Page 15 - Telebrasil - Março/Abril 1986
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R L — Não, em absoluto. Para nós, isto é "As empresas estrangeiras R L — O próprio PA B X de um determi
ainda um caso de tecnologia importada. ficarão restritas a nado porte fará parte do Grupo IV, isto
Tecnologia brasileira será aquela cuja é, será aceita a empresa brasileira e sob
idéia aqui brotou e aqui foi desenvol 60% do mercado. ” controle brasileiro, mas a tecnologia sa
vida, empregando softw are desenvol be-se que poderá ser importada.
vido aqui. Tudo brasileiro. Nesse tipo de
segmento de mercado, do Grupo I, tere
T B — Dessa m aneira seria acertado
mos que nos restrin g ir a esse tipo de
concluir que a proposta da Telebrás é a
aportamento de tecnologia.
de term inar com a divisão geográfica e
com o lim ite do número de empresas que
TB — Isto significa que a PE M a que se
podem atuar em determinados segmen
refere a revisão da Portaria 622 suben
tos de mercado?
tende que a mesma será brasileira?
R L — Isto mesmo. A grande proposta
R L — Não há a m enor dúvida. Ainda
nossa é justam ente essa. Não vamos
mais que há de se convir que o termo pe
mais ter o que se poderia denominar de
quena e média empresa para uma em-
capitanias hereditárias ou sesmarias,
pesa estrangeira é uma adjetivação que
que resultaram em tais situações, como,
pouco se aplica à m ultinacional, que
por exemplo, o mercado de comutação de
aqui costuma operar.
S.Paulo é da Ericsson, o do equipamento
tal é da firma tal etc... Naturalm ente
TB — E quanto ao Grupo ou Segmento
serão respeitados os contratos e compro
II, como será caracterizado?
missos já assumidos pelo M inistério das
R L — Neste grupo foi mantido o concei
Comunicações, mas no futuro nossa pro
to de pequena e média empresa brasilei
posta é a de que, em qualquer cidade do
ra, que aliás pode atuar, caso capaci
País, a competição será mantida livre,
tada, em qualquer um dos quatros seg
dentro do espírito a que se propõe a revi
mentos de mercado. O segmento II en
gida pelo nosso parque industrial. In são da Portaria 622.
globa equipamentos com uma tecnolo
clusive, nós fomos adquirindo aos pou
gia um pouco mais sofisticada que a em
cos a certeza de que é difícil, no caso de
pregada nos produtos do Grupo I. Aqui T B — O Grupo IV parece importante.
uma indústria não nacional, determi
teremos fibras ópticas — não o cabo, Qual é seu peso em relação ao investi
nar qual a origem de sua tecnologia.
mas sim a fibra propriam ente dita — mento global do Sistema Telebrás?
terminais de dados e outros, além de R L — Deve chegar a algo como 60% do
T B — A nova tecnologia brasileira seria
equipamentos de comutação até 4 m il mercado. Assim, a faixa que a empresa
então fruto dos desenvolvimentos feitos
terminais. No últim o caso trata-se ob total mente brasileira tem para atender
por intermédio do CPqD?
viamente do Trópico desenvolvido atra é ainda muito pequena. Há que se regis
R L — Trata-se da tecnologia do CPqD e
vés do CPqD, cuja produção queremos trar, no entanto, que a pequena e média
das indústrias brasileiras que fizeram
m anter sem pre com tecnologia bra empresa brasileira está conseguindo pe
desenvolvimentos além da pesquisa
sileira. netrar no mercado graças a um trabalho
aplicada efetuada pelas universidades desenvolvido, a partir do ano passado,
TB — Subindo a escala mercadológica que forneceram importantes subsídios sob orientação da Telebrás e do M ini-
como será o Grupo III (Cabos; Telefones; para novos produtos. Recentemente com para alcançar uma faixa de partici
Mux/Elo; Peq. Est. Terrenas)? ainda tivemos o caso (vide Revista Tele- pação entre 15 a 20%.
R L — Neste grupo teremos operando brasil J/F pg. 26) da USP-São Carlos en
empresas brasileiras e também aquelas volvida na produção de uma nova resina T B — Esse percentual pode ser consi
de poliuretano que vai substituir todas
sob controle brasileiro, isto é, aquelas derado muito ou pouco?
as demais resinas empregadas nas
empresas em que 51 % de seu capital vo R L — E pouco, visto que 4 a 5 empresas
emendas de cabos e que são fornecidas
tante é nacional, não importando o as detém praticam ente o m onopólio de
por empresas multinacionais.
pecto do capital como um todo (ações quase 60% daquilo que nós gastamos.
preferenciais). Este grupo englobará as
T B — O Grupo IV parece ser bastante
empresas que atualmente atendem aos
significativo a nível de produtos e englo T B — Estam os tendo esta en trevista
termos da Portaria 622, como a Equitel
ba rádio e equipamentos de comutação passados poucos dias do lançamento do
ou a Ericsson.
de alta capacidade, C P C T s (P A B X ), pacote econômico pelo presidente Sar-
T B — Então, empresas como a Equitel e telefonia móvel e até instrumentação. ney. Será que a Telebrás, à semelhança
a Ericsson não precisarão se enquadrar Quem poderá fornecer tais produtos ao de outros setores, como o de generos ali
na Lei de Informática? Sistema Telebrás? m entícios ou produtos farm acêuticos,
R L — Não. A referida Lei se aplicará R L — Nesse grupo estarão as empresas irá publicar listagens com os preços con
principalm ente às empresas dos Seg brasileiras e sob controle brasileiro que gelados dos p rin cip a is insum os que
mentos I e II, ressaltando-se, como já já operam no mercado e serão admitidas adquire?
disse, que toda empresa que atender à tecnologias brasileira e estrangeira. R L — Acredito que isso seja uma possi
Lei de Informática poderá atuar livre Realisticam ente, não podemos abrir bilidade. Todavia é fácil manter um con
m ente nos quatros Grupos previstos mão da tecnologia estrangeira em rádio trole de preços porque nós temos contra
pela revisão da Portaria 622. acima de 120 canais analógicos e de 480 tos assinados com praticamente todas
canais digitais, bem como em equipa as indústrias da área. Já quanto aos
T B — E staria então correto afirm ar mentos de comutação acima de 4 m il contratos assinados e com prazos de 1 a
que, em resumo, a estratégia sendo ado terminais. Tais tecnologias, nas quais 2 anos, que são basicamente os de trans
tada na revisão da Portaria 622 é o da não vislumbramos possibilidade de sua missão e comutação, estes ficarão sujei
valorização da empresa brasileira atra efetivação a curto prazo, continuarão a tos a todo o Decreto-Lei que constitui o
vés da a la v a n c a g e m da te c n o lo g ia ser importadas. pacote econômico. Em outras palavras,
disponível? os contratos serão atualizados para 28
R L — Exatamente. O que se quer valo T B — Isso in c lu irá a tecn o lo g ia de de fevereiro, transformados em cruza
rizar é a capacitação tecnológica já atin- PABXs? dos (Cz$) e constarão de parcelas sem)
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