Page 68 - Telebrasil - Março/Abril 1988
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Conversão da dívida gera capital
mas pode contribuir para inflação
Ao se falar em progresso industrial gusto Dias Carneiro (ex-Xerox), 37,ur
ocorre logo ao pensamento a imagem de dos sócios da Estratégia Consulton,
modelos. Assim, os japoneses teriam até Ltda., "o jogo consiste em captar o m*
bem pouco tempo (antes da ênfase na 5:' ximo de capital, com o mínimo de saí^
geração) copiado a penúltima tecnolo de ações”.
gia e preferido operar com margem re O modelo da conversão é empregai
duzida, aliada a grandes volumes para no Chile, desde 84, onde converteu b:
ganhar, rapidam ente, mercados. No parte de sua dívida externa e privatize,
modelo mexicano, a preocupação seria a a Previdência Social, operando com
de não agregar tecnologia, mas sim Banker’s Trust, que trouxe tecnologu
mão-de-obra, em zonas de produção de Fundos de Pensão. No Brasil, empre
para exportação. Em Cingapura, trata- sas como SI D e Elebra, visando sua capi
se de fornecer componentes sofisticados, talização, se associaram a bancos norte-
com volume altíssimo e tecnologia total americanos. Já Dernizo Pagnocelli.à
mente importada. Na Coréia do Sul, os Riotec, preferiria ver um mecanismoo-
componentes são dirigidos para o mer bonus ao invés da conversão da dívida,
cado de massa, utilizando mistura de vê perigo das empresas perderem ocon
tecnologia local e importada. trole efetivo de seus negócios, além des
De qualquer maneira, um país pre gerar inflação ao longo do processo 'd*
cisa para crescer do aporte de capital e onde o Banco Central vai tirar cruzador
de tecnologia. O primeiro se obtém da Augusto Dias Carneiro, consultor de e m para capitalizar as empresas?).
poupança interna ou externa, esta che p resas. "Existem, no entanto, restriçõesqut
gando através de empréstimos. Tecnolo procuram minimizar os riscos: o acio
gia nasce, fundamentalmente, do grau Banco Central. nista estrangeiro não pode ser, também,
de preparo e determinação dos recursos Fhn relação à filosofia da conversão cedente de tecnologia; as ações são ine
humanos nacionais, tendo como pano de da dívida, as opiniões estão divididas. gociáveis por 10 anos e não pode ocorrer
fundo, digamos, contexto sócio-cultural Para Cláudio Leig, da Telecom que desnacionalização do controle acio
favorável. promoveu palestra a respeito do as n ário ”, explicou Carneiro. Náoobs
Com base nestas perspectivas, o Bra sunto, na AC RJ a conversão da di tante, já está correndo leilão das açó*
sil tomou empréstimos, externamente, vida é inevitável principalmente para preferenciais, de tipo especial, desti
visando favorecer o crescimento acele as empresas que operam com tecnologia nado a pôr em marcha os mecanismosà
rado de seu PNB. Todavia, com o repas de ponta e que necessitam de maqui conversão da divida — um assuntoec
se para as importações de bens de alta naria e de tecnologia externa para so volvendo milhões de dólares, vale dizer
tecnologia do aumento dos custos do pe breviver. Segundo o palestrante Au- bilhões de cruzados.
tróleo; com a queda relativa dos preços
das m atérias-prim as e dos produtos
agrícolas no mercado internacional;
com a elevação da taxa de juros causa
BANCO BANCO EMPRESA
da pela escassez de dinheiro, moti ESTRANGEIRO CENTRAL BRASILEIRA
vada, em grande parte, pelos déficits dos EMPREST1M0: Banco estrangeiro empe#
governos, viu-se o Brasil a braços com a i. I recursos a empresa brasileira Banco CeM
atua como conversor de dólares pau o-
crescente dificuldade para saldar, em zados.
tempo, os compromissos assumidos. Isto
apesar de ter o País aumentado tremen
damente suas exportações — que diver DEVOLUÇÃO: Empresa brasileira paga p?
oOuriGoa
sificou —, criado uma sólida infraestru- o n ono n n e amortiza capital emprestado Banco Cr
tura industrial e reformulado seu perfil trai atua como conversor de cruzados X'-
dólares
energético.
Dessa maneira, a partir de fevereiro MORATÓRIA: Banco Central, comaenseX
de 83, o Banco Central, apesar de reco balanço de pagamentos, interrompe nr*
lher cruzeiros dos tomadores de emprés U í h n r aoS sa do principal 119831 e dos /uros (19$ :
colhe cruzados da empresa, que quita sm'
timo externo com base nos compromis oonrtooo vida, e os destrói Tesouro Nacional pa&
sos assumidos, não mais remeteu os dever ao banco estrangeiro
dólares correspondentes devidos á
amortização do principal. Quatro anos CONVERSÃO DA DIVIDA Banco e sm
cancela divida do Banco Central ao rece*
mais tarde suspenderia, igualmente, a
ações de empresa. Banco Central d i-
remessa de juros para o exterior con correspondente em cruzados para ewx*
substanciando, assim, a moratória da Pode ocorrer um leilão de ações
dívida externa.
Dentre os mecanismos criados para REMESSA DE DIVIDENDOS (a partir«*1
ano): Banco estrangeiro passa a recete •
resolver o impasse surgiu o da conver
Banco Central, dividendos a que laier- M *
são da dívida externa (vido ilustraçào), ações preferenciais que adquiriu.
pelo qual a dívida vencida é trocada por
ações de empresas brasileiras. Estas
No m ecanism o de conversão da divida, o banco e stra n g e iro troca um fluxo de juros e de amortizaço^
passarão, então, a remeter dividendos delinquente por um fluxo de d ivid e n d o s de em presas brasileiras, das quais se tornou acionista, pcr&
para seus novos acionistas externos, via ano$.