Page 7 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1986
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a) Na telefonia urbana, deveremos telecomunicações para diversos países
contar com 15,2 milhões de telefones em da América Latina e da África de ex
operação, na telefonia rural tal número pressão portuguesa.
será de 218.000, praticamente o dobro Da pauta de exportações constam, in
do existente ao final de 1985. clusive, itens de tecnologia de ponta,
b) No segmento de comunicação de como centrais digitais e estações terre
texto deveremos contar com 128.000 nas para comunicações por satélite.
terminais de telex e 100.000 de video Em 85, abrimos oportunidades co
texto. merciais na ordem de 95 milhões de
c) Para a comunicação de dados, de dólares e, no momento, já firmamos con
vemos ter 9.399 portas instaladas para o tatos na casa dos 200 milhões de dóla
Renpac e 35.600 terminais destinados res, valor que poderá ser substancial
ao Transdata. mente aumentado se outros contratos,
Concretizar tal programa, evidente ora em discussão, chegarem a bom
mente ambicioso, só se tornará factível termo.
por dispormos de parque industrial con Respaldamos nossa expansão indus
solidado e capaz de fabricar, no País, trial por criteriosa atuação na área de
com elevados índices de nacionalização, pesquisa e desenvolvimento.
os equipamentos e demais insumos re O CPQD da Telebrás, agindo em ín
queridos. timo relacionamento com a indústria e a
Vivemos hoje intenso processo de de universidade, ocupa a vanguarda da lu
senvolvimento tecnológico, que vem ta, no País, em prol da capacitação tec Antonio Carlos Matfulháos e Afonso Arinos,
permitindo a presença crescente, no nológica. os mais aplaudidos.
mercado, de produtos projetados e cons O Centro realiza programas básicos
truídos no Brasil. de pesquisa cobrindo todas as faixas de
Nosso pioneirismo na geração local interesse das telecomunicações: comu
de equipamentos e insumos é indiscutí tação eletrônica, comunicação por sa reorientar a ênfase na condução da polí
vel, bastando estabelecer comparação télite, transmissão digital, comunica tica, no sentido de privilegiar iniciati
com qualquer outro setor que requeira ções ópticas (que têm tido sucesso ab vas que concorram para ampliar a for
tecnologia igualmente complexa. soluto em todo o País), componentes e mação e o aprimoramento de recursos
Efetivamente, desde o primeiro ins materiais, comunicações de dados, de humanos, base fundamental para a efe
tante, nos dedicamos a resgatar, suces senvolvimento de redes, tecnologia de tivação de qualquer processo de capaci
sivamente, as fases naturais do desen produtos e particularmente microele- tação.
volvimento tecnológico. Inicial ment e, trônica. Em decorrência, considerei priori
importamos para, a seguir, nacionali Fruto da política de desenvolvimento tário que se assegure maior volume de
zarmos os equipamentos/insumos e industrial o tecnológico implantada no recursos para as atividades de P&D, ex
adaptá-los ao mercado, até atingirmos a setor, foi virtualmente alcançada a con tremamente onerosas quando se trata
etapa definitiva da pesquisa e desenvol solidação do parque industrial de teleco de tecnologias avançadas, intensifican
vimento de novos produtos. municações brasileiro, criando-se tam do-se também a proteção às iniciativas
Não agíssemos assim, não desfru bém as bases para a intensificação do de geração e industrialização de produ
taríamos da posição privilegiada que processo verdadeiro de capacitação tec tos projetados localmente.
detemos. nológica. Se, há oito anos, justifica-se centrali
O Brasil já exporta equipamentos de Vencida essa etapa, faz-se necessário zar no CPQD da Telebrás a iniciativa de
?
D e s c o n t r a ç ã o e f i r m e z a
Depois da palestra, Antonio Carlos mos entregar os transponders do Brasil- brasileiros vamos resolvê-lo dentro do in
Magalhães se colocou à disposição do au sat para interesses particulares da Vic- teresse nacional. Este não deve ser as
ditório para responder a qualquer per tori, Bradesco ou Rede Globo. Essa gri sunto de apenas um grupo, mas sim deve
gunta, o que, de fato, aconteceu, além da taria toda é porque a empresa se chama ser objeto de consenso.
coletiva que concedeu aos jornalistas. Victori, pois se o nome fosse "cacique” não Neste ponto, o jurista Afonso Arinos
Durante todo o tempo o Ministro demons haveria essa celeuma — disse o ministro interviu invocando sua posição de descen
trou descontração e firmeza. em tom de blague, provocando risos da dente de uma extensa linhagem de diplo
Respondendo à primeira pergunta do platéia. matas, tendo ele próprio sido Ministro do
auditório, disse o Ministro que era contra Sobre a unificação da Teleij e da Cetel, Exterior, no Governo Jânio Quadros, afir
a quebra do monopólio no controle do flu informou Antonio Carlos que "existem mando que "o Brasil, ao longo de sua his
xo internacional de dados. estudos, mas por motivos de ordem téc tória, no terreno internacional, jamais se
— A Em bratel jam ais será prejudi nica e financeira, ainda não considera deixou intimidar por pressões externas”.
cada por maior que sejam as pressões e os mos sua unificação. A longo prazo, a uni Enaltecendo o CPqD da Telebrás,
interesses em jogo. Não sou favorável a ficação poderá ocorrer”. "que tem dado contribuição efetiva à tec
retirar qualquer tipo de serviço que seja Qualificando uma pergunta de "pro nologia nacional”, Antonio Carlos Maga
lucrativo à Embratel e transferi-lo para a vocação”, o Ministro das Comunicações lhães citou a fibra óptica como exemplo,
iniciativa privada, contrariando interes disse que o Minicom não interfere na SEI; para em seguida ressaltar:
ses da empresa, por mais forte que seja o pelo contrário, a SEI é que interfere no — Porém, o País não pode absorver
banco, a organização e a amizade ao mi Minicom e em outros ministérios, como o tudo e, por isso, deve conviver com joint-
nistro — enfatizou. da Indústria e Comércio. "A SEI não é ventures, cuja absorção acontecerá na
— Estamos negociando a concessão do dona do patriotismo nacional. O que ela turalmente ao longo do tempo. Ainda não
uso do satélite a outros países (Peru, Ve faz é atrasar o desenvolvimento do País, é hora de fecharmos o Brasil à tecnologia
nezuela, Suriname, etc.) e não sei porque . como no caso do cerceamento de importa advinda do exterior e as joint-ventures
ele não deva ser utilizado por empresários ções.” devem ser aceitas desde que o sócio es
nacionais, na medida que sejam resguar — O problema da informática divide trangeiro não participe com mais de 30%
dados os interesses da Embratel. Não va- opiniões — acrescentou o Ministro. Nós do capital — concluiu.