Page 62 - Telebrasil - Março/Abril 1986
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indústria
Mercado das TCs tende para
maior nacionalização
José M ilton Bandeira é um dos que gosta
de falar sobre a evolução do pólo de eletrónica
de M anaus. Um ex-engenheiro da Philco,
onde chefiou seu departamento de televisão,
é hoje da Fucapi, e conta com uma equipe de
36 engenheiros trabalhando no controle da
tecn ologia em pregada na Zona Franca de
Manaus. Segundoele, remonta aos anos 60o
interesse das empresas japonesas do ramo de
eletrónica de consumo (Sharp, Sony. Sanyo)
em qu erer penetrar no mercado industrial
brasileiro que se concentrava, na época, ex
clusivam ente em São Paulo. Encontrando o
te r r itó r io ocupado na regiã o Sudeste, o
aparecimento, em 68. da Zona Franca de Ma
naus surgiu como uma grande oportunidade
para os capitaisjaponeses, cuja transferência
passou, no entanto, a se dar em massa, so
mente a partir de 74.
"Foram anos difíceis, lembra Bandeira,
as comunicações eram escassas e só soube
mos do term ino da Guerra do Vietnã, em 75,
•18 horas depois. Por outro lado, não havia li
mite para o que podia ser importado à exce
A introdução da eletrônica digital modificou profundam ente o merendo de P A l i X ,
ção de armas, munições, automóveis, perfu
cuja tecnologia tem sido importada.
mes e bebidas, e "trazia-se até sorvete da Ho
landa".
Ao se falar na possível reestru ra. A s e m p re s a s e s tr a n g e ir a s , A gora a situação está controlada. A im
plantação se dá longe de cotas fixadas, em
turação da política industrial do Mi* porém, só poderão se valer de tec
dólares, de acordo com o teor de cada projeto
nicom, nunca será demasiado lem nologia brasileira respeitados os
O Conselho de Desenvolvimento Industrial e
brar que empresa nacional, pela Lei direitos historicam ente adquiridos
a Sufram a determ inam , inclusive, quais os
de Informática (Art. 12), requer que no País. índices de nacionalização a serem atingidos.
três tipos de controle fiquem em Segundo um executivo da área, "Certam ente, se a mesma indústria japonesa
mãos brasileiras — o decisório, o tec isto poderá criar uma situação in tivesse sido sediada, em São Paulo, sua na
nológico e o do capital. teressante no caso de cabos para tele cion a liza çã o não teria se dado no mesmo
O controle de capital, por sua vez, comunicações, cujo mercado é repar ritm o” do que em Manaus, afirma o enge
nheiro.
exige que a totalidade deste com tido entre oito empresas, das quais
Os índices de nacionalização se baseiam
direito à voto e, no mínimo 70'/? do ca duas são nacionais (Bracel e Condu-
na relação entre os insumos nacionais e o to
pital social, fique em mãos brasilei g e l), duas são CCB (M a rsica n o e
tal de insumos dos produtos. A Fucapi pes
ras. No caso das sociedades anóni Monte D’este) e 4 são multinacionais
quisa a existência ou não de similar nacio
mas, as ações com direito á voto (ordi (Pireili, Furukawa, Ficap e Forest). nal, que se concentram principalmente na
nárias) ou a dividendos fixos ou míni No caso de cabos óticos (a fibra é mo área de chips e componentes especializados.
mos (preferenciais) deverão corres nopólio da ABC-Xtal) só poderão ser Nem todos os industriais concordam, porém,
ponder, no mínimo, a 2/3 do capital empregados no sistema de telecomu qu e a tese do s im ila r nacional é valida
social e deverão estar sob controle nicações fibras de tecnologia nacio achando que certos componentes, aqui fabri
cados, são muito mais caros do que os com
brasileiro. nal. Por outro lado, as novas tecnolo
prados no exterior e gostam de citar que os
Já no caso das empresas sob Con gias estrangeiras, que por acaso ve
cristais para uso em receptores de TV, que
trole de Capital Brasileiro — CCB, nham a surgir na área de cabos, não importados custam 4 a 5 vezes mais baratos
também conhecidas como nacionali poderão ser exploradas no mercado do que os adquiridos de fabricantes nacio
zadas, se requer que a maioria do ca de TCs por empresas multinacionais, nais.
pital votante (algo acima de 50% das mas sim por empresas brasileiras.
ações ordinárias) seja nacional. En A in d ú stria, no en tan to, já dá
tramos então no reino da matemá mostras de estar sensibilizada com o
tica e se considerarmos que até 2/3 novo estágio surgido sob influência
das ações podem ser sem direito a da Lei de Informática. E o caso por
voto, a totalidade do capital neces exemplo do Grupo Monteiro Aranha
sariamente em mãos nacionais nes (E ricsson), que im pressionado de
tas empresas, fica reduzido a um certa form a pela associação IB M -
mero 16,7% (1/3 x 0.50). Gerdau e pela nacionalização da P h i
Na reformulação pretendida pelo lips, via Sul-Am érica, está se pre
Mi nicom, as empresas sob Capital de parando para entrar firm e no m er
Controle Brasileiro poderão utilizar cado de P A B X eletrônicos, através
tecnologia brasileira e para certa fai possivelmente da criação de uma em
xa de produtos, tecnologia estrangei presa nacional.
José M ilton j andeira. da Fucapi.
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