Page 13 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1984

H i m e l g r y n :
C O N F I A N Ç A T O T A L N O S A T É L I T E
U ma boa rede de telecomunicações
é a condição essencial para o de­
senvolvimento de um país, seja impul­ países locatários”.
sionando negócios ou movimentando
mercados. E a comunicação via satélite
é a principal delas. A opção pela implan­
tação de um sistema próprio, ao invés de
continuar utilizando os transponders
(repetidores) do Intelsat IV-A, segundo
o eng. Benjamin Himelgryn, Chefe do
Departamento de Comunicações Do­
mésticas Via Satélite da Embratel, tem
várias razões de ser. Para ele f'o uso do
satélite pelo Brasil cresceu a tal ponto
que o sistema Intelsat ficou sem capaci­
dade, pelo menos momentaneamente,
para atender as nossas necessidades do­
mésticas”.
— Para ter-se uma idéia — explicou
Himelgryn —, a Embratel dispõe, a-
tualmente, no satélite Intelsat IV-A, de
seis transponders do tipo hemisférico e
um do tipo global, que poderá ser utili­
zado para atender as necessidades da
TV Ocasional. A diferença entre eles é
que o hemisférico tem maior potência de
transmissão para a Terra e, com isso,
podemos tirar maior capacidade ou usar
antenas de menor diâmetro.
Limitações
— Estão isso mostra — acrescentou o
engenheiro da Embratel — que nosso
sistema, neste instante, está com sua
expansão cerceada, pelo fato de não ter­
mos facilidades disponíveis via Intelsat.
Outra limitação do sistema Intelsat é
que os transponders para os serviços do­
mésticos são alugados em caráter pre­
cário. No momento em que o tráfego
internacional necessitar do satélite
como um todo, a Embratel terá que sus­
pender suas ligações domésticas. Nin­
guém pode, na realidade, expandir um
sistema sujeito a situações desse tipo.
Benjamin Himelgryn lembrou que o
tráfego internacional tem uma carac­
terística toda peculiar. Normalmente
são poucas as estações terrenas existen­
tes em cada país. O Brasil, por exemplo,
possui duas antenas em Tanguá para
comunicações internacionais (aqui não
se inclui a antena do Inmarsat-Co-
municações Marítimas) e futuramente
uma terceira estação em Morungaba,
São Paulo. A maioria dos países possui
apenas uma antena.
— O tipo de projeto de um satélite
internacional é totalmente diferente do
projeto para um satélite doméstico, cuja
massa de estações terrenas é bem maior
— esclareceu Himelgryn, acrescen­
tando: ”0 preço que a Intelsat cobra pelo
aluguel de um transponder no satélite
reserva é essencialmente político, por-
D O M É S T I C O
que a organização não investe nada dariam a mesma cobertura para todo o
para atender ao tráfego doméstico dos
território nacional. Então, quando reu­
nimos todos as limitações do aluguel de
— A Intelsat — continuou Himel­ transponder em um satélite internacio­
gryn —, apesar de colocar-nos num de­ nal e se tem uma demanda em poten­
terminado satélite, exige que tenhamos cial, como é o caso do Brasil, é preferível
capacidade de operar em qualquer outro implantar seu próprio sistema domés­
da Região do Atlântico, visível no Bra­ tico, diminuindo, inclusive, os custos
sil. Levando-se em conta possuirmos es­ operacionais.
tações terrenas implantadas na Região
Amazônica a operação ficaria mais difí­ Operação pós-lançamento
cil, porque teríamos que deslocar algu­
mas antenas cerca de 180 graus em azi­ Benjamin Himelgryn explicou que o
mute para poder apontar para outro sa­ lançamento propriamente dito, a partir
télite, cujas antenas, por certo, não da ignição intencional do foguete, leva
cerca de 17 minutos.
Numa primeira fase, o satélite entra­
rá em órbita elíptica, chamada de órbita
de transferência, com perigeu a 200 km
de altitude, apogeu a 36 mil km e incli­
nação de 7 graus em relação ao equador.
Na segunda fase, iniciada com o disparo
e queima do motor de apogeu, o Brasil-
sat entrará numa órbita quase circular,
chamada órbita de deslocamento. Por
fim, o acionamento de jatos radiais do
motor de apogeu tornará a orbita cir­
cular em geoestacionária. E assegurou:
— No máximo, 40 a 45 dias depois do
lançamento, o satélite começará a
operar em tráfego comercial, isto é, nas
operações para as quais foi projetado.
Quanto ao tempo previsto para ocu­
pação total dos transponders do Brasil-
sat, o Chefe do SAT disse que "inicial-
mente a Embratel vai concentrar todo o
tráfego através do Brasilsat I. Depois de
Eng. Benjamm Himelgryn, Chefe do Depar­ certo tempo, após o lançamento do Bra­
tamento de Comunicações Domésticas Via silsat II, dividiremos o tráfego entre os
Satélite, da Embratel. dois satélites”. •
A antena parabólica para comunicação via satélite já faz parte da paisagem das mais remotas
regiões do país.