Page 16 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1984
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Quanto a W alter Barelli preferiu do salário e moratória de cinco anos tes e, final mente, numa "farpa” à ação J
apresentar uma visão dedicada aos as para treinar, renegociar e criar novas do Governo, a má alocação do investi- j
pectos da mão-de-obra. Acha ele que pa posições para os atingidos. mento estatal, que prefere investir em ]
trões e empregados ainda estão desin- Afirmando que uma fábrica moderna indústria bélica (citou a Imbebao invés j
formados no Brasil, ao aludir sobre o im relembra a imagem de um campo de soja de infra-estrutura para o País.
pacto e consequências da informatiza — só um tratorista e o campo imenso —
ção da sociedade. Barelli adverte que a introdução da au Os debates da Informática 1
As promessas da informática são tomação já está extinguindo m uitas
as de que esta aumentará a produtivi funções de trabalhadores, até os qualifi A informática e seu impacto na socie
dade e tornará o ambiente de trabalho cados (como os li notipistas) e que na pre dade despertou, como era de se esperar,
mais humano e menos hostil, mas o que sente conjuntura brasileira com estru elevado número de debates e de comen
se deseja ouvir é que os salários serão turas sindicais arcaicas e um desempre tários que prosseguiram nos intervalos
em consequência melhor distribuídos e go crônico e estrutural, torna-se difícil do seminário. |
que o trabalhador terá maiores oportu discutir com o empresariado até mesmo Os conferencistas estrangeiros mos
nidades de cultura e lazer — enfatizou o assuntos básicos como o da remunera traram elevado grau de atualização so- 1
economista. ção por aumento de produtividade e o re- bre a situação da informática brasileira.
treinamento de pessoal. Strassm an, da Xerox, referiu-se por j
Na oportunidade, o Senador Roberto exemplo à necessidade de investir esfor- j
Inform ática e Desem prego
Campos, em longa intervenção, deixou o ços na obtenção de dados confiáveis so
seu recado sobre as causas, que a seu ver bre a indústria da informação como um J
*0 grande perigo da informatização é originam desemprego no País: a displi todo, como base para qualquer decisão t
o deslocamento da mão-de-obra e o de cência demográfica, os investimentos mais importante. Revelou, na oportuni
semprego," disse o representante do em automação prematura pela mania dade, que a Xerox está patrocinando um
Dieese e lembrou a seguir os objetivos de juros subvencionados, as altas contri total de quatro monografias sobre o que
do movimento sindical mundial frente a buições previdenciárias, os salários ine "se sabe e não se sabe” relativamente à
automação, manutenção do emprego e gociáveis e a semestral idade dos reajus- industria da informação no Brasil
Já Edward Roche. um estudioso das
políticas de informática no mundo, acha
O s c o n c e i t o s d e que uma das prim eiras indagações a
serem feitas é qual o tipo de política que
conduzirá a maior vantagem para a eco
Abraham Moles ê Diretor do Ins nomia do País como um todo. Demons- |
tituto de Psicologia Social de Comu trando acompanhar de perto a legisla
nicação da Universidade de Stras- ção do setor de informátea, mostrou par- j
burgo e autor de vários trabalhos so ticular conhecimento no problema dos
bre a matéria. Com jeito de professor dados transfronteiras, que é a sua espe
distraído suas definições são um mo cialidade (prepara uma tese de doutora
delo de clareza para o não especia- m ento sobre o assunto), comentando ]
I lista. que nem todos os Países impõem contro- \
• A definição mais simples de comu le sobre esse tipo de transação. ’
nicação é a interação entre um trans- O Deputado José Jorge deixou ex- ’
m issor e um receptor, com baixo pressa sua opinião de que será difícil im- j
gasto de energia para o canal. Esta plementar uma política de informática
definição exclui a interação face a no País, sem que esta não venha a ter j
face e o simples transporte da infor- impacto sobre o emprego. "Estamos au
mação. tomatizando setores que nem os países
• Receptor e Transmissor são aqui m ais desenvolvidos automatizam", —
empregados no contexto psico-social, Abrabam Moles, da Universidade de disse ele — e citou o exemplo japonês em \
é claro. Strasbourg, o sociólogo da comunicação. que se preservam os empregos em detri
• Outra idéia a adquirir é o conceito mento de uma maior automação nas ati
de interação, ou seja, como se modi gem e o risco psicológico envolvido na vidades não diretamente ligadas ao es
fica o comportamento do receptor de transmissão. í forço de exportação.
acordo com a mensagem recebida, o • Os recursos dos indivíduos trans Noutra ordem de idéias, o académico
que nos leva a pensar no conteúdo de missores e receptores são limitados Antônio Houaiss expressou sua preocu
novidade de uma mensagem. em termos de tempo, dinheiro e es- ' pação frente ao fato do especialista em
• A idéia de interação depende de forço de atenção. D essa m aneira pregar uma linguagem cada vez mais
duas coisas: da qualidade da imagem aparecem opções quanto ao tipo de hermética e se não será necessário man-
: do transmissor junto ao receptor (que comunicação empregado pelo ser hu ter generalistas para unir tanto conhe
é a função da capacidade do canal) e mano. Não podemos escrever, telefo cimento especializado, tendo Strassman
da quantidade da mensagem trans- nar e teclar um teletex simultânea- í explicado que, segundo ele, o computa
| mitida ou mais precisamente do con- mente. dor — o maior dos lexicólogos — auxilia- 1
í teúdo da informação. • Frente a um ambiente afluente (os rá sobremaneira na interligação entre
• Existe um custo generalizado para recursos são abundantes frente a diversos especialistas.
a comunicação. Este é mais abran tarefa a ser executada) o indivíduo Este sem dúvida foi um semináriodi* 1
gente que o simples custo econômico estabelece uma ecologia (interação ferente, que ajudou a esclarecer um pou- ‘
I e inclui variáveis psicológicas como o de vários m eios de com unicação) co mais o impacto da informática na so
tempo gasto na interação, o esforço para otimizar suas necessidades de ciedade e deixou a seguinte indagação: j
para atualizar e decodificar a mensa- comunicação. Afinal para que tipo de sociedade cami- ;
nhamos: convivial ou regalenga4? V
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