Page 5 - Telebrasil - Maio/Junho 1985
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POLÍTICA d e
DESENVOLVIMENTO
TECNOLÓGICO
Luiz Carlos Bahiana
(D ire to r da T e le b ra s il)
0 objetivo declarado da Política dência muito marcante para o isolacio- 2. Que sejam concentrados os limitados
Tecnológica Industrial Brasilei
nismo tecnológico, através de atos pro
recursos em projetos realmente priori
ra, como definido pelo CNPq, é o de au tecionistas da tecnologia local, contra o tários evitando assim sua pulverizzaào
mentar o grau de autonomia nacional afluxo de tecnologias mais atuais e garantindo a viabilidade daqueles
na área. Para isto, é condição neces vindo de outros países. Tais mecanis que são implantados.
sária o fortalecimento da capacidade mos de proteção só são válidos na me
3. Que seja cuidadosamente considera
de geração e absorção de tecnologia das dida em que se baseiam em princípios
da a competitividade dos produtos que
empresas nacionais A consecução des realistas e não impeçam a interação da
daí resultem tanto no mercado nacio
se objetivo trará, como conseqüéncia, a comunidade técnica brasileira com a
nal como no mercado internacional.
melhoria da qualidade e o aumento da dos países mais desenvolvidos.
Para tanto, é preciso alocar uma par
produtividade, contribuin do para Para a retomada do desenvolvi
cela substancial dos recursos existen
maior poder de competição das empre mento da indústria, é preciso ampliar o
tes a projetos realizados diretamente
sas nacionais face às empresas estran forum de debates nos assuntos que en
pelas indústrias, e não somente por
geiras. volvem a tecnologia nacional e seu es
universidades e centros de pesquisas.
O Brasil importa tecnologia e a as tágio atual, caso contrário podemos
simila com razoável perfeição e veloci prever sua desatualizaçáo e a perda de Além dos princípios acima reco
dade, sendo de salientar o papel bené contato com o ambiente tecnológico in mendados, que seja dedicada parti
fico de algumas empresas estrangeiras ternacional. cular atenção às pequenas e médias in
aqui instaladas, como fornecedoras de Os remédios para evitar tais males dústrias nacionais, através de contra
tecnologia, a custa da qual se moderni são, acima de tudo, equilíbrio e pon tos de desenvolvimento e de alguns in
zaram processos de fabricação e se es deração. A formulação das respectivas centivos, como por exemplo:
pecializou mão-de-obra para operar se políticas, sem prejuízo dos justos an
a) Simplificação nos projetos para a ob
gundo novos métodos, cuja utilização seios de independência tecnológica,
tenção de financiamento através das li
se vai generalizando. deve basear-se em premissas realistas,
nhas de crédito já existentes,
A pergunta a formular é: Tem a in totalmente despidas das componentes
bl Substituição da necessidade de pres
dustria brasileira que aceitar como emotivas que tão frequentemente as
tação de garantias reais pela fiscaliza
verdade definitiva a teoria, segundo a acompanham. Esta missão, tão impor
ção da correta aplicação dos recursos
qual o desnível tecnológico entre de tante quão delicada, cberá agora ao
no projeto para o qual foram levan
senvolvidos e não desenvolvidos tende novo Ministério da Ciência e Tecnolo
tados.
a se alargar cada vez mais, condenando gia. A este Ministério cumpre determi
c) Dedução em dobro, para efeitos do
os atualm ente não desenvolvidos a nar, com a cabeça fria, as reais possi
cálculo do Imposto de Renda das despe
uma situação de permanente depen bilidades brasileiras e sobre elas fun
dência? A resposta é: Não. damentar seus planos. sas efetuadas com recursos próprios em
pesquisa e desenvolvimento tecnoló
Uma bem planejada conjugação de Dentro deste contexto perm iti
gico.
esforços entre organismos de pesquisa, mo-nos alinhar, como princípios nor-
universidade e indústria, com alocação teadores de uma nova política de de Finalizando, voltamos a destacar
de verbas adequadas e projetos de pes senvolvim ento tecn ológico, os se que, para criar um real desenvolvi
quisa a médio/longo prazo, aliada a guintes: mento tecnológico em nosso País, des
uma absorção planejada de tecnologias 1 Que a independência tecnológica, vinculado mas não marginalizado do
de ponta disponíveis nos países mais por ser inexeqúível, não seja considera desenvolvimento internacional, é de
desenvolvidos, acabaria situando o da meta prioritária, mas substituída fundamental importância que o Go
Brasil, em prazo não muito distante, por uma planejada interdependência, verno procure engajar as indústrias
entre as nações tecnologicamente pre que permita maximizar a capacidade num grande esforço, em conjunto com
paradas para disputarem um lugar de tecnológica brasileira em harmonia nossas universidades e institutos de
destaque no concerto da potências do com o desenvolvimento de outras na pesquisas, para que unidos possamos
século XXI. ções industrializadas. O exemplo de reduzir a substancial distância que se
Existe hoje, entretanto, em diferen vários países desenvolvidos indica o para nosso Pais dos países industriali
tes órgãos governamentais, uma ten acerto de tal política. zados.