Page 19 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1988

E u r o p a

Acelera sua competição em alta tecnologia

três centros de gravidade — tecnologia

da informação, robótica e biotecnologia.

Dentre os resultados já alcançados, ci­

tou Fels a televisão de alta definição (o

cinema em casa), com protótipo já de­

monstrado publicamente e que resultou

do esforço combinado da Philips,

Thompson e Bosch Outro projeto euro­

peu de sucesso é o da manufatura flexí­

vel, Famos. cjue permitirá que produtos

personalizados, “ao gosto do freguês",

sejam fabricados em massa. Na área de

transportes, destaca-se o Prometheus

(vide box), que resulta de união de sen­

sores, rede de dados e computador a

Tecnologia em debate: (E-D) Kazuo Yanagishita (Mitsubishi), Xavier Fels (Eureka) e intér­ bordo, destinado a gerenciar o tráfego

prete, além de Michael Micbaud (DeplP Estado - EUA). de tudo que se move sobre rodas.

Mas não é ainda tudo. disse Xavier

Fels: em operação, desde 86, deve-se ao

“A mega-Europa se prepara para en­ projeto Eureka o sistema EU16 ES2

frentar o século XXI, com base no desen­ para gravação direta de desenhos na su­

volvimento da tecnologia. Represen­ perfície do silício, acelerando grande­

tando um mercado de 400 milnões de mente a produção de chips.

pessoas, a Comunidade Européia possui As atividades do Eureka ainda in­

mais do dobro de cientistas e técnicos do vestem nos ramos da agronomática (si­

Í ue o Japão e mais do que os Estados nergia do computador e da agricultura

Inidos. Por outro lado, trata-se de um do avião hipersònico (Nova Iorque-Tó-

mercado fragmentado entre 19 países quioem uma hora), da inteligência arti­

de estruturas fixas e de soluções por ve­ ficial, da engenharia de software (pro­

zes antigas. Além disto, há que contar gramas para fazer programas), da tele­

com a ferrenha concorrência japonesa, visão tridimensional e da monitoração

norte-americana e dos NICs (New In­ atmosférica e marítima para observar a

dustrialized Countries), como a Coréia poluição. E os países em desenvolvi­

do Sul e a Malásia (o Brasil náo foi ci­ mento como se situam neste contexto?

tado). O que fazer nestas circunstân­ Simulador da Daimler-Benz, único no mun­ "São grandes mercados ainda não explo­

cias? Criar o projeto Eureka", responde do, que ó complementado por imagens digi­ rados", admite com simplicidade o coor­

Xavier Fels, que é chefe do secretariado tais em computador (não mostradas). denador do projeto Eureka.

deste importante projeto europeu de

cooperação tecnológica e que envolve

dezenove países. O q u e é P ro m e th e u s ?

O Eureka — o nome remonta à excla­

mação que teria feito Arquimedes ao Grandes planos estratégicos merecem nização do tráfego e da sociedade em

descobrir porque flutuava — visa a tor­ nomes míticos. Prometheus roubou o fogo eral, operando de maneira coordenada,

nar mais flexível a estrutura produtiva do céu e por isso foi castigado. Umas das g
•entre os projetos que integram o Prome­

européia, melhorar a qualidade de vida grandes aplicações modernas do fogo foi, theus destacam-se um computador a

das populações e, obviamente, competir sem dúvida, movimentar automóveis, ca­ bordo auxiliando o motorista (Pro-Can.

com os Estados Unidos e Japão como lí­ minhões, motocicletas, criando o trans­ uma rede de comunicações entre compu­
porte individualizado do século XX, mas
deres do comércio internacional de alta também toda uma seqüela de desastres tadores de bordo e com unidades fixas
(Pro-Net); um sistema de informações e
tecnologia. Do ponto de vista organiza­ (um milhão e setecentas mil ocorrências de sensoriamento de tráfego, comunican­

cional, o Eureka engloba governos, es­ por ano, somente na Europa Ocidental) e do-se com computadores a bordo (Pro-

critórios de projetos nacionais, indús­ de mega-engarrafamentos de tráfego. Road).

trias e centros de pesquisa, vai expli­ Algo precisava ser feito. Desde 86, mais Será possível, então, ao motorista sa­

cando Xavier Fels. de 300 cientistas e engenheiros em insti­ ber de antemão (fora de seu limite visual)

Ele acrescenta que cabe aos Gover­ tutos de pesauisa e em centros de desen­ da situação da estrada i mesmo existindo
volvimento ua indústria automotiva eu­
fog). Os carros manterão diálogo compu­
nos zelar pela padronização da tecno­ ropéia — Alfa-Romeo, Austin, Daimler- tador-a-computador evitando colisões e

logia e pela unificação de estruturas Benz, Fiat, Jaguar, Matra, Peugeot. Pors­ estabelecendo prioridades em cruzamen­

operacionais e dos centros de pesquisas, che, Renault, Rolls Royce, Saab-Scania, tos. Automóveis dialogarão com seus mo­

ao passo que às coordenações nacionais Volkswagen, Volvo — participam do de­ toristas para lhe dar ciência de como vão

compete selecionar e iniciar projetos, senvolvimento conjunto, dentro do apoio as coisas a bordo e lá fora empregando,

overnamental propiciado pelo sistema
prover a fundos públicos, contactar os f quem sabe. voz artificial. Para chegar a

universos de pesquisa e da indústria, 'ureka, ao Prometheus (Program for an este estágio, estão sendo desenvolvidas

European Traffic with Highest E f f i -
além de procurar parceiros internacio- ciency and Unprecedented Safety). coisas tais como inteligência artificial,

uais. A Europa está em marcha. Como explica o diretor de planeja­ novos chips dedicados para uso embar­
cado. sistemas de comunicação e estudos
Em três anos, o Eureka, que conta mento da Daimler-Benz. alemã, H.P. Gla- de engenharia de tráfego. A partir de

com investimento de 5 bilhões de dóla- the, o verdadeiro âmbito da indústria au­ 1993 se perceberá, no mundo, o impacto

res. já gerou cerca de 200 projetos, en­ tomobilística mundial é o sistema consti­ de Prometheus.

volvendo mais de 100 entidades diver­ tuído de motorista, veículo, estrada, orga-

sas, e que se concentram em torno de

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