Page 14 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1986
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Listas Telefônicas
Apesar do imbróglio, saindo
Lista S.f. 1. Relaçáo de nomes de pessoas ou de coisas; relação; rol, listagem.
2. catálogo, cardápio. Lista Telefônica 1. Divulgação obrigatória e periódica da relação de
assinantes pelas empresas exploradoras de serviços públicos de telecomunicações.
Ao tocar na situação das listas telefô caria como gerente da empresa. Gilbert transformações, que afetaram profun
nicas no Brasil, se faz necessário falar Jacob Huber, antigo assessor da própria damente o quadro das telecomunicações
um pouco da história de suas telecomu CTB. brasileiras, o grupo LTB continuava
nicações. O Brasil, da década de 20, pou sua marcha, ficando sob controle de
co mais de 65 anos atrás, tinha cerca de A LTB uma holding— Itapicuru S. A. e criando
85 mil telefones (a metade do que existe diversas outras empresas subsidiárias,
hoje no Ceará), 3/4 dos quais operados Ao longo dos anos passaria a LTB por se extendendo do ramo da cerâmica ao
pela Rio and Sáo Paulo Telephone Co. e diversas transformações e assim em da empresa de seguros. 1
o restante por uma multitude de empre 1954 a Brazilian Traction, holding da Conforme fontes históricas, após
sas particulares, das quais uma das empresa, transferiria as ações que a período de relativa prosperidade, credi
principais era a CRT (sob controle da CTB possuía para outra empresa do tada à edição de listas de classificados
ITT). mesmo grupo. A manobra viria a permi (as páginas amarelas), entrou a LTB em
Em 1923, fruto de uma decisão to tir que a LTB — livre do vínculo acio litígio com as empresas operadoras
mada em Toronto pela holding canaden nário com a CTB — pudesse fazer listas acerca da comercialização de listas clas
se, ocorreria uma mudança de nome da para outras concessionárias. Dez anos sificadas — estas últimas, consideradas
concessionária para Brazilian Telepho mais tarde, já prevendo a saída de capi por todo o meio em presarial, como
ne Co.} que seria mais tarde abrasileira tais estrangeiros da área de serviços pú- grande negócio.
do para Cia. Telefônica Brasileira-CTB. blicos — uma tendência que se obser Na ocasião, com o suporte de vários
Esta empresa operava os telefones do vava na América Latina —, os canaden pareceres e edição de livros, a LTB de
Rio de Janeiro e de Sáo Paulo e, através ses venderam as ações que detinham na fendia a posição de que o número do tele
de suas subsidiárias CTES (1951) e LTB a um grupo liderado por Gilberto fone não era Copyright da operadora,
CTMG (1953), se extendia para o Espíri Huber, que foram posteriormente re mas sim, que esta tinha a obrigação de
to Santo e Minas Gerais. Ao lado da passadas a um público de quase 10 mil fornecê-lo a toda empresa que quisesse
avaliação das companhias telefônicas, acionistas. editar listas ou catálogos. Essa tese não
as listas sempre estiveram presentes no Enquanto isso, transformava-se no foi porém aceita pelas operadoras, com o
cenário e a CTB, até 1946, as editava País o cenário das telecomunicações. que invocaram prática generalizada
diretamente. Em 1962, aprovava-se o Código Bra mundialmente. Havia o receio de que a
No ano de 46, resolveu a CTB criar sileiro de TCs; em 65, constituía-se a LTB passando a editar apenas a lista
uma empresa independente, em que Embratel; em 66, adquiria o Governo classificada, ficasse o ônus da lista de
manteve uma participação acionária de Brasileiro a CTB e aprovava-se o re assinantes sem cobertura financeira, o
25%, nascendo assim a LTB—Listas gulamento da telefonia pública; em 69, que implicaria em necessidade de au
Telefônicas Brasileiras, para cuidar das nascia o Minicom e, em 72, a Telebrás. mento de tarifas por parte das opera
listas de cerca de 200 mil usuários. Fi Tendo como pano de fundo essas doras.
Adicionalmente, a LTB passou a
questionar a taxa de repartição da recei
ta de publicidade, imputando ao valor
elevado dessa taxa a causa de suas difi
culdades financeiras. Aprofundou-se o
litígio e, em 1976, a LTB denunciava
seu contrato com a Telerj. A situação da
editora estava muito grave, com ele
vada dívida externa em dólares e, por is
so, recorreu às autoridades governa
mentais para compor uma solução. Ale
gando que a insolvência da LTB poderia
afetar o relacionamento do País com
bancos estrangeiros, as autoridades fi
nanceiras solicitaram à Telebrás para
assumir o controle e, em conseqüência, o
passivo da LTB.
No entanto, tal solução não foi aceita
pelo Minicom que sugeriu que o proble
ma fosse resolvido pelo Banco do Brasil,
que assumiu a dívida externa da LTB e
converteu seu crédito em ações pre- ?
ferenciais. Ainda por solicitação das au
toridades financeiras e como contribui
ção das telecomunicações à solução do
problema, a LTB teve seus contratos re-