Page 16 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1986
P. 16
Política Industrial
M u d a n d o a s r e g r a s d o j o g o
por outro lado, interesses históricos
aqui estabelecidos.
Inicialmente, é necessário distinguir
três categorias de centrais: pequeno,
médio e grande porte, conforme sua cap-
cidade ser de até 4 mil linhas, entre 4 e
10 linhas, ou acima deste valor.
Nas de pequeno porte a situação de
mercado e de tecnologia brasileira já
está bem equacionada. A tecnologia
Trópico existe, está consolidada e é fruto
do desenvolvimento feito pelo CPqD,
juntam ente com as indústrias PHT e
Elebra. No entanto, por compromissos
anteriores já assumidos pelo Minicom,
competirão até 1990 neste mercado três
empresas: a PHT, a Elebra e a Sesa —
que tem neste direito assegurado um de
seus mais preciosos ativos. Após 1990, o
mercado estará aberto aos demais com
petidores nacionais.
Médio porte
Nas centrais de médio porte, também
A Portaria 622/78, que teve como objetivo consolidar um parque industrial para o Sistema está desenvolvida a tecnologia nacional
Nacional de TCs, será redirecionada para dar ênfase ao projeto brasileiro Trópico. Quanto ao mercado para esta
categoria de centrais, metade deste será
reservado à empresa nacional, que com
— Existe um clima de expectativa no tido, ao fixar os condicionamentos a que parecerá, é claro, com o Projeto Trópico.
ar. Mas isto é natural quando se fala em devem se submeter as empresas forne A outra metade será disputada pelas
mudar as regras do jogo — admitiu o Se cedoras do Sistema Telebrás, nos casos empresas nacionais com a tecnologia
cretário de Planejamento e Tecnologia de transferência e absorção de tecnolo Trópico e por empresas em regime de as
do Minicom, engenheiro Benjamin gia. O documento fixa, inclusive, as nor sociação com capital estrangeiro (Lei
Sanckievicz. mas dos programas de nacionalização, 7.322 de Informática), com tecnologia
os níveis de investim ento, o trein a congelada — isto é, com os modelos de
Ele referia-se à nova legislação pre
parada pelo Minicom e que alterará as mento de pessoal e os objetivos de capa tecnologia externa que comercializa
rígidas regras de reserva de mercado, citação tecnológica necessários. Tam vam até a ocasião do lançamento do Tró
estabelecidas no passado pela Portaria bém ficou determinado que caberá ao pico.
622. Segundo revelou o Secretário, os INPI cuidar das patentes e do ângulo "Ao passo que a empresa nacional irá
princípios básicos que irão nortear da dos royalties, ao Geicom tratar na na competir lançando novos modelos Tró
qui por diante as compras do Sistema cionalização e da formação de recursos pico, a empresa que utilizar tecnologia
Telebrás serão o de dar ênfase à origem humanos e à Telebrás coordenar, como externa terá que permanecer estagnada
nacional do projeto e em conceder maior um todo, o aspecto técnico. nos velhos modelos ou então aderir ao
abertura à entrada de novos fornece Mas a reformulação mais profunda Trópico”, observa com otimismo Sanc
dores no mercado. da Portaria 622 terá como objetivo não kievicz.
só fortalecer o regime da livre competi Mas é na área das centrais de grande
''Mas existirão exceções, visto que ção e dar garantia de recursos financei porte que se registram as maiores su
por ocasião do lançamento de novas tec ros para área de P&D, mas também pro tilezas da fu tu ra regulamentação
nologias — tal como sucedeu no caso de teger a pequena e média empresas na Como para estas ainda não desabrochou
fibras ópticas ou com o telefone padroni cionais, que gozarão de preferência do a tecnologia do Projeto Trópico, o mer
zado — é necessário manter certa faixa Sistema Telebrás na aquisição de equi cado permanecerá, por ora, com as em
de mercado reservada ao pioneirismo pamentos tais como centrais comuni presas em regime de joint-venture(õ\r
nacional, ainda que por tempo limi tárias, rádio monocanal e apetrechos de do capital votante nacional), que per
tado”, confidenciou Sanckievicz. rede, explicou o representante do Minis manecerão com suas respectivas tec
tério. nologias, como é o caso da NEC, da
Novas regras Mas é no tocante ao segmento de co Equitel e da Ericsson.
mutação pública — considerado o filé Ao chegar ao mercado o Projeto Tró
As novas mudanças, no entanto, não mignon dos pedidos da Telebrás — que pico a ser desenvolvido pelo CPqD da
chegarão como uma total surpresa ao as novas diretrizes do Minicom mos Telebrás para as centrais de grande
setor das telecomunicações. Ainda, re tram habilidade em maximizar a ala porte — cujo desenvolvimento temo*
centemente, em abril, a Portaria 96, já vancagem propiciada pela tecnologia um planejamento e não um comprome
constituia um primeiro passo neste sen nacional, sem deixar de levar em conta, timento, conforme esclareceu Sanckie*