Page 76 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1986
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empresa, as fibras produzidas pela ABC
seguem as normas internacionais e têm
qualidade comparável às produzidas
nos Estados Unidos, Inglaterra e Japáo,
os outros três países do mundo que como
a Xtal industrializam a própria tec
nologia.
Apesar de reconhecer que a reserva
"é mal vista”, José Mauro acredita que,
no caso da Xtal, ela é imprescindível.
"Se não houvesse esta reserva de cinco
anos, simplesmente náo poderíamos ter
feito o que realizamos aqui em Campi
nas — ou seja, industrializar no País um
produto cuja tecnologia de fabricação
partiu do zero”. Além de propiciar o
tempo necessário à absorção de uma tec
nologia de ponta, acredita ele, a reserva
evita o ingresso indiscriminado de tec
nologias controladas por empresas es
Seção de medição de frequências.
trangeiras.
"E muito fácil para uma multinacio
As críticas tica, porém, não é exclusiva do Brasil. nal entrar no País e vender por um preço
Lee Iacocca, presidente da Chrysler nor irrisório as fibras ópticas no mercado
Apesar do esforço que vem fazendo te-americana, defende no livro "Uma brasileiro. O nosso preço justo é decidido
para justificar seu contrato de exclusivi Autobiografia”, explicitamente, a re em conjunto com a Telebrás. Além dis
dade para fornecimento de fibras ópti serva de mercado para fibras ópticas, so, é a Telebrás que faz o controle téc
cas com a Telebrás, a Xtal vem rece em função de seu caráter estratégico nico e exige aprimoramento do produto-
bendo algumas críticas, sobretudo das para as telecomunicações de um país”, controle que a leva a renovar os novos
multinacionais, que náo veem com bons rebate José Mauro. lotes do nosso contrato de forneci
olhos a reserva de mercado. "Esta polí Segundo o diretor de tecnologia da mento”, concluiu. (ACI)
F i b r a Ó p t ic a
Brasil poderá liderar mercado mundial até 89
Antes do final da década de 80, o Bra partir de cristais de quartzo. Depois mentos próprios ou em conjunto com o
sil estará competindo mundialmente deste composto básico fabrica-se a sílica CPqD Telebrás, fabricam a própria fi
com a produção de óxido de sílica para secundária, que é aquecida até se trans bra e seus periféricos, enquanto a Pirelli
componentes de fibra óptica. Atual formar em um fino fio óptico capaz de (multinacional) concentra-se na fabri
mente, o monopólio é da indústria ale realizar mais de 2.400 ligações simultâ cação de cabos.
mã, mas com a tecnologia em desenvol neas, substituindo centenas de cabos A fibra óptica é a mais recente con
vimento no Centro Tecnológico do Exér telefônicos tradicionais. quista da eletrônica capaz de transmitir
cito, em Guaratiba, RJ, o Brasil passará A importância da fibra óptica cres através de um único par centenas de cir
a exportar o produto já beneficiado para ceu com a difusão da telemática, com cuitos de voz, dados ou telex, imunes à
uma gama de países, acrescentando, as seus computadores e sistemas de comu interferência eletromagnética, à umi
sim, uma quantidade apreciável de divi nicação de alta capacidade. Para fazer dade e à corrosão. Isto significa que em
sas à balança de pagamento — o óxido é frente a atual demanda desses meios, as presas de telecomunicações e energia
cem vezes mais caro do que a maté empresas de engenharia em todo o elétrica, ferrovias, petroquímicas e re
ria-prima básica. mundo já substituíram os cabos conven des bancárias, entre outras, já podem
Esse mercado, segundo cálculos do cionais pelos sistemas de fibra óptica na usufruir das vantagens dessa nova tec
Ministério da Ciência e Tecnologia, tem construção de prédios de escritórios. E o nologia. Evidentemente, esse é o futuro
um potencial de cerca de US$ 4 bilhões Brasil tenta chegar lá, porque aqui esse da rede mundial de telecomunicações.
anuais e poderá concorrer mundial efeito começa a ser sentido agora, com a
mente com a indústria alemã, a partir fabricação de microcomputadores na
do momento em que o método se torne cionais e sua conseqüente difusão em Fibra Monomodo
viável economicamente. No momento, o domicílios e escritórios já surtem alguns
Brasil é o principal exportador de efeitos de sobrecarga na rede telefônica. A fibra monomodo é o grande obje- .
quartzo bruto — a matéria-prima para o Um exemplo claro é o Projeto Ciranda tivo a alcançar em comunicações ópti- i
óxido de silício — para a República Fe da Embratel, que mobiliza grande parte cas. Devido ao fato de possuir um núcleo
deral da Alemanha. O projeto já assu da reserva disponível para transmissão extremamente fino (diâmetro de 9g).
miu grau de viabilidade que indica sua de dados entre 19 e 21 horas. Mas o alto em comparação com o das fibras de ín
possível utilização em escala industrial custo da matéria importada reduz as dice gradual (diâmetro de 50p), a fibra
dentro de cinco anos. possibilidades de implantação da fibra monomodo deriva seu nome pelo fato de I
óptica em larga escala. só transmitir um modo de propagação J
A importância da fibra Atualmente, envolvidas com fibras da informação ao longo da fibra. I
ópticas, no Brasil, encontram-se as em A dificuldade de industrializar a fi
Como os leitores da Revista Telebra- presas nacionais ABC-Xtal e Elebra bra monomodo reside na precisão neces- I
siljà sabem, a fibra óptica é produzida a Telecom que, a partir de desenvolvi sária na fabricação de sua geometria. |