Page 77 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1986
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cujo núcleo deve ficar dentro da tolerân 1,3 a 1,5|a — informou Antonio Carlos
cia de apenas meio micron. Segundo G. Bordeaux Rego, outro pesquisador do
José Mauro Leal da Costa, da ABC-Xtal CPqD — com o que teremos desenvol
que já fabrica fibra de índice gradual, a vido o sistema óptico completo.
empresa está desenvolvendo conjunta Quanto ao impacto das fibras ópticas
mente com o CPqD da Telebrás uma li em telecomunicações nos países subde
nha-piloto para iniciar a produção in senvolvidos, é interessante registrar a
dustrial desse tipo de fibra. opinião de Miguel Angel de La Sotta
Como explicou Francisco Smolka, do Cerbino, um técnico chileno, em pales
CPqD, a nível de laboratório já foram tra proferida por ocasião do Congresso
produzidos cerca de 20 km de fibra mo- Telecon ’85, realizado no Rio de Janeiro.
nomodo, com diâmetro externo de 125p, Ressalvando que o Brasil ocupa posi
(padrão CCITT); cujo teste, empregando ção singular, pois não se enquadra na
fontes de 1300nm de comprimento de classificação de país subdesenvolvido,
onda, forneceu atenuações entre 0,4 e procurou mostrar de La Sotto Cerbino
0,7 dB/cm. Esses resultados, disse o pes que o emprego da fibra óptica, hoje, já é
quisador, fazem prever enlaces de até alto nos países centrais e tenderá a au
50 km sem o emprego de repetidores mentar com a expansão da RDSI (Rede
com uma taxa de transmissão de 140 Digital de Serviços Integrados) e com o
Mbits (equivalente a 2 mil canais telefô barateamente da fibra. Quanto aos paí
nicos por fibra). Mas isso não é tudo, dis ses subdesenvolvidos, disse ele, que es
se o técnico, na janela de 1,55jji (1550 petindo mundialmente na industrialização tes, hoje, possuem relativamente pou
nm), as atenuações obtidas foram ainda da fibra óptica. cas instalações de fibras ópticas e de
menores, da ordem de 0,25 a 0,7 dB/km, verão continuar proporcionalmente na
com o que poderão ser atingidos lances mesma situação, até a chegada do ano
de 80 km, sem necessidade da repetição baseados na região de emissão de ligas 2000, visto dependerem de altos investi
de sinais. quaternárias de Fosfeto de índio e Arse- mentos para digitalizar suas redes e não
— Acompanhando a fibra monomodo neto de Gálio, cuja variação de composi possuírem tecnologia própria neces
estarão dispositivos laser e detetores ção faz o conjunto operar nas janelas de sária. (JCF/JP)
Econom ia & F in an ças
Mesmo enfrentando dificuldades de or
Setor de TCs cresce em 85 dem orçamentária para fazer crescer o setor,
a Telebrás encontrou no aumento da produti
vidade de seus empregados meios para man
• Marcos A.G. (Telebrás)
ter estabilizado os índices de qualidade e am
Setor de Comunicações foi o que con tal de terminais-tronco cresceu 11,83% em pliar os serviços. O número de empregados
tribuiu para que o Brasil registrasse, 1985 e os terminais de telex (também mais em dezembro de 1985 era de 104.813, distri
ano passado, a maior taxa de crescimento buídos pelas 29 empresas que formam o Sis
utilizados por pessoasjurídicas) passaram de
econ
Oômico do mundo (7,5%, segundo a Fun63.120 para 71 mil. Esses dois últimos dados, tema Telebrás, somados àqueles que traba
dação Getúlio Vargas). No conjunto dos cál segundo a Telebrás, atestam o grande rea- lham na sede, em Brasília, nos Centros de
culos realizados pelo Instituto Brasileiro de quecimento de nossa economia, a partir de Treinamento de Brasília e Recife e no seu
Economia, da FGV, o setor apresentou um uma maior utilização dos meios de telecomu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
crescimento isolado da ordem de 16%, confi nicações pelos setores produtivos. Graças ao (CPqD), instalado em Campinas, São Paulo.
gurando a melhor recuperação desde que os acréscimo no número de terminais consegui Comparado com o número de terminais exis
indicadores econômicos do País passaram a do ao longo de 1985, a relação telefone por tentes, há uma relação de 14,0 empregado
expressar a retomada do desenvolvimento. cada 100 habitantes, que norteia os cálculos para cada terminal instalado. Essa relação,
Esse quadro, que vem levando os técnicos da Telebrás para avaliar a distribuição de em 84, era de 14,4; 15,5 em 83 e 16,5 em 82.
do setor a apostar num crescimento recorde telefones, subiu para 8,6 telefones/100 habi Foram os índices de produtividade e o
para 1986, deve-se, sobretudo, à acertada tantes e a demanda reprimida baixou de controle sobre as despesas que permitiram ao
política de investimentos e nacionalização 83,8, em 84, para 82,6% em dezembro de 85. Sistema Telebrás encerrar 1985 com um lu
levada a efeito pelo Ministro das Comunica cro líquido de 5,2 trilhões de cruzeiros, ape
ções, Antonio Carlos Magalhães, a partir de sar das tarifas dos serviços de telecomunica
uma estratégia baseada na ampliação do ções, de onde provém a maior parte dos recur
mercado de telecomunicações a camadas da sos do setor, terem ficado abaixo da inflação.
população de menor renda, nas áreas urba As tarifas foram reajustadas, ao longo de
nas e no interior, bem como no aumento da todo o ano, em 171,6%, contra 233,7 registra
produtividade das empresas que atuam no dos da inflação, o que representa uma di
setor, com reflexos diretos na indústria pri ferença percentual de 22,8%.
vada fornecedora de equipamentos, além da No balanço financeiro do Sistema Tele
melhoria da qualidade dos serviços. brás, o lucro líquido conseguido no exercício é
tomado como resultado das despesas com
Maior tráfego pessoal (3,4 trilhões), serviços da dívida (3,0
trilhões), custeio (4,0 trilhões) e investimen
O número de telefones no País cresceu, tos (6,0 trilhões), conflitadas com a receita do
em 85, de 10.915 mil instalados, até dezem exercício, que somou 15,9 trilhões.
bro de 84, para 11.250 mil. Os terminais (li Esta receita foi composta a partir da par
nhas telefônicas) em serviço aumentaram ticipação de recursos originários do autofi-
8% em relação a 1984, sendo que os chama nanciamento (1,0 trilhão); de operações de
dos terminais residenciais contribuíram com crédito (300 bilhões); de recursos da União
um aumento percentual de 7,46% e os não-re- Almir Vieira Dias, presidente da Telebrás, (400 bilhões); e de outras fontes (100 bilhões);
sidenciais (utilizados pela indústria, comér um dos responsáveis pela recuperação do se somados aos 14,1 trilhões que resultaram da
cio e órgãos públicos) com cerca de 13%. O to- tor em 1985. receita operacional de todo o sistema. TT