerca
de 600 que existem no território nacional.
Edwaldo Sarmento (Abenmest)
começou exatamente pela necessidade e difi
culdade encontrada pelo setor estatal em aten­
der à manutenção de equipamentos telefôm
cos, mais precisamente na área de CPCT. Sur
giram na ocasião várias empresas no mercado,
com grande degradação de mão-de-obra e sem
estabilidade de política de preços A Aberimest
orienta tecnicamente seus associados visando a
melhoria de seu desempenho. Ela também dis­
ciplina o mercado na área da iniciativa privada
visto que ela representa a ponta final do produto
do fabricante. Parece-me que no campo da edu­
cação técnica, na preocupação de formar mão-
de-obra, no campo da representação, na mterlo-
cução entre fabricantes e seus representantes,
e no campo do Governo discriminar normas en­
tre ele e a entidade de classe, concretizou-se
nossa maior bandeira.
Luís Celso (Telebahia) — Em relação à questão
de aprimoramento de mão-de-obra, ligada a re­
des, gostaria de saber com o Dr. Mauro Furtado,
o que a Abecortel faz neste sentido?
Mauro Furtado — Grande parte das afiliadas da
Angelo Piccolo (NEC).
Abecortel têm suas próprias "escolmhas' para
formação de mão-de-obra especializada. Temos
também contado com o apoio das operadoras no
sentido de facilitarem o empréstimo de seus
centros de treinamento e por vezes até de instru­
tores. Só não conseguimos ainda que elas con­
cedam carteirinhas após aferição dos trei-
nandos.
Geraldo Gomes (Emtel/MG)— Que critérios são
necessários para ingressar na Abeprest?
Rui Alvarenga — Nossa preocupação é com
qualidade. Como tememos uma proliferação de
empresas de serviços sem qualificação, pedi a
Telebrás que providenciasse critérios de avalia­
ção e classificação das empresas, o que ainda
não foi feito. No nosso estatuto, foi estabelecido
que a associada precisa comprovar três anos de
atuação junto a empresa do grupo Telebrás. De
qualquer forma estamos abertos à inscrição de
todas empresas que cumpram às exigências es­
tatutárias da Associação.
Edwaldo Sarmento — A Aberimest sempre foi
ao longo do tempo um cobrador constante da
qualidade dos serviços. Entendemos que as em­
presas marginais, sem qualificação técnica, ou
se aprimoram ou sucumbirão de vez. Neste sen­
tido, o papel de interação que a associação pro­
move é fundamental para aprimorar o mercado.
A Aberimest Participante - Sabemos que todo setor de
construtores de redes será pressionado por um
aumento substancial do serviço e que, mesmo
com treinamento adequado, fatalmente haverá
falta de mão-de-obra. Qual é a avaliação da Abe­
cortel?
Mauro Furtado Na avaliação da Abecortel o
atual contingente de mão-de-obra das emprei­
teiras é suficiente para duplicar nosso atual de­
sempenho. Inclusive, é possível fazer remaneja-
mento de mão-de-obra ociosa a fim de atender à
demanda da planta. Mas acho que seria desas­
trosa uma pulverização do mercado, sobretudo
ao crescer o numero de empresas sem qualifica­
ção. Peço aos dirigentes do STB que a evitem,
pois conduz à bancarrota de nossas empresas e
provoca queda de qualidade em nosso sistema.
Walter Teodoro (Tandem Engenharia) - Dentro
do assunto qualificação de empresas, gostaria
de saber com o Dr. Joel quais as facilidades ne­
cessárias em termos de importação de equipa­
mentos e de treinamento de mão-de-obra es$$-
cífica para atender às novas tecnologias previs­
tas pela Telebrás especificamente em comuta­
Edwaldo Sarmento (Aberimest).
ção e transmissão?
Joel Simão (Telebrás) — Desde que estou na
Telebrás ainda não consegui descobrir nenhu­
ma fórmula mágica neste sentido e acho que
nem as diretorias anteriores, porque as dificul­
dades de importação para instrumental de teste
continuam as mesmas, talvez até maiores de­
vido ao problema da divida externa. No entanto,
todas as facilidades de que dispomos estão
abertas aos companheiros que estarão fazendo
a mesma prestação de serviços, independentes
de novas ou antigas tecnologias. 0 objetivo é
juntos realizarmos bons serviços de telecomuni­
cações.
Rui Alvarenga — Não seria importante a possi-
tnlidadeda Telebrás vir a implantar uma qualifi­
cação das empresas em instalação de equipa­
mentos de transmissão e comutação?
Joel Simão — Essa depuração de mercado deve
partir de vocês. Em outras áreas, a pré-qualifi-
cação foi possível porque tivemos interlocutores
que estavam pelo menos unidos em torno de
uma causa, senão não teríamos feito nada. Não
queremos que seja um ato direcionado de nossa
parte. As empresas precisarão investir seria­
mente na formação de mão-de-obra técnica,
gerencial e de instrumentos (inclusive o de tes­
tes), equipamentos, a fim de reduzir os prazos
de instalação com benefícios não so para os for­
necedores, mas também para as operadoras.
Armando Ricardi (Ricardi Engenharia) — Que­
ria observar que a concorrência no mercado tor­
na-se até desleal para as empresas de médio e
pequeno portes no que tange às próprias ven­
das, bem como na parte de prestação de servi­
ços e de assistência técnica, pois têm empre­
sas, principalmente multinacionais, que efe­
tuam estas três funções, tirando mercado de ou­
tras, principalmente das menores que atuam
em alçuma área específica.
Joel Simão — O objetivo da Telebrás não é pro­
mover cartórios. Estamos numa sociedade capi­
ta 11 sta onde com petência vem da palavra
disputa, e esta disputa.tem que ser a mais leal e
competente possível. É evidente que nossa in­
tenção de ajudar a brasileiros está patente, o
que não significa que vamos nos transformar
numa China fechada de vinte anos atrás. Quçre-
mos puxar junto com o sistema companheiros
que queiram crescer com o Brasil. A briga tem
de ser por qualidade devido a nossa responsa­
bilidade perante o usuário.
Rui Alvarenga (Abeprest) Joel Simão (Telebrás)