Page 5 - Telebrasil - Maio/Junho 1984
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E d it o r ia l
sistemas (“ facilities“ ) e do outro as vai bem, temos que aplicar a poupança da
necessidades reais dos usuários. Deve-se nação cm outros setores“ (sie). Esse elo
evitar a sofisticação até para evitar vicioso tem que scr quebrado, lembrandi )
distorções de muitos do próprio setor que que a boa rede de hoje é o resultado de
alegam |á serem as telecomunicações investimentos corretos na década de 70 e
Nós reclamamos por não ser dada privilegiadas em comparação com outros que o caos iminente o é da recessão forçada
prioridade para as telecomunicações, setores também infra-estruturais do país. cm que vivemos.
compatível com sua importância Citam o trabalho desumano dos bóias frias Voltemos a análise técnica, para
infra-estrutural. A Telebrás recebe prêmios na agricultura, as infecções hospitalares por satisfa/er a demanda. Em segundo lugar
como a “Estatal que deu certo“ , mas falta de recursos para assepsia e materiais temos o maior dos problemas: a viabilidade
apesar disso fica amarrada em sua descartáveis etc. Erros que devem ser operacional. Essa é a função da qualidade
capacidade própria de investir. Fica sempre corrigidos sem. entretanto, se nivelar por dos recursos humanos do próprio setor e da
em aberto para reflexão: quem vai pagar a baixo os setores que estão dando certo. educação dos usuários. Podemos gerar
conta do país? Espera-se que com (Existe mais algum além das relatórios nos computadores, mas são os
responsabilidade e competência, não telecomunicações?). mesmos confiáveis? São úteis? Se
somente do lado de quem aprova Continuemos a refletir em quem vai entendermos por operacionais todas ações
orçamentos, mas também do lado dos pagar a conta do país e no tempo necessário humanas que gerem incrementos
proponentes, os investimentos voltem ao para recuperar o setor se atingirmos a econômicos, e como conseqüência saúde e
nível adequado. saturação do tráfego e a degradação da sua lazer, devemos querê-las viáveis, casando
Mas qual é esse nível adequado? qualidade. Os leitores mais antigos viveram “fontes e usos“ . Devemos querer uma boa
Depende da expansão quantitativa dos o caos do serviço nas décadas de 50 e 60 e distribuição da escassez, compatibilizando a
serviços existentes a partir dos projetos dos muitos participaram do trabalho pioneiro de assepsia hospitalar e a informação.
sistemas a serem implantados com implantação de nossa atual rede básica. A Tecnologia começa na microeletrônica
equipamentos e serviços disponíveis. Esse Após 5 anos de intensa recessão do setor, e no projeto do produto, e somente passa a
nível, além disso, depende também da com expansões anuais pela metade da existir na ação industrial — o “ paper“ na
escolha da tecnologia desses sistemas, isto demanda real, chegamos no limiar dessa gaveta satisfaz a vaidade de poucos e não
é, dos seus custos iniciais e dos custos da indesejável situação crítica. E hora de merece ser pago por todos. A Técnica
manutenção, por dependerem ambos da acordar os responsáveis por nossos define as “ facilities“ adequadas c viabiliza
confiabilidade dos equipamentos que orçamentos. Mas, para isso, todos do setor operacionalmente a aplicação dos poucos
determina o retorno possível do têm que argumentar coerentemente, caso recursos coletivos.
investimento. E isso é problema de contrário, os gritos de uns serão anulados Portanto, com responsabilidade e
estrutura fabril que terá solução ideal na pela tendência de euforia de outros que competência teremos o setor priorizado
medida em que a política industrial for mostram somente gráficos positivos, corretamente. Com a técnica,
coerente, consistente e bem executada. E querendo demonstrar a eficácia de suas especificaremos os investimentos certos.
uma responsabilidade do governo controlar gerências. Quem está de fora não consegue Com a tecnologia conseguiremos a
os objetivos dessa política. entender esse conflito entre os que clamam qualidade certa dos serviços. Dizemos certo
Até aqui tudo certo. Mas para que um por prioridades para o setor e os que se e não necessariamente ótimo. Essa é a
determinado nível de recurso seja bem ufanam de nossa rede. Verificamos, chave dos países bem sucedidos.
investido e possa satisfazer a demanda real pessoalmente, no ano passado, a existência
não é suficiente uma tecnologia adequada. dessas imagens conflitantes quando, em
E necessário analisar também os aspectos nome da indústria do setor, pleiteávamos D e l s o n S i f f e r t
técnicos dos serviços a serem implantados junto à Seplan a aprovação da proposta do
Diretor da Telebrasil
ou expandidos. Temos primeiramente que Minicom para aumento do limite de
analisar as especificações dos sistemas e investimento a ser realizado com recursos
equipamentos. De um lado as funções dos próprios da Telebrás. “Telecomunicações