Page 64 - Telebrasil - Maio/Junho 1986
P. 64
Tecnologia:
Padronização brasileira
ganha forma através do CB-21
Com o c re s lidar com aplicações específicas e aí não — De certa maneira herdamos uma
cen te em prego estamos mais lidando com níveis abs certa dose de confusão internacional do
das TCs p ara a tratos, mas sim com a implementação problema e acrescentamos um pouqui
viabilização da in de soluções específicas, para coisas con nho da nossa. Hoje, o que há de fato é
formática on line cretas, bem definidas — acentuou Col uma indústria que adquiriu padrões in
nada m ais opor cher. ternacionais, mas que se encontra se
tuno do que um Em termos de padronização de servi quiosa no estabelecimento de padrões
homem da área de ços telemáticos no Brasil, o presidente mais universais, a fim de conseguir a
telem ática para do CB-21 revelou que já existem proto confiança dos usuários, atualmente,
guiar os destinos colos para serviços públicos de telex e vi mais amadurecidos. O usuário hoje não
da padronização deotexto que obedecem e se conformam quer investir em soluções onerosas e
desse importante com a estrutura do modelo de referência nem ficar escravizado a soluções parti
Ra uI Colcher
segmento. OSI. "Há uma experiência em curso de culares, ou seja, a um fornecedor. Ele
Raul Colcher, 40, engenheiro de tele videotexto na Telesp e outras concessio necessita de padrões mais estáveis.
comunicações pelo IME e assessor do nárias do Sistema Telebrás. Quanto ao
Departamento de Comunicações de Da teletex, não sõ o STB, mas também no C onstituição da ABNT
dos da E m bratel, foi eleito recente mundo inteiro, um esquema de padroni
mente presidente do Conselho Brasilei zação está sendo adotado. O teletex, in Raul Colcher explicou que a ABNTé
ro de Informática íCB-21) da Associação clusive, é considerado uma base inicial constituída de sócios mantenedores
B ra sile ira de N orm as T écnicas - para a generalização de outras formas (tais como as empresas do Sistema Tele
ABNT (241 votos contra 170 dados a Lu de protocolos de alto nível”. brás o a E (T ), pessoas jurídicas e na
cas Tofolo de Macedo, diretor do Plnn- turais. "Q uaisquer dessas três cate
rio, que se encontrava no cargo há 4 Com pa t i h i I izuçno gorias se fazem representar livremente
mandatos). nos comitês e nas comissões de estudos
Em entrevista á REVISTA TELE- R aul C olcher disse, ain d a, que técnicos, subcomissões, etc., dentro da
BRASIL, ele explicou, inicialm ente, "existe muita confusão a respeito da hierarquia normal da ABNT”. Por outro
que "o CB-21 tem hoje um escopo muito compatihilização da arquitetura SNA lado, ele reconheceu que o CB-21 não
amplo em função cia própria conotação (System s NetWork Architecture) da tem sido um fórum muito aberto à parti
que o term o inform ática ganhou no IBM com o modelo OSI". E explicou: cipação de todos os grupos de interesse e
País”. O CB-21 equipara-se ao TC-97, () modelo SNA e uma arquitetura representativo da informática. Con
um organismo técnico da ISO (Interna- particular, de um determinado fabri tudo, prometeu lutar por um maior rela
tional Standard Organization), órgão cante, no caso a IBM, que contempla a cionamento com a Sucesu.
internacional de padronização. ligação de seus equipamentos numa ar Quanto ao relacionamento da ABNT
quitetura que se poderia caracterizar de com o CC1TT (Comitê Consultivo Inter
A doção do modelo intra-sistemas. Já a OSI é uma padroni nacional de Telefonia e Telegrafia), em
zação chamada de intersistema. Uma particular do CB-21, o engenheiro disse
Raul Colcher disse que, a nível de rede SNA pode ser encarada como um que a diferença é que o CCITT é um or
ABNT, o Brasil adotará o modelo rela sistem a que pode ser conectado com ganismo dedicado a representantes das
tivo à padronização OSI, "não só do mo equipamentos de diferentes fabrican TCs, enquanto a ISO é um fórum aberto
delo em si, mas também de suas diferen tes, via modelo de referência. Porém, na às indústrias.
tes cam adas”. E continuou: "Existem prática, existem fabricantes mais ou — No entanto — acrescentou —, nos
instrumentos legais, regulamentações, menos receptivos à implementação de últim os anos, a colaboração entre a
tanto da área de informática quanto do padrões OSI, mesmo nas suas conexões CCITT e a ISO, além da IEEE (Instituto
setor de TCs, que preveem a adoção do internas. dos Engenheiros Elétricos e Eletrôni
modelo de referência para a intercone- No caso particular do Brasil, o enge cos, EUA), tem sido muito acentuada.
xão do sistema e, em particular, para a nheiro adiantou que "o CB-21 vai traba Eu diria que hoje a interrelaçào entre
implementação de serviços públicos de lhar de maneira bastante intensa na pa ISO e CCITT sobre assuntos técnicos de
teleinformática e mesmo para interco- dronização de todos os elementos neces interesse comum como modelos de re
nexão de equipam entos de inform á sários à implementação das normas ISO ferência, padronização de sistema de
tica”. pelos fabricantes e usuários brasilei mensagem, de camadas específicas,etc.,
Quanto às camadas 6 e 7, respectiva ros”. Para Colcher a SNA é uma arqui estão sendo trabalhadas em conjunto.
mente de apresentação e aplicação (a ní tetura muito desenvolvida e ela antece De maneira que essa padronização tem
vel internacional ainda não totalmente deu a existência do próprio modelo. sido feita de forma compatível, isto tem
definidas), o engenheiro concordou que Segundo o presidente do CB-21, o sido muito bom, tanto para os presta
a nível estritamente técnico há dificul trabalho de padronização da informá dores de serviços de TCs quanto para os
dades para normalizar essas camadas. tica no Brasil, sob o ponto de vista das usuários. A ABNT é um organismo in
— O problema é que na proporção indústrias, ainda está muito incipiente. dependente, privado — concluiu Raul
que se sobe no modelo OSI começa-se a E disse por quê: Colcher. {JCF)